Depois - BÔNUS

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Guilherme

Nataly chega em casa nervosa, jogando as coisas no sofá e pegando uma cerveja na geladeira.

Quando ela faz isso, é porque está muito brava com alguma coisa.

- O que aconteceu? - pergunto.

- Sabe quem eu acabei de ver?

- Quem?

- A Alanis, a sua queridinha.

- Puta que pariu.

- Ontem você não dormiu em casa porque estava com ela, não é?

Hesito em responder.

- Fala, Guilherme!

- É, eu estava com ela. Mas não desse jeito que você está pensando.

- Ah, não? E de que jeito você passou a noite com a sua queridinha?

- Primeiro, para de falar desse jeito, ela não é minha queridinha. Mas sim, fui vê-la.

- Como você é ridículo, cara.

- Nós só conversamos. Foram anos sem nos falar, eu precisava explicar pra ela tudo o que aconteceu.

- Pra quê? Pra ela te perdoar, voltar pros seus braços e você abandonar sua família?

- Quê? Não viaja. Ela precisava saber porque perdemos o contato. Depois, ficamos conversando sobre música e o tempo passou. Só isso.

- Sobre música, é claro. Já que sua esposa não gosta de música você preferiu falar sobre seu assunto favorito com a sua namoradinha da adolescência. 

Vejo muito ódio na forma como ela me olha. Odeio essa situação toda.

Eu e Nataly namoramos desde que cheguei no Brasil. Em 2015, nos casamos. No começo, nos dávamos bem. Mas ela nunca aceitou bem a história da Alanis e o fato do pai dela ainda ser meu amigo a incomoda até hoje.

Até tentei por muito tempo evitar contato qualquer pessoa que me ligasse a Alanis, mas mesmo assim, com o passar do tempo, Nataly foi ficando amarga.

Ela implica com tudo, nunca está feliz com nada.

- O que você sente por ela? Quero que seja honesto.

- Ela é importante pra mim.

- E eu?

- Você é muito importante pra mim, sabe disso.

Ela olha pro teto segurando o choro e dá uma risada falsa.

- Será que você nunca parou pra pensar em como eu me sinto inútil vendo você pensar em outra enquanto está comigo?

Eu nunca pensei nisso, e começo a me sentir horrível.

- Você tem razão, Nat.

- Claro que eu tenho!

- Vou parar com isso, prometo. Nós dois vamos ficar bem. – a puxo para um abraço que ela corresponde.

- Sei que nunca vou chegar aos pés da Alanis perfeita, mas eu tô aqui com você, não ela.

Doeu ouvir isso, mas é a mais pura verdade. Tenho um relacionamento com ela, e não com a Alanis.

Ela se solta do meu abraço e vai em direção ao banheiro.

Sei que vai chorar e eu me sinto um lixo por causar essa situação toda.

Pego meu violão e começo a tocar. Isso me acalma, me ajuda a organizar os pensamentos.

Meu garoto do violãoOnde histórias criam vida. Descubra agora