São Paulo, outubro de 2007
Guilherme
A melhor coisa que aconteceu na minha vida, foi ter conhecido a Alanis. Não sei o que essa garota tem, ela me torna uma pessoa melhor a cada dia.
Saber que aquela Débora teve coragem de jogar uma bola na cara dela com intenção de agredir me deixou muito bravo!
Quando cheguei no ensaio e vi que ela estava lá, não podia perder a oportunidade de tirar satisfação.
- Por que machucou a Alanis?
- Foi um acidente! Ela não estava prestando atenção no jogo.
- Mentira sua, fez de propósito!
- O que está acontecendo aqui? - Guga aparece preocupado com a nossa discussão.
- Nada. – Débora diz.
- Quero essa garota fora daqui. – respondo. – ela machucou a Alanis de propósito, não vou admitir ela no nosso ensaio.
- Eu já falei que foi sem querer! – ela se defende e começa a me irritar.
- Você queria prejudicá-la, quer toda a atenção da escola, das pessoas, dessa banda, tudo só pra você!
- Gui, acho que tá exagerando um pouco. – Fábio entra na conversa.
De repente toda a banda está em volta de nós e eles parecem cegos por essa menina.
- Vocês não estão percebendo que ela manipula todo mundo pra se destacar? E foi tão baixa a ponto de agredir minha namorada, a troco de nada.
- Guilherme, a gente te admira muito como músico, mas esse seu namoro com a Alanis tá te prejudicando com a banda. – Guga fala com certo receio.
- Hã? Eu faltei em algum compromisso da banda? Deixei de fazer algo por vocês? Ela nos ajuda na divulgação e não sei se lembram, mas ela que teve a ideia do nome da banda!
- Ela te desconcentra as vezes, e olha como está sendo injusto com a Debby! Ela disse que foi sem querer e acho que posso dizer por todos que acreditamos nela. – Fábio diz.
- Beleza, mas se ela ficar, eu vou embora. Não fico no mesmo ambiente que ela.
Quando olho, Débora está chorando e é amparada pelos caras.
- Ele tá sendo injusto comigo, não quis prejudicar a namoradinha dele. – ela fala com a voz abafada, chorando muito.
Como ela consegue fazer esse teatro todo? E como eles estão acreditando?
- Acho que já deu por hoje, melhor você ir, Guilherme.
- É, vou nessa.
Quando viro as costas e abro a porta, Fábio me chama.
- Ei, Guilherme. Não precisa mais voltar. Tá fora da banda.
- Como é? - não acredito no que ouço.
- Tá fora da banda. Se não consegue lidar com os problemas da sua namorada sem interferir no seu compromisso com a gente, não tem porque continuar.
- Ótimo, sucesso pra vocês! – bato a porta.
Saio pela rua e acabo dando um soco no poste, de tanta raiva.
Sou amigo deles faz anos, conhecemos essa encrenqueira a pouco tempo. Como eles foram capazes de me tirar da banda por causa de uma garota que eles mal conhecem?
Vou pra casa e ligo o computador pra espairecer um pouco ouvindo música no myspace.
Meu MSN acaba logando automaticamente e chega uma mensagem da Alanis. Acabo contando que fui expulso da banda por causa da Débora.
Alanis:
Não pode ser, eles nem a conhecem direito :x
Gui:
Mas foi isso que aconteceu.
Alanis:
Ainda pode se resolver com eles
Gui:
Eu não quero mais, já era.
Alanis:
Vem pra cá ):
Gui:
Posso? Preciso tanto de você :'(
Alanis:
Tô te esperando meu amor <3
Desligo o computador rapidamente e vou pra casa dela.
Durante o trajeto do ônibus fico pensando em tudo. Eu ia realizar um sonho, tocar com uma das minhas bandas favoritas e agora foi tudo pros ares. Nem entendo direito como isso aconteceu, não entra na minha cabeça essa Débora ter feito lavagem cerebral nos meus amigos. Acho que nem posso chamá-los assim, amigo de verdade não faz o que fizeram comigo.
Chego na casa da Alanis e ela está com o pai no portão, me esperando.
Cumprimento os dois e entramos. O pai dela percebe que tenho algo, me dá um toque nas costas como se estivesse me consolando.
- Vou deixar vocês ficarem aqui na sala, vou fazer uns lanches. – ele diz nos deixando a sós.
Sentamos no sofá e Alanis liga o vídeo game e me passa um controle. Começamos a jogar, em silêncio, e isso me incomoda.
- Você tá muito quieta.
- Sinto muito pelo que aconteceu, a culpa é minha.
Pauso o jogo e pego em sua mão.
- Alanis, você não tem culpa nenhuma. Aquela menina é manipuladora, a única culpada é ela.
- Mas eu coloquei ela na sua vida, se não fosse por mim...
- Para com isso. – eu a interrompo. – você não nos apresentou, ela que é enxerida. Era para as coisas serem assim, vou ficar bem.
- Você não merece isso, Gui! – ela me abraça forte. – eu tô com você, sempre!
- É só isso que eu preciso. – a envolvo no meu braço e assim ficamos.
Não sei como ela faz isso, mas me sinto melhor quando estamos juntos, quando nossos corpos se encontram. Essa garota é como um remédio.
- Ei, pombinhos, venham comer! – chama o pai dela.
Nos levantamos e eu a puxo pra um abraço forte e sussurro em seu ouvido.
- Eu te amo, demais!
Ela beija meu rosto e sorri. Esse é o jeitinho dela demonstrar que também me ama.
Nos sentamos à mesa e a família dela começa a conversar sobre algo que o irmão da Alanis fez e eles parecem felizes, isso me contagia. Por um momento esqueço meus problemas e aproveito esse clima de família.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu garoto do violão
RomanceAlanis é uma garota estudiosa e dedicada. Apaixonada por música, filmes e revistas adolescentes, jamais imaginou conhecer Guilherme, um cara gente boa que tem como paixão tocar seu violão. Dois adolescentes descobrindo juntos o amor, mas a vida adul...