Antes - Capítulo 17

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São Paulo, janeiro de 2008


Alanis

Guilherme escolheu o pior momento pra me contar que vai morar fora, pior, ele nem contou, soltou uma indireta durante a queima de fogos do ano novo.

Nem tive reação, no fundo eu já sabia, só precisava da certeza.

Por fora sorrio para todo mundo, mas por dentro estou em pedaços.

Nossas famílias ficaram festejando o ano novo até quase três da madrugada. Guilherme e eu não falamos mais sobre sua mudança.

Por mais que eu tenha entendido muito bem, uma parte de mim torce pra que tenha sido um engano.

Quando a família dele vai embora, vou dormir. Quer dizer, tento, mas sem sucesso. 

Meu coração está apertado, quero chorar e não consigo.

É o fim do meu namoro?

Ligo meu mp3 e fico ouvindo música até amanhecer.

Quando acaba a bateria, me levanto pego meu celular e vejo que são 6h34.

Desço até a cozinha e tomo um copo de leite. Volto pro quarto ainda sem sono.

Ligo o computador e fico assistindo alguns clipes no youtube, depois entro no Orkut e vejo que Gisele postou várias fotos com a mãe e o irmão.

Guilherme parece tão feliz e vê-lo assim me faz bem.

Fico mais um tempo navegando em vários sites e quando me dou conta já são quase 9h.

Desço novamente pra tomar café da manhã e meus pais estão conversando sobre o almoço.

- Fica chato não levarmos nada! – minha mãe reclama.

- Podemos levar a sobremesa. – meu pai dá a ideia.

- Vou fazer aquele meu pudim!

- Pra onde vocês vão? - pergunto confusa.

- Esqueceu? Vamos almoçar na casa do Guilherme. – minha mãe responde enquanto mexe no armário da cozinha.

Esqueci completamente disso, e não sei se quero ir, seria estranho todos lá menos eu. Acho que não tenho opção.

Tomo meu café e vou assistir televisão com Ruan. Meu pai se senta com a gente e fica olhando pra mim.

- Que foi? - pergunto incomodada.

- Sua cara tá estranha, parece que tá de ressaca.

- Parece que um trator passou por cima e te amassou toda. – Ruan comenta.

- Minha autoestima agradece aos dois! – faço careta. – só não dormi direito.

- Por mim você dormia mais, mas temos um longo dia pela frente.

- Como assim, pai? Não vamos voltar pra casa depois do almoço?

- Vamos na casa dos seus avós. – ele faz uma pausa antes de continuar a falar. – e o Guilherme vai conosco.

- Quê? Por quê?

- Acho que eu bebi um pouco além da conta ontem e acabei chamando ele pra ir com a gente.

- Pai, que mancada!

- Fica calma que eu num vou deixar seus avós o tratarem mal. E não vamos demorar lá.

Droga. O dia vai ser longo mesmo.

Quando vamos pra casa de Guilherme, fico um pouco insegura. Não sei exatamente como reagir a ele agora.

Meu garoto do violãoOnde histórias criam vida. Descubra agora