E assim, Cristopher termina sua história. Desliga o notoobok, prepara um café, liga uma música e senta debaixo de uma arvore em frente à sua casa. Cristopher era um garoto de 17 anos, sem muitos amigos e que adorava escrever. Passava a maior parte de seu tempo inventando histórias pra lhe tirar da solidão. Criava pais amorosos, amigos leais, e a namorada perfeita. Victtória foi só mais uma das suas criações imaginárias, mas de qualquer forma, foi a mais intensa.
Victtória era apenas uma personagem de um livro. Mas poderia ser real. E com certeza devem existir pessoas como ela, mas não é procurando que iremos encontrar. Elas estão ao nosso lado, ou dentro de nós. Deixa sua alma sair pra caminhar. Deixe ela sentir o cheiro das flores. Deixe ela ficar com a vista escura ao olhar o sol. Apenas deixe. Liberte-a e liberte-se.
Quem sabe não fosse à personalidade dela que mais o encantava, mas o amor que ele pôs no papel para cria-la. No livro eles se quer ficam juntos, mas amizade era mais forte que qualquer sentimento existente. O motivo nem era a fama e o reconhecimento literário, e sim, a possível existência de um ser, que mesmo no papel transbordava a essência de um ser humano com a alma pura.
Ele apenas queria ter alguém como ela por perto. E por isso incluiu- se na história, não fiel a sua personalidade, mas para ao menos na literatura conseguisse identificar-se com alguém. Se encaixar em um mundo que as coisas parecessem verdadeiramente reais.
Com Victtória ele aprendeu que o suicido nem sempre é a melhor solução, que fechando os olhos podemos viver uma utopia. Mas a vida mais bela acontece quando as pálpebras estão abertas. Cristopher pega no sono com esses pensamentos perambulando sua cabeça. Acorda entusiasmado corre ver a hora, já estava atrasado para seu encontro de leitura na biblioteca. Veste seu suéter, pega sua maleta com os livros e vai pelo caminho mais perto. Decide virar uma esquina aleatória que nunca havia ido, apenas por curiosidade.
Avista uma menina pequena de estatura, com um vestido azul turquesa florido. Era a menina mais linda que ele já tinha visto. Ela estava rindo discretamente olhando para cima, ele segue seu olhar e identifica um semáforo com defeito. Ele também começa rir e com seus passos vão aproximando-se.
Ela olha para ele e pergunta o motivo pelo qual ele também achou engraçado, e ele responde que sonhava em ser escritor e já havia colocado uma cena parecida em seu livro. Brilham-se os olhos dela, ela se apresenta como Sophia e resolve trocar seu trajeto para acompanha-lo até a biblioteca.
Não, não era coincidência. Coisas assim acontecem todos os dias, mas estamos ocupados seguindo a rotina, e planejando o que queremos que aconteça e não damos a devida importância que merece o presente. E aí percebemos que é tudo uma questão de tempo. Que as coisas acontecem exatamente como devem acontecer. E que às vezes, só às vezes, são da maneira que sonhamos. Ah a vida.
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Utopia ou Suícidio
AvventuraA história não começa, e nunca acaba. Precisamos morrer todos os dias, para ser possível renascer. A real utopia é entre o nascimento e a morte. E o suicídio verdadeiro, é entre o adormecer e o acordar. Victória é uma garota insatisfeita com sua vi...