Sob um novo olhar

17 - A procura

Pv Frederick

   Depois de ouvir aquela conversa e ser transportado para uma época que eu não gosto de me recordar e que estava escondido no fundo de minhas memórias, fiquei tão deslocado e abalado que inventei qualquer desculpa para minha mãe e fui embora. Naquele dia nem retornei para a empresa, não estava com cabeça para nada, e tive que me controlar para não fazer nenhuma burrice que me arrependeria depois.
   Não é fácil lembrar aquela época, quando somos jovens fazemos tantas imprudência, não pensamos no amanha, nem como nossas ações não afetam apenas a nós mesmo, por mais que não sejam nossas intenções. Com nossas ações ferimos, machucamos e preocupamos as pessoas que se importam com você, é disso que mais me arrependo quando me lembro do passado, o rosto da minha mãe quando ia me visitar na clinica, a decepção do meu pai, a tristeza e preocupação de todos quando sai de la e decidir ir para o mais longe possível. Passei anos nos Estados Unidos e hoje, olhando para trás sei que foi a melhor decisão que eu poderia tomar depois de tudo, mas me arrependo de ter começado isso tudo. Talvez, se não tivesse me envolvido com pessoas erradas, se tivesse aprendido resolver meus problemas conversando em vez de apenas guarda-los e fazer com que uma hora eles transbordem. Mas, infelizmente, não posso voltar atrás e mudar minhas ações, o que possa fazer é me esforçar para não repeti-las, nem sempre é fácil, mas vou continuando, um passo de cada vez, eu sei que cheguei bem longe e me orgulho disso e quero ir bem mais longe ainda.

(Quebra de tempo)

   Já se passaram alguns dias desde a conversa em que escutei Hope contar de sua historia e não consigo tirar isso da minha cabeça, estou a ponto de enlouquecer se não contar a alguém e tirar essas ideias absurdas da minha cabeça. Eu sei que é loucura, quais seriam a chances, uma em um bilhão talvez. Por isso tomei a decisão de conversar com minha mãe hoje a respeito disso, para tirar isso de vez da minha cabeça.
   Escolhi aproveitar que minha mãe está em seu escritório na empresa, coisa que se tornou rara desde que Hope entrou em nossas vidas, já que ela prefere trabalhar de casa para ter mais tempo para ela, como fazia na época que éramos crianças. Algumas pessoas pensam que minha mãe é uma daquelas socialites, "esposa de marido rico", mas não podiam estar mais enganados, minha mãe é a mente por trás do marketing dessa empresa.
   Já havia entrado em contato com a secretaria da donaa Eleonor, para saber se ela estava tranquila para me receber, então quando apareci no andar ela apenas me cumprimentou, perguntou se gostaria que ela me acompanhasse ou se queria algum e então me deixou passar. Quando entro na sala me deparo com ela com os olhos fixos entre o notebook e alguns papeis.

_ Será que a mulher mais perfeita desse mundo tem um tempo para mim?
_ Meu filho, mas é claro que tenho. Estava com saudades.

   Quando ela percebe minha presença, logo larga o que estava fazendo e vem me receber com um abraço, me levando para o sofá para conversamos mais aconchegados. E como sempre, parece que essa mulher lê mentes.

_ Imagino que como minha secretaria não informou nada, você não deve estar aqui por questões da empresa.
_ Certa, como sempre. Como você está?
_ Estou bem querido, e você? Estava preocupada com você desde aquele dia que você saiu com pressa de casa, não te vejo e você me pareceu meio abalado.
_ É impressionante, você não deixa nada passar. Mas realmente, o que quero conversar envolve aquele dia.
_ Aconteceu alguma coisa? Você recebeu alguma ligação preocupante?
_ Na realidade, foi um conversa que escutei de Hope que me deixou daquele jeito. Mãe, a senhora sabe sobre a história dela?
_ Não sei tudo, apenas sei algumas coisas. Mas imagino do que se trata pelo fato de saber que te afetou.
_ Eu... eu ouvi ela contar dos pais, ou melhor da mãe dela. Você sabe quem ela é?
_ Querido, isso eu não sei, apenas sei que ela abriu mão da menina porque era uma viciada e já faleceu há alguns anos. Mas porque essa pergunta?
_ Ahh mãe, não é nada. É loucura da minha cabeça.
_ Para te deixar assim. Com certeza é alguma coisa. E mesmo que não seja, se te deixou tão abalado, talvez seja melhor colocar para fora.