XII

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Ventava frio e Wooyoung quase agradeceu a Deus que San tinha vindo o buscar de carro.

Ele não pretendia congelar no seu primeiro encontro, que, vale lembrar, tinha sido cuidadosamente marcado após o término do filme que tinha ido ver com seus pais no cinema, na sexta-feira da mesma semana. O carro foi estacionado na frente da casa e San saiu do veículo com um longo suspiro. Wooyoung o esperava na porta, um pouco ansioso demais, de modo que parecia uma bola de energia acumulada. Uma bola de energia acumulada e vermelha. Pensou que ia explodir quando seus pais e seu irmão começaram a tentar espiar por cima do seu ombro.

O moreno pigarreou quando se aproximou, puxando o Jung pela cintura para o abraçar e depositar um selar suave em sua testa.

Silêncio.

— Mãe, pai, vocês querem fazer o grande favor de pararem de bisbilhotar? E levem esse pestinha com vocês!

San soltou um riso, a mão firme ainda na cintura do loiro, a outra se erguendo para acenar para a família Jung.

Recebeu um tapa fraco de Wooyoung.

— Pare de dar corda pra eles! – Disse baixinho, indignado, mas os cantos dos seus lábios denunciavam que queria sorrir. – Vamos logo, Sannie.

Com um menear em concordância, o moreno puxou o companheiro pela mão e abriu a porta do carro para que ele pudesse entrar, sendo acompanhado de perto pelos olhos protetores e curiosos da matriarca Jung.

— Sua família é engraçada. – Comentou, sorrindo, enquanto dava partida no carro e manobrava com cuidado para pegar o caminho.

— Eles são um bando de idiotas. – Respondeu Wooyoung, soltando um riso baixo. – Pra onde estamos indo?

— Pro meu esconderijo secreto. Você sabe, eu não sou muito de sair e ter contato com muitas pessoas. Às vezes, eu precisava de um tempo só pra mim. – Seus dentes apertaram no canto do lábio inferior, e San respirou fundo. – Bem, ninguém mais sabe que isso existe, a não ser você.

Aos poucos, os vestígios da cidade iam diminuindo e dando lugar a árvores e vegetação que deixavam Wooyoung maravilhado. Ótimo.

— E por que resolveu me levar, então?

— Porque você foi a primeira pessoa que disse que me ajudaria e realmente tem se esforçado por isso. – Deu de ombros, esticando o braço para ligar o som. Tocava uma música calma e bem baixinha.

— Você continuou com as faixas. – Observou Wooyoung, com um meio-sorriso. San sorriu de volta, orgulhoso.

— Tenho tentado cuidar dos cortes como você fez aquele dia. Às vezes não dá certo, mas.. Eu acho que não ficar olhando pras cicatrizes ajuda um pouco, também. – Dizendo isso, ele parou o carro por um momento no acostamento para retirar a blusa de frio e mostrar os braços enfaixados. – Estou usando aquele remédio que você me deu pra diminuir as cicatrizes.

Wooyoung ergueu os olhos dos antebraços cobertos para as orbes do moreno e não pôde evitar um sorriso, San parecia tão orgulhoso de si mesmo agora. Tentando melhorar. Tentando mesmo. O loiro se sentiu extremamente tocado ao perceber que ele, de fato, estava ajudando uma pessoa. Respirou fundo.

— Estou orgulhoso de você, Sannie.

E, naquele momento, enquanto deslizava distraidamente os dedos ao longo das faixas, Wooyoung não sabia, mas fazia estourar fogos de artifício extremamente barulhentos dentro do peito de San, que, por Deus, não conseguia parar de sorrir. O mesmo San que vinha discutindo internamente consigo mesmo o caminho inteiro porque estava paranoico com o medo de ser rejeitado. Wooyoung estava orgulhoso e isso era tudo. O moreno se inclinou, seus lábios sendo carinhosamente prensados nos do loiro, que suspirou abafado. Seus dedos seguiram quase de imediato para o seu rosto, enquanto as mãos de San desceram em direção a sua cintura, o polegar acariciando a região sem pressa enquanto a boca se movia no mesmo ritmo.

— Eu sinto muito que tanta coisa tenha acontecido antes, mas eu estou aqui agora.

A voz de Wooyoung não passava de um sussurro quando se afastou o mínimo, os olhos ainda fechados, passando uma mecha do cabelo de San para trás de sua orelha.

— Eu vou cuidar de você.

Choi San sorriu.

Ele acreditava em Jung Wooyoung.

woosan; 「casa 77 」Onde histórias criam vida. Descubra agora