✦| fourteen

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LINCOLN, 6 KM.

Era o que dizia a placa que Dalila encarava a exatos cinco minutos, Jack havia parado em um posto de gasolina para abastecer e comprar algo para comer.

O clima estava bom para Jack, sentia-se tranquilo por ter colocado seus sentimentos para fora, mesmo os de Dalila não correspondendo. Colocara em sua cabeça que não existiria um "nós" com ela e não estava feliz com isso, porém pôde deixar claro o que sentia.

Dalila, por outro lado, estava constrangida por ter falado aquilo e ter que o encarar pelo restante da viagem, era nítido em seu comportamento como se sentia com aquela situação — sua respiração irregular e todas as vezes em que se mexera desconfortável no banco do passageiro a entregavam.

Não trocaram mais nenhuma palavra além do básico, nenhum dos dois queria relembrar o que falara naquele casamento.

E foi assim pelo restante da viagem também, apenas silêncio e os pensamentos de Dalila a matando. Ainda insistira em colocar em sua cabeça que aquela era a decisão certa e que não seria feliz ao lado dele — provavelmente quebraria seu coração ou a trocaria por outra garota muito melhor.

Quando o Jeep parou em frente a sua residência, seu coração se acelerou e um leve sorriso apareceu em seu rosto, estava mais do que feliz em estar finalmente em casa.

Saíram do carro, a ruiva pegou seus pertences e o encarou, o moreno estava encostado na lateral do carro, a encarava com uma expressão que ela não conseguia decifrar. Não sabia se deveria lhe estender a mão, dar um beijo na bochecha ou abraçá-lo como despedida, por isso se aproximou levemente do rapaz e sorriu.

— Muito obrigada por me trazer de volta para casa, e peço desculpas por tudo o que falei ou fiz de errado. — Foi sincera e o mais educada possível, não sabia como conversar com ele depois do ocorrido.

O observou enquanto esperava por uma resposta tamborilando seus dedos na alça da mochila, impaciente. Jack se separou do carro e caminhou até a ruiva, afastou algumas mechas de seu cabelo e levou seus lábios até a bochecha direita da mesma, depositando um beijo singelo.

— De nada, Foguinho. — Foi o que disse, antes de entrar em seu carro e, por um breve momento, a olhar pela última vez.

Dalila retribuiu o olhar e ficaram assim por breves minutos, tentando decorar cada detalhe do rosto um do outro. Quando Jack finalmente acelerou com o carro e foi embora, a ruiva pode soltar a respirar que havia prendido involuntariamente.

Eram quatro horas da tarde quando a garota entrou em sua casa, seu pai provavelmente estava trabalhando e o silêncio que varria a residência entregava isso. A ruiva tratou de ligar imediatamente para suas amigas, estava morrendo de saudades e precisava contar todo o ocorrido nesses últimos três dias.

Deixaria para lidar com seu pai outra hora, o mesmo deveria estar uma fera.

Em meio a sensação prazerosa e dolorida da água gelada caindo sobre seus ombros, seus pensamentos foram invadidos por lembranças da viagem; os momentos divertidos com o loiro, a presença agradável de Aalyah, os olhares calorosos de Jack, suas mãos sobre sua cintura...

Os pensamentos só cessaram quando a porta da frente de sua residência fora escancarada meia hora depois e três garotas eufóricas passaram, juntas, pela mesma.

— NEM VENDO EU ACREDITO NISSO TUDO. — Exclamou Leticia, sua amiga brasileira.

— Me diz que você deu uns pegas em um dos Jack's, por favor! — Implorou Rachel, juntando as mãos na frente do corpo.

Louise, que carregava sacolas lotadas de chocolate, suspirou devida a reação de suas amigas e abriu um largo sorriso para a ruiva.

— Nos conte tudo, agora. — Dalila não poderia negar que sentiu seu coração se aquecer com a presença de suas melhores amigas.

──────────

Uma hora depois a história havia sido contada e tudo havia sido esclarecido, Dalila sabia que as três garotas, agora sentadas sobre sua cama, a encheriam de perguntas e mais perguntas.

— Como você teve a audácia de matar Shawn Mendes no Casa, Beija ou Mata e ainda cumprimentá-lo com todo o carisma do mundo? — Perguntou Rachel, sem conseguir superar o fato de Dalila ter conhecido um de seus ídolos.

A ruiva apenas riu, se lembrando do momento constrangedor ao cumprimentar um dos caras mais lindos que já viu.

— Eu queria muito ver a sua cara quando teve que fingir namorar com ele! — Disse Louise.

A mesma segurou sua mão direita, chamando a atenção da garota, e perguntou:

— Por que você não disse a Jack o que sentia por ele? — A pergunta era séria, e por isso Dalila engoliu em seco.

C'mon! É Jack Fucking Gilinsky! — Exclamou Leticia, fazendo Rachel estapear seu braço.

— Não adiantaria nada, não iríamos poder ficar juntos. — Respirou fundo, antes de voltar a falar. — Ele é famoso, tem uma vida extremamente ocupada e vigiada, pode beijar quem preferir e não vai me aguentar por muito tempo, sem contar que mora em outra cidade. E tem o Wesley...

— Você é burra. Esqueça o Wesley, ele não é o cara certo para você.

— Leticia! — Repreendeu Louise.

— O que? Gilinsky deixou claro que gosta dela, sempre a olhava como se fosse a mulher da vida dele, a acolheu super bem depois do ocorrido no piano e você ainda quer me repreender? Repreenda a Dalila por ser tão cega.

As palavras de Leticia foram como um soco em seu estômago. Tudo o que dissera era verdade, porém a ruiva custava acreditar e abrir seus olhos para o que estava em jogo.

— Leticia tem razão, mas agora já é tarde demais, sem contar que preciso organizar minha vida ainda. — Ela respondeu minutos depois.

— Pode começar me explicando o porquê ficou três dias fora de casa. — Disse uma voz grave atrás das garotas. O corpo de Dalila estremeceu ao perceber que se tratava de seu pai.

Estava na hora de acertar as coisas com seu progenitor.

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