Dalila ajeitou as enormes mantas postas no chão para que Jack dormisse, enquanto o mesmo escovava os dentes no pequeno banheiro.
O jantar ocorrera melhor do que o planejado, ambos os dois jovens se comportaram de forma civilizada e até brincaram entre si, parecia que Jack e Dalila estavam finalmente se dando bem na presença um do outro.
Estava na hora de dormir, passava da meia noite e a ruiva e o moreno se encontravam exaustos, tiveram um dia cansativo.
— Boa noite. — Ela não sabia ao certo se deveria dizer isso sem deixar um clima estanho, mas falou mesmo assim.
Tinha medo dele não responder de volta.
— Boa noite, Dalila. — Seu peito se acalmou quando ouviu sua voz rouca.
Deitaram-se em suas respectivas camas e fecharam os olhos, tentando de alguma forma dormir, o que para Dalila foi fácil, cinco minutos depois já estava inconsciente.
Jack, por outro lado, não possuía tanta serenidade quanto a ruiva e por isso se encontrava impaciente, sem conseguir pegar no sono.
Não conseguia parar de pensar no momento que teve no piano mais cedo, nos olhos verdes de Dalila e naquele sentimento que sentira antes, era difícil descrever a forma como seu coração agia toda vez que ela sorria.
É claro que jamais deveria contar sobre isso a ruiva, até porquê a probabilidade de se tornarem um "nós" era muito baixa, Dalila logo estaria em casa e Jack voltaria para Omaha, de onde nunca deveria ter saído.
Quando se deu conta, a mão esquerda da ruiva pendia ao lado da cama, perto suficiente do moreno. Por impulso, Jack começou a brincar com seus dedos, se distraindo enquanto sua mente tentava parar de trabalhar.
— Para, faz cócegas. — Ele se assustou quando ouviu sua voz, mas não deixou de sorrir de lado.
— Sabe, eu estava pensando, — Se sentou sobre sua cama improvisada. — será que posso fazer companhia para você nesta adorável e aconchegante cama?
— Nem pensar! — Sua resposta foi imediata, Dalila se ajeitou e acendeu o pequeno abajur.
— Vai, Foguinho, não consigo dormir aqui, é desconfortável. — Ela o encarou por minutos enquanto Jack fazia sua melhor representação de o gato de botas quando queria algo. — Por favorzinho...
Dalila grunhiu e se sentou, Jack sorriu satisfeito e se levantou rapidamente, se jogando ao seu lado na cama.
— Nem pense em se aproximar mais do que o necessário e não encoste essas suas mãos grandes no meu corpo! — A ruiva se levantou e pegou uma das mantas do chão, começando a fazer uma barreira entre os dois.
Jack começou a rir daquela situação, a aborrecendo mais ainda.
— Pode deixar, nem pensei em por minhas mãos em seu corpo... — O moreno umedeceu seu lábio inferior e Dalila o empurrou de leve, voltando a se deitar.
No meio da madrugada, o moreno despertou devido ao barulho forte da chuva do lado de fora. Após piscar repetidas vezes e se acostumar com a escuridão do quarto, ele percebeu estar rodeando o corpo da ruiva com seu braço.
Por minutos ficou sem saber o que fazer pois Dalila não parecia incomodada com o ato, pelo contrário, sua mão acariciava a de Jack levemente.
Ele voltou a posicionar sua cabeça sob o travesseiro e se permitir aproveitar daquele aconchego, já que ela o mataria assim que descobrisse na manhã seguinte.
──────────
Ele abriu seus olhos lentamente quando feixes de luz invadiram o quarto interrompendo seu sono, observando a enorme cama ao qual se encontrava e percebendo que estava sozinho.
Se levantou e fez sua higiene matinal, finalmente se sentindo renovado após uma ótima noite de sono, Jack estava feliz.
Estava feliz por ter descansado, estava feliz porque era uma manhã ensolarada o que significava que a viagem continuaria e principalmente, estava feliz por estar de bem com Dalila e por ter abraço ela enquanto dormia.
Se sentia de volta aos seus dezesseis anos quando sua maior felicidade era andar de mãos dadas com uma garota.
Assim que estava pronto, se encaminhou para o andar de baixo, ainda estava meio entorpecido de sono e quase não reparou no café da manhã posto sobre a mesa central da sala de jantar.
Pensou seriamente em roubar algumas coisas da mesma para a ruiva, que não havia aparecido até agora e, quem sabe, não tenha tomado uma boa xícara de café. Sorriu bobo ao perceber que pensava nela.
Todo o seu bom humor foi embora quando, um pouco distante da sala de estar, uma voz feminina falava em alto e bom tom.
— Eu também estou com saudades de vocês, todos vocês... — Fez uma pequena pausa, Jack presumiu que outra pessoa falava do outro lado da linha. — Wes? Principalmente dele, sei que aquela não foi a melhor forma de falar que gostava dele, mas no fim das contas apenas me ajudou, estou ansiosa para vê-lo.
Quando Jack terminou de ouvir a voz de Dalila e processou toda a situação, seu coração começou a acelerar em seu peito e seu sorriso de minutos atrás se desmanchou.
Não queria ouvir mais daquilo, por isso tratou de sair da residência, pelo menos desejando se acalmar um pouco.
— Jack? — Dalila chamou, presumindo que era ele quem havia batido a porta com tamanha força.
Talvez o moreno estivesse certo no fim das contas, jamais haveria um "nós" com Dalila. O coração da garota de cabelos de fogo pertencia a outro e Jack teria que aceitar aquilo, por bem ou por mal.

VOCÊ ESTÁ LENDO
accident.
Fanfictionjack gilinsky | ❝ Eu conheci você por acidente, e quero ter mais como esse. ❞ Onde depois de um pequeno acidente, Dalila acorda no quarto de Jack. started on september 10th #1 in magcon; november 22nd cover by lunchboxf copyright, 2019 © sfgilinsky