A vida não foi feita pra entender, foi feita pra viver o máximo possível da maneira que quiser, e Victória estava prestes a compreender, então escolheu deixar de viver. Cristopher pega em sua mão e ouve suas últimas palavras "Na vida às vezes é preciso entregar-se a imaginação para agir na realidade. Tenha coragem para fazer o que imagina, e sua vida será literalmente como sempre sonhou!". Ela respira fundo, e se joga.
É tão mágico imaginar que a várias histórias espelhadas pelo mundo, seja de amor, de superação ou até mesmo sobre decepções, todas com um imenso significado. Por mais distintas que sejam de alguma forma são conectadas, e Victória acreditava que era pela esperança. Muitos travesseiros já ficaram molhados, com lagrimas de felicidade e tristeza, emoções que foram transformadas em sonhos ao adormecer. Ela queria ter fugido pela janela dos fundos da sua vida e depois entrar pela porta da frente de fininho. Era como se ela corresse em busca do fim da sua história e só percebesse no final que o que realmente importava era o caminho até lá.
Na vida não podemos reclamar e nem agradecer, por que tudo é uma surpresa, tudo é novo, não importa se a pessoa é nova ou idosa, o que já foi não será hoje, e o que for amanhã talvez nem aconteça. Muitos querem inventar a máquina do tempo, para desvendar o futuro e concertar o passado, mas isso terá uma nova continuação, e terão novas perguntas baseadas nas respostas das perguntas anteriores, tornado cada vez tudo menos complexo e objetivo, deixando o ser humano louco e sem um 'por que' concreto da sua existência.
Não é uma missão fácil saber quem somos nós, ou quem nós somos. Buscamos sempre tentar descobrir o que os outros estão pensando, quais eram as palavras que nunca foram ditas mesmo com a imensa vontade de dizê-las, e principalmente ter a certeza de qual sentimento as pessoas sentem em determinados momentos. E se esquecemos de nós mesmos, apesar de nunca termos deixado de lembrar.
É completamente errado dizermos conhecer uma pessoa se nem ao menos nos conhecemos. Por mais convincente que pareça, há sempre algo surpreendente que nos faz mudar de opinião imediatamente, e mesmo com isso achamos completamente comum, e na verdade está sendo uma mudança instantânea de personalidade. Estamos nos moldando a cada passo, a cada piscar de olhos, a cada encontro e desencontro.
Haverá sempre uma manhã em que iremos acordar com uma ideia completamente diferente da que tivemos no dia anterior, buscando soluções para problemas que ainda nem chegaram a existir, só para descobrir quais são a nossa própria capacidade de auto modificar-se. Temos a chance de fazer o que é certo e escolhemos fazer errado, pra depois nos culparmos a ter algo a dizer sobre o que queríamos fazer e não dizemos por contradições da sociedade.
Por haver muito mal, achamos que o bem está em extinção. E quando ele é praticado e previsível que é por algo em troca de benefícios. O fato é que o bem atrai o bem e mesmo que não se espere, de alguma maneira ele voltará. Mas o que esquecem é que para o mal é o mesmo método, o que há hoje no mundo, é devido o mal que cada um transmite sem se dar conta que logicamente pelo ciclo da vida isto nos retornará.
Aquela sensação de estar tudo perfeito, mas que ainda falta para se tornar completo, que o reconhecimento não é algo que se espera, mas que seja ao menos entendido. Sobre os sonhos, todos têm, mas só alguns realizam, e pra nós, parece ser sempre os outros, e a nossa oportunidade nunca chega. Mas para um bom pensador, a vida já é um sonho, que as realizações veem a partir de suas escolhas, que no caso pode ser considerada mentira, pois a escolha é algo que não escolhemos.
Quanto mais as pessoas não acreditam no que você é capaz, mais você surpreende-as, e mostra que na vida, é preciso cair, pra se levantar, é preciso de críticas, para se melhorar, que é preciso perder, para poder ganhar. Só descobrimos o certo quando erramos. Somos o que somos por sermos nós mesmos. Uma história nunca acaba. É necessário morrer todos os dias, para se houver um amanhã, estiver vivo. Essa é a real utopia entre o nascimento e a morte.
Talvez tudo aconteça como deve acontecer, não adianta querermos culpar o destino ou a si mesmo, as páginas do nosso livro da vida já estão todas numeradas, com cada capitulo explicando cada ato feito, provando quem nem sempre necessitamos de explicações. Seria simples, se soubéssemos que nada é complicado.
Vivemos atrás de poder viver sentimentos realistas quando a vida por si só é a realidade do que sentimos. Queremos ter a certeza do que somos, do porquê nascemos e por quais motivos devemos continuar vivendo. Mas o medo de descobrirmos o que não queremos é constante, e talvez por isso exista a mudança, pra entendermos as respostas de todas as perguntas sobre nosso passado, presente e futuro. É assim que cai a ficha que nossas vidas não só cabem em alguns metros quadrados, como com o passar do tempo evapora, e todas as vezes que fizemos birra e batemos o pé no chão identificando o que é certo e errado, nem se quer foi o bastante pra durar por muito tempo.
Victória acordou assustada com a impressão de que estava caindo, mas pela primeira vez, ficou feliz em acordar. Levantou da sua cama, se espreguiçou, coçou os olhos, reparou ao redor e foi para o banheiro. Pôs suas mãos sobre a pia, ficou com um olhar fixado para o espelho por alguns minutos sem pensar em absolutamente nada, e depois lavou seu rosto.
Quando se dirigiu até a cozinha, viu que sua mãe já estava saído para o emprego e corre para dar um abraço e deseja-la um bom dia. Ela preparou seu café, pegou um pacote de bolacha do armário e sentou-se sozinha na mesa. Olhando para janela, observava a natureza. Pensamentos tomavam conta de sua cabeça, a fim de descobrir o motivo de estar se sentindo tão bem, sem lembrar absolutamente nada do que sonhara na noite passada.
Victória gostava de conversar, resolveu então ligar para seu pai, discou o número e o celular tocou várias vezes, mas ninguém atendeu, sendo assim deixou na caixa postal uma mensagem de bom dia. Terminado o seu café da manhã, se dirigiu até seu quarto para se arrumar para ir à aula.
Naquele dia ela se sentia tão disposta, que resolveu ir a pé para escola do que pegar a vã. Sabia decor sobre sustentabilidade, que foi o tema sugerido pelos professores na aula passada. Enquanto caminhava com passos leves e singelos, parecia estar andando em cima de um arco-íris, avistou um semáforo, que por sinal não estava funcionando. A única luz que piscava era a luz verde, colocou sua mão automaticamente no bolso direito de sua calça preta rasgada no joelho, e encontrou uma folha típica de outono, e ela sem saber o motivo começou a dar gargalhas.
Porquê todo fim é um recomeço...
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Utopia ou Suícidio
PertualanganA história não começa, e nunca acaba. Precisamos morrer todos os dias, para ser possível renascer. A real utopia é entre o nascimento e a morte. E o suicídio verdadeiro, é entre o adormecer e o acordar. Victória é uma garota insatisfeita com sua vi...