Segunda Chance

Capítulo 2 - Nora

 O relógio marcava apenas 5:00 h da manhã. Por que diabos eu estava acordada àquela hora? Devia ser o estresse dos últimos dias no trabalho. Com a nossa mudança a duas semanas para o novo endereço, as coisas estavam muito corridas.

Já que eu acordei, decidi ir mais cedo para o escritório, assim posso colocar as coisas em dia. Muito a contragosto, me levanto e ligo a cafeteira, enquanto eu vou tomar um belo banho quente.

Depois de vinte minutos, já tomei meu banho e coloco um vestido mídi justo de mangas curtas, verde claro, uma sandália de salto médio e pego meu blazer branco para me proteger do ar condicionado da minha sala.

Amo meu trabalho, e apesar de não ter uma formação na área, hoje chefio uma equipe de quatro assistentes de designer de interiores na MOBILLE, uma empresa de médio porte que estava em ascensão no Rio de Janeiro.

Mesmo com toda crise no país, nós estamos conseguindo nos manter e pé sem precisar dispensar nenhum funcionário. Nossos clientes são poucos, mas são fiéis. Clientes ricos que não sabem mais o que fazer com o dinheiro, por isso ficam inventando reformas de todos os tipos.

Não que eu esteja reclamando, isso é ótimo para mim, pois aumenta os meus ganhos o que me possibilita manter a casa que aluguei a poucas semanas sozinha. Gostava de morar perto dos meus pais, mas era cansativo o trajeto para vir para o trabalho, por isso optei por me mudar.

Consegui uma casa simples, mas perfeita para mim. Dois quartos, sala e cozinha integrados, banheiro com uma bela banheira (isso foi um fator crucial na escolha), uma pequena varanda na frente e um bom quintal nos fundos, onde posso reunir meus amigos no fim de semana para um churrasco, e o melhor, o metrô ficava a uma quadra e levavam exatos 25 minutos para chegar no trabalho.

Eu cheguei às seis da manhã no escritório, e aproveitei o silêncio para organizar os projetos em andamento. O horário dos funcionários era as nove. Mônica, uma das minhas assistentes e a mais próxima de mim chegou as oito e meia. Nós éramos amigas fora do trabalho. Na verdade, éramos um trio, eu ela e Estela. Elas sabiam tudo sobre mim e eu sobre elas.

Mônica é a mais doida de nós três. Em seus 38 anos, já havia se casado e divorciado duas vezes. Graças a Deus não teve filhos, já que seus dois ex-maridos, eram idiotas. Mas ela não se dá por vencida. Diferente de mim, ela tem certeza que ainda vai encontrar seu príncipe. E pensando assim, ela segue na luta. Solteira no momento, mas nunca totalmente só. Sempre existe um "amigo" para uma noite solitária. Ela me diverte com suas tórridas histórias...

Já Estela, a mais nova do grupo, ainda com seus 23 anos, é muito responsável e séria, mas também muito carinhosa. Está sempre preocupada conosco. E apesar de ser mais reservada, eu tenho notado o interesse dela no Dario, o meu mais novo assistente. Não sei dizer ainda se é recíproco da parte dele, mas vou ficar atenta para que não fique um climão na minha equipe.

Mônica chegou com sua alegria de sempre.

" Bom dia chefa (eu odeio quando ela me chama assim)! O que houve? Caiu da cama? "

" Bom dia Mônica! Perdi o sono sem motivo. Resolvi vir mais cedo e adiantar umas coisas. "

" Fala a verdade... acordou cedo ou teve uma noite quente de amor e nem dormiu? "

Ela riu e balançou as sobrancelhas para mim.

" Quem me dera amiga... Olha para mim. Você acha que eu estou com cara de quem fez sexo? Não! Sinto informar, ainda estou na seca.... "

" Quem está seca? "

Estela chega neste momento e nós caímos na gargalhada com sua pergunta. Ela não costuma falar deste assunto como eu e a Mônica. Como eu disse antes, ela é bem discreta.