Meu garoto do violão

Antes - Capítulo 9

São Paulo, outubro de 2007

Alanis

As coisas parecem ótimas. Meus pais adoram o Guilherme e a mãe dele me adora. Ainda acho que ela pensa que sou uma tarada, mas pelo menos me trata super bem. Só o tio dele que me odeia, não pode me ver que parece me fuzilar com os olhos.

Na escola, minha paciência anda cada vez menor com a Débora, que garota mais insuportável! Não perde uma oportunidade de me fazer inveja sobre a festa de dias atrás e como ela está super amiga dos meninos da banda.

Mais um dia que horas demoram a passar nessa escola, e quando finalmente dá o horário da saída, ela me para no corredor só pra despejar mais veneno.

- Você vai no show, né Alanis? Guga tá tão animado!

- Claro que vou, não perco por nada. – respondo com um sorriso irônico.

- Será que vai poder ir pra festa dessa vez? - ela está sendo debochada e eu me seguro pra não voar no pescoço dela.

- Quem sabe? Não gosto de ficar no mesmo ambiente que gente falsa! – saio andando e deixo ela falando sozinha.

A Coffes and Troubles conseguiu fechar outro show no Hangar 110, dessa vez, abrindo para a banda CPM 22.

Estou empolgada, afinal é uma das bandas mais bombadas do momento e os ingressos esgotaram rápido. Isso significa que vai estar lotado, o que deixa Guilherme um tanto inseguro, mas empolgado.

Dia e noite a banda ensaia pra que tudo saia perfeito.

Do colégio, vou direto pro ensaio. Todos os dias estou acompanhando, as vezes levo a câmera e gravo alguns vídeos e faço algumas fotos pra postar no fotolog e na comunidade da banda, assim ajuda na divulgação dos shows. 

Hoje é terça e o show é domingo. Quando o ensaio termina, percebo Guilherme um pouco estranho quando me leva pra casa, de ônibus.

- Gui, tá tudo bem?

- Não sei, tá tudo estranho com a banda, sei lá.

- Estranho como?

- Acho que não me encaixo mais.

- Como assim? Aconteceu alguma coisa?

- Ando compondo músicas solo, não consigo mais escrever pra banda, entende? Não acho que o que estou compondo se encaixe com a Coffes and Troubles.

- Quer sair da banda?

- Não, eu amo aqueles caras, e agora nós estamos finalmente ganhando um espaço. Só não me sinto mais como antes.

- Entendi. – entrelaço nossas mãos e ele sorri. – deveria conversar com eles, sabe disso, não?

- Eu sei, vou fazer isso depois do show. – ele me abraça.

Descemos do ônibus e Gui me deixa na porta de casa.

Ficamos namorando um pouco, até que meu pai aparece e preciso ir. O engraçado é que ele me manda entrar, mas fica papeando com o meu namorando no portão.

Chego no meu quarto distraída e levo um susto quando vejo Samira ouvindo música no meu diskman debruçada na minha cama, lendo uma revista.

- Meu deus, que susto! – ponho as mãos no coração.

- Credo, não é pra tanto. - ela tira os fones e me dá atenção.

- O que está fazendo aqui?