✦| sixteen

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Único som que se ouvia na sala de estar era a música irritante saindo do aparelho de som. O rapaz grunhiu quando seu amigo resmungou sobre a forma péssima que ele estava jogando, mas era de se esperar, já que sua mente estava muito longe daquela sala de estar.

Ou melhor, muito longe de Omaha.

Johnson reparou no comportamento estranho vindo de Gilinsky no exato momento em que pôs os pés em sua residência, conhecia o moreno tempo suficiente para saber que algo tinha acontecido neste meio tempo que esteve fora. Mesmo assim, não ousou tocar no assunto, não queria deixar seu amigo desconfortável.

— Falei com Dalila hoje... — Ele começou, intercalando seu olhar entre o rosto do amigo e a enorme televisão a sua frente. — Ela me disse que está ótima.

— E por que não estaria? — Respondeu o moreno, simplesmente. — Problemas catastróficos aconteceram no meio da viagem e ela nem se abalou...

Johnson interpretara que se tratavam dos ocorridos que Jack o contara, mas não relacionou que ele na verdade se referia ao que dissera para a garota de cabelos ruivos durante a dança no casamento.

Jack ocultou tudo o que sentiu por Dalila quando contou sobre a viagem a seu melhor amigo, sabia que o mesmo iria surtar e obrigar ele a ir atrás de Dalila, e isso era a última coisa que ele queria no momento.

Até porque, ela não escolheu ele.

E isso machucava Jack todas as vezes que pensava nela, sempre tentando encontrar uma explicação do porquê Dalila o rejeitou — talvez não fosse o suficiente, talvez não tenha se entregado tanto quanto ele achava, quem sabe tenha interpretado de forma errada as reações da ruiva.

Evitava pensar nela mas simplesmente... não conseguia. Não conseguia deixar de lado suas sardas, seus olhos verde-esmeralda, o som da sua risada, cor de seus cabelos e a forma como seus olhos fechavam quando ela sorria abertamente.

Dalila mexeu com ele de uma forma inexplicável, jamais sentiu nada assim por ninguém e isso o assustava por completo.

— Jack! Você entrou pelo túnel de novo, desse jeito vamos ficar presos nesta fase para sempre. — O loiro reclamou ao seu lado, fazendo Jack bufar. — O que aconteceu com você neste meio tempo, dude? Está desligado, pensativo demais...

Ele deixou o controle de lado, deitando sua cabeça sobre o sofá e fechando os olhos. Não queria contar a Johnson sobre Dalila mas se não fizesse, enlouqueceria.

—Ela... — Começou, sem saber ao certo quais palavras usar. — Eu disse a ela o que sentia, que ela mexia comigo, que queria que ela sentisse por mim tudo o que sentia por aquele imbecil.

Johnson pausou o jogo, a atenção presa na expressão frustrada e triste de Jack. Ele sabia que algo estava errado, mas jamais esperava que fosse amor que rodeava os pensamentos de seu amigo.

— Ela escolheu ele e tudo o que posso fazer é superar. — O moreno levou suas mãos ao rosto, suspirando.

O loiro também não esperava que o problema de Jack fosse um coração partido, já que o mesmo sempre ficava com quem quisesse. Por isso levantou e franziu o cenho, antes de falar:

— Não faz sentido, por que ela o rejeitaria? Desde quando passou a gostar dela? Você não a odiava? — Poderia afirmar que sua cabeça estava um caos. — E quem é o imbecil?

— Calma, dude. — Respondeu Gilinsky, estranhando a reação do amigo.

E, se não fosse pela situação embaraçosa, o moreno teria gargalhado e jogado na cara do loiro que a sentença proferida por ele iria sim, pegar.

— Não acredito que vou dizer isso, mas esse sim é um problema catastrófico. — O loiro voltou a se sentar, observou novamente seu amigo e arremessou uma das almofadas em seu rosto. — Por que você deixou ela ir, seu trouxa?

— Porque ela escolheu isso, não posso obrigá-la a gostar de mim. — Respondeu simplesmente, mais confuso do que antes com a reação de Johnson.

— Você é cego, Jack Gilinsky! É óbvio que ela gosta de você, seu acéfalo. — Outra almofada fora arremessada. — Ah o amor, ele o tornou cego mesmo... Por que você acha que ela pegava tanto no seu pé? Por que sempre insistia em discordar de você?

O moreno franziu o cenho, observando o loiro a sua frente e segurando de forma apertada a almofada em seu colo. Não fazia sentido para Jack o fato de Dalila sentir algo pelo mesmo mas deixar claro que não quer nada com ele.

— De qualquer forma, não posso fazer nada, J. — Abaixou a cabeça, fitando o chão ao dizer: — Já é passado, preciso seguir em frente.

— Passado é o caralho! — Exclamou o loiro, surpreendendo Gilinsky com aquela exaltação. — Vi gravações do casamento e Jack, você nunca esteve tão feliz como estava naquele dia ao lado dela. Ela faz um bem danado a você, quer mesmo abrir mão disso mesmo sabendo que ela também sente?

— Como tem tanta certeza?

Gilinsky não sabia, mas Johnson havia conversado por horas com uma das melhores amigas de Dalila, Louise. Entre o surtos histéricos da mesma por estar falando com Jack Johnson e todos os assuntos aleatórios e interessantes pelos quais conversaram a noite toda, ela lhe disse que Dalila também nutria sentimentos por Jack.

Por outro lado, Gilinsky não entendia a reação da ruiva. Talvez estivesse confusa tanto quanto ele estava, mas porque ela o rejeitaria, sabendo que aquela era a última vez que o veria? Talvez não estivesse pronta, ou não tenha entendido o que ele quis dizer, ou talvez simplesmente não quisesse nada.

Mas Jack não poderia seguir em frente com apenas "talvez", incerto do que a ruiva de lindos olhos verdes realmente sentia.

— Se você não ir atrás dela eu juro por tudo que é mais sagrado que eu capo você. — Ameaçou Johnson, sorrindo de lado ao reparar que havia atingido o moreno com suas palavras.

Ele conhecia o amigo melhor do que todos, sabia como aconselhar e convencê-lo, até porque, melhores amigos servem para isso.

E não só para isso, pensou Gilinsky ao lembrar do quão bom Johnson era para ele e de todas as vezes em que foi um excelente amigo. Era com certeza a amizade mais longa que já cultivara e se orgulhava de ter o loiro ao seu lado, o amava como um irmão havia muito tempo.

— Vou atrás dela. — Brandiu, determinado.

— LINCOLN, ESTAMOS CHEGANDO.

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