Antes - Capítulo 10

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São Paulo, outubro de 2007


Alanis

Não paro de pensar na injustiça que fizeram com Guilherme. Se não fosse por ele, essa banda nunca teria dado certo. Tirá-lo por causa da Débora foi burrice.

Hoje era pra acontecer o show, aliás, vai acontecer, só que sem o vocalista principal.

Vim pra casa do Gui, tentar distrair e quem sabe não consigo animá-lo de alguma forma.

- Como você está se sentindo? - pergunto quando estamos deitados no sofá assistindo televisão.

- Melhor com você aqui. – ele me aperta em seus braços e beija meu rosto.

- Quer sair? Comer alguma coisa? Pegar um cinema?

- Amor, não precisa se preocupar. Tô de boa, é sério. Queria muito fazer esse show, é o CPM 22, a casa lotada, era minha chance. Mas vou superar isso.

- Você terá muitas oportunidades de tocar com eles!

- Será? Quero terminar a escola logo, arrumar um emprego que preste e sossegar.

- Guilherme! – dou um tapa em seu braço. – te proíbo de desistir!

- Sabe o trabalho que dá começar tudo de novo, do zero?

- Não vai começar do zero. Você disse que tem composições solo, que não serviam pra banda. Essa é sua chance de usá-las.

- Não sei, não...

- Me mostra o que compôs, se eu gostar, você pensa com carinho a respeito de não desistir, combinado?

- Só não vale puxar saco, precisa ser sincera!

- Prometo! – faço um gesto com a mão, pra validar minha promessa.

- Então combinado.

Gui vai buscar o violão e chega a ser fofo sua animação para tocar.

- Pronta? - ele pergunta com o violão nas mãos.

- Sim, senhor. Pode começar.

Ele começa a dedilhar as cordas do violão, todo concentrado e então começa a cantar. E eu acabo me perdendo por alguns segundos observando-o.

Não é porque é meu namorado, mas Guilherme tem realmente talento pra isso.

Fico emocionada escutando sua voz, como casa bem com os acordes. Como pode uma pessoa ser tão incrível assim? Realmente espero que ele não desista. O mundo precisa conhecer essa voz.

Depois de um tempo tocando não só suas composições, mas alguns covers também, saímos pra tomar um sorvete.

- Quero que seja sincera. Gostou do que ouviu? - ele pergunta receoso enquanto põe uma colherada de sorvete de morango na boca.

- Ai, Gui. Nem sei como te falo isso... – ele me olha de um jeito que chega a dar dó. – Eu amei! Não percebeu que segurei o choro?

- Vai que é choro de desgosto, sei lá.

- Para de ser bobo. Eu amei, você manda bem e deveria mostrar isso pras pessoas!

- Vou pensar a respeito, prometo. – ele sorri e me dá um selinho gelado.

Depois do sorvete, ele me acompanha até em casa, e como já imaginava, meu pai insiste pra que meu namorado passe a noite, pois está tarde pra ele ir embora.

- Vamos assistir "O labirinto do Fauno", sentem aí e assistam com a gente! – meu pai diz, apontando pra que sentemos no sofá e assim fazemos.

- Só assim pra Alanis assistir filme com a gente. – ouço a voz da minha mãe vindo da cozinha com uma tigela de pipoca.

Meu garoto do violãoOnde histórias criam vida. Descubra agora