Antes - Capítulo 3

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São Paulo, agosto de 2007


Alanis

Consegui ver o Gui quase todos os dias das férias. Minha mãe mesmo sem conhecê-lo direito aceitou nosso relacionamento, só não contou ainda pro meu pai, sendo assim, estou vivendo sob suborno.

Eu e meu namorado fomos ao shopping várias vezes, ao parque também, assisti aos ensaios da banda e confesso ter me sentido muito importante quando ele me beijou na frente de todo mundo, me apresentando como namorada dele.

Me apeguei a esse garoto, mas agora com a volta das aulas não poderei passar tanto tempo com ele e isso aperta meu peito. 

O primeiro dia de aula é sempre nos dois períodos, de manhã pra gente poder relembrar as regras, rever os professores e no meu caso e da Samira, fazer recuperação pra não reprovar no fim do ano e a tarde, aula normal.

Levanto da cama sem um pingo de coragem de vestir o uniforme, mas meu pai já me espera no carro. Me arrumo com certa rapidez, pego minha mochila e desço as escadas correndo, passando na cozinha pego um pão com margarina que minha mãe fez, afinal, ela já sabia do meu atraso, é claro. Corro pro carro antes que meu pai comece a buzinar as sete da manhã, acordando o resto da vizinhança.

Chego no colégio e vejo que todo mundo já está aguardando o sinal da entrada, o bom é que claramente não sou a única infeliz aqui.

Pensando pelo lado bom, vou ver Samira, ela passou as férias toda na praia com a avó e eu não a vi nenhum dia, estou morrendo de saudades!

- Samira! – corro na direção da minha melhor amiga assim que a vejo.

- NÃO ENCOSTA EM MIM! – ela grita.

- O que aconteceu?

- Deixa eu te falar uma coisinha: sabia que dá pra queimar a pele na praia mesmo se não tiver sol?

- Não acredito, amiga! – começo a rir.

- Acredite! Estou intocável. Depois que isso aqui melhorar eu te dou um abraço de urso digno de tombo! – ela ri e começamos a andar em direção a sala de aula.

- Ainda não entendi porque você foi pra praia no inverno...

- A coitadinha da minha vó não tem forças pra pegar um ônibus e ficar com a família, então nós fomos até ela. – ela diz com certa ironia. – Gosto de lá, foi até bom, essa época a praia não é tão cheia como no fim do ano, só que eu fiquei queimada mais do que se tivesse torrado no sol de quarenta graus! Mas e você, me conta, como vai o namoro? Já perdeu a virgindade?

- Samira! – repreendo e ela ri. – tá tudo ótimo, fizemos várias coisas, menos... Menos...

- Sexo!

- É. – não sei como ela consegue falar isso alto.

- É uma questão de tempo!

- Ainda não tenho idade pra isso.

- Tem idade certa? - ela questiona e eu fico pensando por um momento. Na verdade, até ela mencionar eu estava muito bem na minha bolha de princesa que só beija na boca e abraça. – Alanis, não tem porque ficar encanada com isso, vai acontecer na hora certa!

Ela tem razão, na hora certa vai acontecer. Não preciso ficar pensando nisso agora.

Não demora, entramos na nossa sala e a aula começa. Eu daria qualquer coisa pra estar na minha cama assistindo TV Globinho!

Passo toda a manhã escrevendo no meu caderno o nome do Guilherme e o meu, cheio de coraçõezinhos em volta e letras de músicas que lembram a gente. Antes eu falava das minhas colegas de turma que faziam isso e achava tão brega e exagerado, mas olha pra mim? Só falto beijar o caderno!

Meu garoto do violãoOnde histórias criam vida. Descubra agora