Pv Frederick
Estamos a caminho do hospital e não posso deixar de notar o quanto a mulher ao meu lado está abalada, quieta, talvez em choque e um tanto chocada com minha atitude.
Até entendo-a, tenho o costume de passar a imagem de um homem frio e sem coração, mas não sou um vilão, apenas sou um cara prático e racional. Raramente me deixo levar pela emoção, pois aprende ao longo da vida que as pessoas são movidas por interesses, e tendo nascido em berço de ouro me torna um constante alvo das tentativas dos aproveitadores. Já tive muitas fases durante minha vida, fui uma criança doce e brincalhona, um adolescente rebelde, um jovem resiliente e hoje sou apenas um homem pragmático, mas que alguns diriam ser frio e calculista.
Saindo dos meus pensamentos, percebo que o trânsito não está ajudando e resolvo ligar para minha irmã, não me importando com a presença de Dona Maria enquanto falo no viva voz pelo sistema do carro
_ Oi irmão do meu coração, ta tudo bem? A que devo a honra de sua ligação?
Sou alcançado pelo ironica voz de Sophie, e sei muito bem o motivo disso, tudo porque segundo ela só lembro-me dela quando me é conviniente e que preciso de algo. Mas a ignoro e vou direto ao ponto.
_ Sophie, não tenho tempo para suas implicâncias.
_ Isso não é novidade, você nunca tem, mas desambucha, oque você quer?
_ Você está hospital hoje? Está atendendo?
Minha irmã é atualmente a diretora geral do Saint, como gostamos de apelidar o hospital, pois até que puxou uma pequena veia administrativa da família, mas sua verdadeira paixão e vocação é a medicina, pediatria para ser mais exato. Então ainda trabalha na parte atuante sempre que possível.
_ Sim, estou de plantão hoje, mas porque? Aconteceu algo coisa com você? Ta tudo bem? O que está sentido? Vem pra cá, vou te atender.
_ Calma, eu estou bem. Mas tem uma menina do orfanato Pequeno Príncipe indo para ai, você poderia atender ela, por favor.
_ Claro, mas do orfanato? Como você sabe disso?
_ Eu estava no orfanato quando receberam a notícia do acidente dela.
_ Vo... você? No orfanato?
_ Não fique tão surpresa, isso é coisa do papai.
_ Entendo, tudo bem então, vou ficar esperando por ela. Qual o nome dela?
_ Annabeth, Annabeth Hope. Atenda-a e faça tudo o que precisa, quando chegar ai, eu resolvo tudo.
_ Assim você me ofende, como se eu já não fosse fazer tudo que for preciso.
Acho que ela se sentiu mesmo ofendida, pois desligou na minha cara. Mas depois eu resolvo isso. Agora volto a me concentrar apenas no trânsito.
Depois de um 30 minutos chegamos ao hospital, vamos juntos até o balcão em busca de informações, Dona Maria a procura da menina e eu atrás de minha irmã. A recepcionista nos indica o quarto no qual a jovem será internada e avisa-me que encontrarei minha irmã junto à ela.
Subimos para o terceiro andar, o setor da pediatria, mas no quarto encontramos apenas uma funcionária arrumando-o, ela nos informa que minha irmã já está trazendo a menina para cá e que podemos esperar ali mesmo. Após alguns minutos de espera, entra pela porta, Sophie e duas enfermeiras empurrando uma maca.
A menina desacordada possui aparentemente apenas um pequeno corte na testa, alguns roxo espalhados pelos braços e rosto e está com uma máscara para respirar. Devo admitir que ela me deixou encantado, pois tinha um ar de tranquilidade, inocência e paz, o que é no mínimo estranho, já que nunca tive conexão com crianças ao contrário de minha irmã. Olho para ela em busca de resposta e ela me devolve um olhar de questionamento, devido a estranheza de minhas atitudes, mas lhe lanço um "depois conversamos" e ela acena concordando. Então, até que enfim, ela começa a explicar a situação, direcionando à Dona Maria.
_ Olá, sou a Doutora Sophie Belgrado, sou a pediatra responsável pelo caso da Annabeth. A senhora poderia me dar algumas informações médicas sobre ela?
_ Claro, tudo o que precisar.
_ Certo, ela possui alguma doença crônica? É alérgica à alguma remédio ou alimento?
