Enquanto a Elisabeth contou ao Brad (que chegara entretanto) tudo aquilo que tinha feito (detalhadamente, embora eu ache que isso não foi nem um pouco necessário), aproveitei para me desmaterializar e passear um pouco por aí, sem eles darem conta.
Fui à procura de outros fantasmas, de outras pessoas que me conseguissem ver, de alguma coisa!
Ao andar pela cidade, reparei que a maioria das crianças me via e acenava, talvez por eu ser diferente (o Brad contou-me que ele me via com alguma coisa à minha volta -aura, foi o que ele lhe chamou, acho eu). Também notei que praticamente não haviam mais fantasmas. No entanto, havia um que me chamou à atenção. Era bastante alto e estava coberto em sangue. De repente, ele olhou para mim e gritou:
- Tu! Foste tu que me mataste!
Ainda tentei dizer-lhe que nunca matara ninguém, mas ele já me estava a dar um soco na cara. Estranhamente, aquilo doeu.
- Tu mataste-me e agora eu vou matar-te! - exclamou ele. Nem me preocupei em dizer que já estava morta. Ele não me ia ouvir de qualquer maneira. - A ti e aos teus amigos!
Assim que ele disse (ou melhor, gritou) essas palavras, fomos transportados para a casa da Elisabeth. Eu estava tão furiosa nessa altura que nem me apercebi.
A luta continuou mais ou menos silenciosa, com uns ocasionais gritos (meio sussurrados, porque não tinha força para gritar) meus. Então, vindo do nada e com toda a força, ele atirou-me contra a parede e, ao contrário do que eu pensei, eu choquei contra ela, fazendo um estrondo enorme.
A Elisabeth e o Brad, que estavam na parte de fora da casa, vieram a correr para dentro. Só aí me dei conta do estado em que a sala estava: vidros no chão (fruto dos copos que ele me atirara), almofadas e livros espalhados pelo chão e móveis remexidos e atirados contra as paredes (que também estavam uma lástima). O homem desaparecera.
Ia contar-lhes tudo, mas depois percebi que aquele homem não estava para brincadeiras, e que ia mesmo matar os meus amigos se eu deixasse.
- Evelyn!! - gritou a Elisabeth, fazendo-me voltar ao mundo real.
- Diz. - depois acrescentei, vendo a sua cara de preocupação: - O que se passa?
- O que se passa pergunto eu! - o quê que ela queria dizer com isto?
Respondi que não se passava nada e fui-me embora, sem mais nenhuma palavra, à procura do homem.
Mais valia ela ficar um pouco preocupada do que morta, certo?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Is This The End?
ParanormalSe ela não tivesse atravessado sem olhar. Se ele não estivesse bêbado. Se a mãe dela não a tivesse proibido de sair de casa. Se o patrão dele não o tivesse despedido. Se isso não tivesse acontecido, ela estaria viva. Mas ela não está. Copyright © C...