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Meia hora havia se passado desde as palavras proferidas pelo loiro. Dalila, a garota enigmática que era hóspede de sua casa a exato um dia, não pronunciou uma palavra se quer a respeito da informação sobre sua localização.

Ela encarava o chão branco da casa dos Jack's, parecia ter se trancafiado em sua mente e tentava, de uma forma estranha, entender como foi parar em Omaha.

A garota nascera e pertencia a Lincoln, uma cidade que ficava a duas horas de Omaha.

Do outro lado do pequeno cômodo, os dois garotos se encontravam confusos e não sabiam direito como reagir àquela súbita reação.

— Ela vai continuar assim até quando? — O moreno perguntou, recebendo uma sobrancelha arqueada do loiro.

Gilinsky parou de tentar ser legal com a hóspede de sua residência no exato momento em que ela insinuou que ele queria se aproveitar de seu corpo. Jack possui sua consciência limpa em relação ao sexo feminino, jamais tocaria em uma mulher sem sua permissão, por isso o comentário lhe caiu tão mal.

— Dalila? Você... precisa de alguma coisa? — Perguntou o mais baixo.

— Não, não, não... — Murmurou a ruiva enquanto se levanta da cadeira. Os meninos se afastam subitamente com o pequeno susto. — Isso não pode estar acontecendo...

— O que, exatamente, não pode estar acontecendo? — Gilinsky questionou.

A mente da ruiva estava a mil, ela não se lembrava muito da festa na qual estivera um dia atrás, não se lembrava de ter pedalado por uma hora e não se lembrava de ter sido auxiliada por dois homens cujos nomes são idênticos.

A única coisa que se lembrava era de ter acordado no quarto que era do moreno e de ter comido Waffles com os mesmos dois estranhos.

— Como exatamente vocês me encontraram? — Questionou com certa dificuldade.

— Encontramos você na cidade vizinha no caminho para casa. Você estava caída no chão e, como já dissemos, estava rindo demais e um pouco machucada. A colocamos em nosso carro e cuidamos de você. — O loiro ousou falar, sempre cauteloso com as palavras que escolhia dizer em voz alta e clara. Era uma de suas qualidades.

Diferente de seu amigo que, segundo os pensamentos do loiro, não sabia o que cautela significava.

— Nós não fizemos nada com o seu corpo, se é isso que está pensando. Tirando Johnson, que cuidou dos seus machucados. Eu nem encostei em você, nenhuma vez se quer.

— Acho que ela já entendeu, G. — Outra cotovelada.

Havia virado mania do loiro machucar o amigo como um aviso de que estava falando algo que não deveria.

— Não é isso que me preocupa... Eu preciso voltar para minha cidade, preciso voltar pra minha casa... Meu pai vai ficar irritado se souber de tudo e minhas amigas estão preocupadas.

Dalila suspirou antes de levar sua mão à boca e roer suas unhas, era uma mania idiota que tinha quando ficava nervosa. Leticia, sua amiga estrangeira, já a alertara varias vezes que deveria parar.

— Onde é a sua casa?

— Lincoln.

— Ok, temos um problema cujo tamanho é catastrófico. — Declarou Gilinsky, levantando o dedo para Johnson. — Não me bata novamente ou eu o faço parar de respirar.

— Agressivo! Não vê que temos visita? E para de falar que tudo é um problema catastrófico.

Ei! será que dá para pararem de brigar e me ajudarem? Eu preciso que um de vocês me leve para casa. — Dalila brandiu, estava cansada demais das brigas dos dois.

— Eu não vou levá-la a lugar algum, Lincoln fica a duas horas daqui. — Disse o moreno, cujo olhos estariam saindo fogo agora, se isso fosse possível.

— Ótimo! Eu pego um táxi. Não preciso da sua ajuda. — A garota correu em direção às escadas, subindo dois degraus por vez. Quanto maior a distância entre ela e o moreno grosseiro, melhor.

Johnson a seguiu, sem dar um tapa em Gilinsky antes, ele não perderia essa chance por nada e também não deixaria Dalila pegar um táxi. Ele havia gostado da garota e seu temperamento e achava injusto deixá-la ir sozinha, ia contra seu juramento de lealdade ao sexo oposto, mesmo que o tenha feito quando estava embriagado.

— Dalila, espere! Foi mal pelo idiota, ele não sabe ser gentil, às vezes. Nós iremos levá-la, não precisa pegar um táxi. — Ele sorriu, ela sorriu. Diferente de Gilinsky, Johnson ganhara a simpatia da ruiva.

— Esqueceu que temos um show hoje à noite, Sr. Bondoso? — O moreno perguntou assim que entrou em seu quarto. Johnson suspirou, pois sabia que era verdade.

— Infelizmente não podemos levá-la hoje, Dalila. Vamos nos apresentar em um Pub aqui em Omaha, algo pequeno. Se quiser você pode ir com a gente.

— Não! — Gilinsky gritou imediatamente, fechando a cara.

— Sim! Eu adoraria vê-los cantando. Amanhã, ou assim que possível, eu gostaria de voltar para casa.

Ela não queria vê-los cantar, não estava com ânimo para isso, mas faria de tudo para irritar o moreno.

— Ótimo! Amanhã levarei você de volta para Lincoln. — Johnson respondeu, sorrindo.

— Era só o que me faltava...

— Por que está tão incomodado assim, estarei atrapalhando algo importante? — Dalila questionou, direcionando seu olhar para Gilinsky, que se inclinara no batente da porta.

— Mas é claro que não!

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