_ Ela tem asma, e é alérgica a amendoim e camarão."Isso explica ela estar com o respirador", penso comigo mesmo, mas continuo quieto no meu canto.
_ E ela já passou por alguma cirurgia ou teve alguma doença recente?
_ Não doutora.
_ E como ela está doutora?
_ O estado dela é estável, mas sensível ainda. Nos exames preliminares foram satisfatórios ao apontar que ela não teve nenhuma fratura no coluna ou pescoço, nem inchaço no cérebro.
_ Satisfatório? Mas isso é muito bom, não é doutora?
_ Com certeza é ótimo visto a queda que ela sofreu, mas os exames também apontaram três costelas quebradas e uma fratura no fêmur.
_ Oh meu Deus, minha menina
Vejo Maria ficar repleta de preocupação e fazer um carinho delicado na face da menina. Isso também não passou em branco para Sophie, que logo explica melhor para tranquiliza-la._ Mas calma, como eu disse ela está estável e não corre risco. Não sofreu nenhuma lesão grave ou permanente. Ela terá que passar por uma cirurgia para correção do osso e ficar de repouso por um tempo. Mas ela se recuperará totalmente, talvez seja necessário apenas algumas sessões de fisioterapia.
_ Eu sei que ela vai ficar bem doutora, essa menina é muito forte. Mas não sei como vamos arcar com tudo isso.Nessa hora eu interrompo a conversa e assumo.
_ Dessa parte eu cuido, não precisa se preocupar.
_ Não sei nem como agradece-lo, muito obrigada senhor Frederick.
_ Não precisa, fique tranquila. Sophie será que você pode resolver isso para mim.
_ Agora não posso irmão, você ter que ir falar com o diretor do financeiro, mas eu te acompanho até la.Encaro minha irmã como se dissesse "serio isso?", o diretor do financeiro, Carlos, é um puxa saco do meu pai e com certeza ele irá fofoca com ele no minuto após eu sair de lá. E Sophie sabe disso e mesmo assim me ignora e continua falar, agora com Dona Maria.
_Senhora, mais tarde retornarei para refazer os exames e leva-la ao centro cirúrgico, tem mais alguma dúvida?
_ Por enquanto não.
_ Qualquer coisa pode falar com as enfermeiras ou pedir para me chamar.Ela apenas acena e então saímos rumo ao financeiro, mas não posso deixar de questionar-la.
_ Sério mesmo?
_ Seríssimo, estou de plantão agora e não possoresolver as questões administrativas, a não ser que seja de extrema emergência.
_ Mas isso é um emergência, apartir do minuto que eu entra la e Carlos me ver, o senhor Oliver ficará sabendo e não tenho paciência, além de já ser bem grandinho para dar satisfação que sei que eles vão querer.
_ Não posso fazer nada irmão, lamento.Tenho quase certeza que ela poderia resolver isso e não quer fazer como vingança pela ligação. Me despeço de Sophie e vou acertar as coisas com o financeiro.
Acabou de resolver as coisas e estou indo para carro, nem alcancei o estacionamento quando meu celular começa a tocar, tiro do bolso e vejo o nome Oliver na tela._ Nossa, dessa vez Carlos foi rápido.
Falo comigo mesmo e atendo para acabar logo com isso. Nem tenho tempo de falar alô e o senhor Belgrado já vai falando sem parar.
_ Pode me explicar o que ta acontecendo?
_ Eu...
_ Você nada, você tinha apenas um compromisso. Qual a dificuldade de cumpri-lo?
_ Compromisso?
_ Você nem sequer se lembra, seu irresponsável. Mas você não vai escapar, você vai fazer aquela visita e vai paticipar da entrevista.Nem estava me lembrando mais dos jornalistas depois de toda essa confusão.
_ E venha aqui em casa, sua mãe quer ver você. Já não basta todo trabalho qie me deu, para agora se tornar um filho desnaturado para sua mãe.
_ Estou indo.
Desligo o telefone enquanto entro no carro e me direciono para a casa de meus pais.
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Sob um novo olhar
أدب المراهقينAnnabeth Hope é uma menina que cresceu em um orfanato, que mesmo que todas circunstâncias estivesse contra ela, pois desde cedo sofreu muito, filha de uma viciada, nao conheceu seu pai e sempre foi alvo das chacotas. Todavia, ela tornou-se uma garot...