Antes - Capítulo 7

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São Paulo, setembro de 2007


Alanis

Cheguei em casa brava. Nunca me senti tão criança como nessa noite. Além de ter que entrar no show com os meus pais, eles não me deixaram ir à festa da banda, e pior, a Débora que tem minha idade, foi.

Entro no quarto batendo a porta. Tiro a maquiagem e pego uma roupa pra vestir depois do banho, acho que vou me acalmar depois disso. Pelo menos é o que eu espero.

Enquanto estou me ensaboando, percebo que minha mãe entra no banheiro e tento me fazer de desentendida porque sei exatamente o que ela vai dizer.

- Filha, quando você for mãe, vai entender porque não deixamos você ir na festa.

- Ah, eu sei! – respondo seca.

- Alanis, a maioria daqueles jovens são mais velhos que você. E se acontece alguma coisa lá? Você não saberia o que fazer, e se te acontece alguma coisa? Foi só pela sua segurança.

Não respondo nada, continuo tomando meu banho.

- Acha que não me doeu ter que proibir você de se divertir com o seu namorado e seus amigos? Eu espero que você pense no nosso lado como pais também.

Ela sai do banheiro e eu começo a chorar, coloquei toda a raiva pra fora nesse choro e no fim acabo entendendo os motivos dos meus pais, eu nem estava empolgada com essa festa, me incomodou o fato da Débora ir e eu sei que ela vai dar em cima do meu namorado.

Eu estava quase dormindo quando meu celular começou a tocar. Eram quase duas da madrugada.

É o Guilherme.

- Alô...

- Amor? Tô na sua janela.

- Quê? A essa hora? - desperto do sono.

- Eu disse que vinha te ver...

Desliguei o celular, levantei e abri a janela, com toda a preguiça do mundo.

- Você não devia ter vindo, é perigoso!

- Te acordei?

- Não, mas estava quase dormindo, está bem tarde, sabia?!

- Eu sei, não consegui vir mais cedo...

- A festa estava boa demais né.

- Alanis, não fala assim, queria que tivesse lá comigo.

- E eu queria estar lá, não faz ideia de como eu me senti tendo que voltar pra casa com os meus pais...

- Eu faço uma ideia, mas estava chato, só não voltei antes porque a galera tava bebendo e alguém tinha que ficar de olho para as coisas não saírem do controle.

Gui e eu ficamos um tempo conversando. Ele do lado de fora e eu pro lado de dentro. Ele me conta sobre a festa, em nenhum momento ele mencionou a Débora, acho que quis poupar que eu ficasse irritada, mas estou curiosa pra saber o que ela aprontou, porque com certeza alguma coisa ela fez, mas fico na minha.

Depois falamos sobre o show da banda, e eu fico mais apaixonada ainda enquanto ele fala com os olhos brilhando o quanto foi incrível tocar no Hangar 110.

Estamos empolgados com a conversa, quando meu pai entra no quarto e eu quase caio pra trás de susto.

- Que que esse menino tá fazendo aí fora uma hora dessas? - seu tom de voz é grosso, e ele claramente acordou pra ver o que está acontecendo e está usando seu pijama listrado e pantufas. Sem falar na cara amassada.

Meu garoto do violãoOnde histórias criam vida. Descubra agora