"Os Cavaleiros e o Escravo" ano 978 D.C

27 7 2
                                    

Uma noite no reino de York o vento guinchava como uma criança sentindo dor. O grupo de cavaleiros se amontoou para se aquecer, seus casacos grossos e felpudos protegendo-os do pior da tempestade. Eles formaram um círculo, com os cavalos tremendo e relinchando no centro, todos tentado se aquecer, todos menos um escravo de doze anos, manco da perna direita, o pobre menino negro estava ali apenas para preparar a comida dos seus senhores.
Suas cabeças estavam passadas, cada uma coroada com um elmo de Batalha típico da região, todos tiraram e deixaram caír na direção da terra alagada, os olhos fechados contra a chuva rodopiante e enfurecida. O fôlego deles pesado enquanto retiravam as pesadas espadas da cintura e ficavam com força contra o solo alagado.
... Em seus vários esconderijos, os lobos e ursos esperavam a tempestade passar, em suas confortaveis tocas, o outro solitário e resignado. Qualquer que fosse sua fome, nada os levaria adiante até depois que o vento agudo cessara seu choro e a chuva ofuscante se esgotara. O vento, rugindo do oceano para bater na cidade de York, rasgou as peles que revestia a grande muralha de madeira da cidade, peles com grandes desenhos de criaturas do mar.
O Capitão da Guarda esperou em silêncio estóico. Ele tinha visto muitas dessas tempestades nos últimos sete anos. O amarelo de seus dentes e as rugas em seu testa de pele marrom eram a prova de uma vida longa. Mas essas tempestades eram mais do que tempestades, eram mais do que naturais. Ele olhou para os jovens cavaleiros uns, tremendo não com frio, não com o Capitão Da Guarda, mas com medo, medo dos terríveis vikings, monstros além mar que invadiram o reino te tal maneira, que o próprio demônio iria renegar qualquer participação, destruíram vilas saquearam estruparam e mataram cristãos em todo lugar, deixavam um rastro diabólico de destruição e agora estavam por fim a chegar na cidade capital.
    – Podem me emprestar uma das peles ? – o menino escravo, Murmurou com seus olhos brilhantes.
– Calado, criolo de merda – retrucou o Capitão, mais rude do que pode. A criança, assustada, ficou em silêncio, e uma vez novamente o único som era o rugido dolorido da chuva e do vento.
O escravo se ajoelhou sozinho perto dos cavalos, atrás dos cavaleiros, para esconder seu choro, pois sabia que suas lágrimas poderiam me render boas chibatadas
Um cavaleiro chamado Giogionor se aproximou do ouvido do escravo e sussurrou – Negro, vou te tar um conselho para sua vida, o melhor conselho, e um dia você vai se lembrar que eu te disse isso... As pessoas vão te ofender, porque precisam saber que há fraquezas em você, não deixe elas saberem o que te machuca, ao invés disso, utilize isso como uma armadura, as pessoas temem mais aqueles que não se ofendem do que os que se defendem.
O garoto acenou com a cabeça, enquanto enxugava suas lágrimas. Giogiorno repousou a palma de sua mão confortavelmente na cabeça do escravo, mas algo o arrancou sua atenção brutalmente, retirou sua espada do solo juntamente com todos os outros cavaleiros, elogo se puseram em um círculo.
Ergueu-se como a fumaça, o ruído profundo, sem palavras, mas cheio de significado; um canto, carregado por uma centena de vozes. Os sons de tambores, e um exército marchando. O pior da raiva do vento foi desviado da cidade York pelo círculo de postes com chamas trêmulas, iluminando as lojas e casas que foram construídos fora da grande muralha da cidade, seus telhados curvos arqueando sobre um grande espaço interior em desafio do dificuldades desta terra.
Sobre o som do ritual profundo e antigo, o choro do vento ainda podia ser ouvido. O cavaleiro, Giogiorno, foi o primeiro a correr, correr em direção do sino, iria tocar o alerta, porem errou um passo e seu pé golpeou desajeitadamente o solo. Ele se recuperou e continuou correndo. Duas flechas flamejantes cruzaram o ar em um arco. Foi como se o elemento fogo ganhasse vida, as flechas acertaram a cabeça de Giogiorno simultaneamente e arrancou dele a vida; foi assim que silenciosamente, uma chuva de flechas banhou o grupo de cavaleiros e o pobre escravo.

A Balada dos Quatro Pistoleiros e outros contosOnde histórias criam vida. Descubra agora