Surpresa

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Catra

Acordei tarde naquela manhã, ainda estava com a roupa do dia anterior de quando encontrei a Adora, já que apenas me deitei ontem e dormi. Estava encarando o teto do meu quarto por longos minutos, como costumo fazer quando estou pensando demais. Estava repetindo o acontecimento na minha mente sem parar.

Eu beijei a Adora, pois é. Não aguentava mais me segurar, ela estava linda ontem e nós andamos de mãos dadas o tempo todo. Eu amei cada segundo daquele dia, foi quase como um encontro, e naquele beco nós estávamos tão perto uma da outra... e a sós. Eu a abracei, senti seu perfume e fiquei inebriada no doce aroma dos seus cabelos. Então o súbito momento de loucura veio, e a beijei. Não estou arrependida.

Desde aquele ocorrido nós fingimos que aquilo não aconteceu. Eu não consegui criar coragem o suficiente para puxar esse assunto com ela e a Adora também não falou sobre. Eu queria saber se ela gostou, se foi loucura minha fazer aquilo ou se não significou absolutamente nada para ela... só queria alguma resposta.

Queria também alguém para conversar sobre... mas não tenho ninguém, aparentemente. A pessoa com quem eu mais converso é a Adora, mas hoje ela está demorando muito para responder minhas mensagens. Deve estar ocupada... ou talvez me evitando. Minhas inseguranças e paranoias estavam dominando minha cabeça.

Saí do meu quarto e bati na porta do da Entrapta, esperei e ninguém abriu. Chamei seu nome e nada. Isso era raro. Entrapta quando não está trabalhando sempre fica em casa. Principalmente num domingo. Deitei-me novamente de bruços na cama. Estava entediada e pensando demais. Queria que Adora estivesse aqui, mas eu não tenho coragem de convidá-la para vir e encarar seu rosto depois de ontem.

Resolvi limpar meu quarto, estava uma bagunça como sempre. Eu estava organizando minhas gavetas do criado-mudo quando achei um pequeno álbum de fotos. Nele havia algumas fotos minhas com a Adora, na nossa infância. Olhar aquilo me fez lembrar do nosso passado... quando eu ainda morava naquele orfanato e a Adora com seus pais, eles nunca a amaram de verdade, então quando ela teve chance saiu de lá. E eu nunca conheci os meus, nunca fui adotada. Nada.

Aquelas memórias me fizeram mal, guardei aquele álbum e continuei limpando tudo para tentar esquecer... E acabou que passei o dia em casa, sozinha, fazendo parte dos móveis.

No dia seguinte eu ainda estava só, Entrapta não respondia minhas mensagens e a Adora quase que fazia o mesmo. Estava me sentindo extremamente sozinha, pensando se iria para a escola hoje ou não, até porque eu acordei atrasada de novo. Ouvi batidas na porta. Imaginei que fosse Entrapta chegando de sei lá onde, mas quando abri era Adora quem estava lá.

- Feliz aniversário, Catra! - Ela me deu um abraço.

- Calma aí, é hoje? - perguntei.

- Claro que sim, boba. Você esqueceu do próprio aniversário?

Eu tinha esquecido mesmo, minha cabeça estava focada em outras coisas, como na própria Adora. Parei para prestar atenção em como ela estava... como eu posso explicar essa visão? Adora estava usando um vestido azul claro que ia até um pouco acima do joelho, numa mão ela segurava um buquê de flores e na outra uma cesta de piquenique. Seus cabelos estavam soltos e na sua cabeça havia um daqueles chapéu de festa de aniversário em forma de cone. Foi a coisa mais fofa e engraçada que eu já vi.

- Você não deveria estar na escola? - perguntei.

- É verdade, mas eu faltei hoje para vir aqui. É um dia especial, não é sempre que se faz dezoito anos. Pegue isso. - ela me entregou o buquê de rosas brancas e girassóis, minhas flores favoritas. - Nós vamos fazer um piquenique hoje, o que acha? Trouxe suas comidas favoritas.

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⏰ Última atualização: Nov 25, 2019 ⏰

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