Capítulo X

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Enquanto a Elisabeth contou ao Brad (que chegara entretanto) tudo aquilo que tinha feito (detalhadamente, embora eu ache que isso não foi nem um pouco necessário), aproveitei para me desmaterializar e passear um pouco por aí, sem eles darem conta.

Fui à procura de outros fantasmas, de outras pessoas que me conseguissem ver, de alguma coisa!

Ao andar pela cidade, reparei que a maioria das crianças me via e acenava, talvez por eu ser diferente (o Brad contou-me que ele me via com alguma coisa à minha volta -aura, foi o que ele lhe chamou, acho eu). Também notei que praticamente não haviam mais fantasmas. No entanto, havia um que me chamou à atenção. Era bastante alto e estava coberto em sangue. De repente, ele olhou para mim e gritou:

- Tu! Foste tu que me mataste!

Ainda tentei dizer-lhe que nunca matara ninguém, mas ele já me estava a dar um soco na cara. Estranhamente, aquilo doeu.

- Tu mataste-me e agora eu vou matar-te! - exclamou ele. Nem me preocupei em dizer que já estava morta. Ele não me ia ouvir de qualquer maneira. - A ti e aos teus amigos!

Assim que ele disse (ou melhor, gritou) essas palavras, fomos transportados para a casa da Elisabeth. Eu estava tão furiosa nessa altura que nem me apercebi.

A luta continuou mais ou menos silenciosa, com uns ocasionais gritos (meio sussurrados, porque não tinha força para gritar) meus. Então, vindo do nada e com toda a força, ele atirou-me contra a parede e, ao contrário do que eu pensei, eu choquei contra ela, fazendo um estrondo enorme.

A Elisabeth e o Brad, que estavam na parte de fora da casa, vieram a correr para dentro. Só aí me dei conta do estado em que a sala estava: vidros no chão (fruto dos copos que ele me atirara), almofadas e livros espalhados pelo chão e móveis remexidos e atirados contra as paredes (que também estavam uma lástima). O homem desaparecera.

Ia contar-lhes tudo, mas depois percebi que aquele homem não estava para brincadeiras, e que ia mesmo matar os meus amigos se eu deixasse.

- Evelyn!! - gritou a Elisabeth, fazendo-me voltar ao mundo real.

- Diz. - depois acrescentei, vendo a sua cara de preocupação: - O que se passa?

- O que se passa pergunto eu! - o quê que ela queria dizer com isto?

Respondi que não se passava nada e fui-me embora, sem mais nenhuma palavra, à procura do homem.

Mais valia ela ficar um pouco preocupada do que morta, certo?

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