Eu precisei ficar mais uns dias com minha mãe para resolver questões sobre o óbito do meu pai. Por ele ter morrido em casa, havia muita burocracia. Graças a Deus, meu pai era muito organizado e deixou minha mãe bem financeiramente. Nós ficamos surpresos quando descobrimos que ele tinha feito um seguro bem gordo para ela.
Marcus havia voltado depois do sepultamento. Ele me ligou na terça à noite para saber como eu estava e dizer que a Nora já estava de volta ao trabalho.
"E como ela está Marcus? "
"Está melhor. Um pouco triste, mas já consegue andar bem sem as muletas. "
"Triste? Mas por quê? "
"Não sei primo. Mônica também não me disse nada. Mas ela me pediu para te dizer que sente muito pelo seu pai. Pareceu realmente preocupada com você. Acho que você devia ligar para ela. "
"Melhor não. O que tenho para falar tem que ser pessoalmente, mas diz a ela que eu agradeço. "
"Certo. Você volta quando? "
" Ainda não sei. Estou tentando convencer a mãe a ficar um tempo comigo aí. "
"Faça isso, e fique o tempo que precisar. Dá um beijo na tia por mim. "
"Valeu. Até mais. "
Numa noite, fiquei conversando com mamãe até tarde. Ela me contou várias histórias do meu pai, e foi bom pensar nele em bons momentos. Nós rimos, choramos, e eu percebi que ela estava em paz.
Antes de ir dormir, ela me deu um beijo na cabeça e um conselho.
"Filho, não perca tempo. Você precisa esquecer o passado, deixar essa dor ir embora e abrir seu coração para o amor. Se essa Nora é especial, não deixe seus medos impedirem de viver isso. A vida passa rápido, meu querido. Então, viva! "
"Agora eu sei mãe. Pode deixar que vou viver. Eu te amo! "
"Também te amo Luccas. Agora vai deitar, você vai pegar a estrada cedo. "
"Tem certeza que não quer que eu fique mais, ou ir comigo? "
"Tenho certeza. Eu estou bem. Você já está aqui a uma semana. Vai cuidar da sua vida. Eu ficarei aqui esperando você vir me visitar, e espero que não volte sozinho. "
Ela se foi e eu ainda fiquei um tempo na varanda olhando o mar.
No dia seguinte, depois do café, me despedi dela e segui caminho de volta para o Rio. Fui direto para o clube deixar meu carro. Era quase hora do almoço, e meu primeiro pensamento era procurar a Nora, mas Montanha me encontrou e me parou.
"Luccas, se está indo para a MOBILE, ela não está lá. Vi quando ela pegou um taxi a uns dez minutos. "
"Merda! Deve ter ido visitar algum cliente. "
"Calma cara. Você já está aqui. Esperou até agora, pode aguentar mais umas horinhas. Mais tarde você fala com ela.
Ela tem perguntado por você. "
"Jura? Isso é bom. Bem, não me resta nada senão esperar. "
À tarde, eu estava sozinho no CCS, quando veio uma lembrança forte da última conversa que eu tive com meu pai.
"...Conta outra. Me diz, qual o nome dela?... "
"...O nome dela é Nora... "
"...Belo nome. E qual foi a besteira que você fez?... "
"...Por que o erro tem que ser meu pai?... "
"...Porque você é meu filho e eu sei exatamente como você é.
Agora me conta tudo para que eu possa tentar te ajudar... "
Espero que ele saiba o quanto ele me ajudou. Eu já sabia o que fazer. Antes de me declarar, precisava pedir perdão por tudo que eu fiz com ela no passado.
Lágrimas começaram a cair sem que eu controlasse. Fui para o banheiro, lavei meu rosto e fiquei olhando para o nada, pensando em tudo que aconteceu nos últimos dois anos. Em como eu conduzi minha vida até aqui e o que eu precisava mudar.
Estava perdido em meus pensamentos, quando Nora apareceu na porta.
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Segunda Chance
RomanceAos 41 anos, Nora Ribeiro ainda solteira, já havia se acostumado com a ideia que ficaria sozinha. Muitos relacionamentos problemáticos a deixaram cética quanto ao amor. O último encontro que teve, foi a quase um ano com um cara que ela conheceu num...