XV

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— Olha só se não é o nosso loverboy.

Wooyoung atirou um pano de prato na direção de Mingi, que ria descontroladamente desde a hora que ele havia chego no trabalho aquela tarde de sábado. Havia feito o possível para esconder todas as marcas, mas o Song era atencioso. Um avermelhado meio roxo perto da gola tinha o entregado.

— Não seja assim. Você se lembra da carta? A de seis páginas. – Um aceno risonho. Wooyoung tentou disfarçar as bochechas coradas. – San a queimou ontem à noite, na minha frente. Ele disse que não precisaria dela mais.

— Wow. Isso sim é um grande avanço. Você disse que ele voltou pra psiquiatra?

— Isso. Agora estou tentando convencê-lo a voltar pra faculdade, mas ele ainda está com um pouco de medo. Talvez no próximo semestre.. – Wooyoung deu de ombros, se virando para o caixa para atender rapidamente uma cliente, uma senhorinha com uma criança lhe puxando as barras da saia vez ou outra. Entregou o pedido para o dono dos fios vermelhos.

— Parece bom de verdade, Woo. Eu fico feliz por ver você ajudando alguém fechado como San. Mas ainda vou pedir para que tome cuidado, sim? – Mingi dizia enquanto preparava a bebida habilidosamente. Wooyoung assentiu com a cabeça, mas estava alegre, alegre mesmo. – Yunho me chamou pra sair hoje depois do turno.

Espera.

— O que?! Yunho? – Agora era Wooyoung quem ria, as bochechas de Mingi da cor dos seus cabelos.

— Eu não acho que vá ser algo romântico, Wooyoung. – Se era possível ficar ainda mais vermelho, era como ele estava, derramando a bebida pra dentro do copo da cafeteria, encaixando a tampa e buscando um canudo para seguir até o balcão e chamar pelo nome escrito.

— Não? Eu achei que vocês estavam bem fofos juntos da outra vez.

— Não, não.. Bem. Yunho é fofo, mas ele é um pouco.. Hm..

— Tarado? – Wooyoung voltou a rir, fazendo com que Mingi revirasse os olhos e o desse um empurrão fraco.

— Nós vamos dar uma volta no centro da cidade e depois ir pro motel, Wooyoung. Mas, você sabe. Yunho tem dinheiro. É o melhor da cidade, eu não sei nem o que fazer. – Murmurou, o tom mais baixo e envergonhado, enquanto o loiro se virava para atender mais clientes. Dessa vez, um casal bonito. O Jung buscou algumas das coisas da vitrine com as luvas e colocou nos pratos enquanto entregava o papel para Mingi.

— E você acha que vai ser só isso? Tipo.. Casual? – O ruivo acenou positivamente, com um suspiro. Wooyoung estalou a língua no céu da boca. Sabia que o amigo tinha uma queda por Yunho desde que se conheceram, mas nunca tomava nenhuma iniciativa. O Song ficava tímido, mesmo que Yunho flertasse com frequência.

— Ele não parece ser o tipo romântico nem nada. E não é como se eu estivesse apaixonado ou alguma coisa assim, eu só..

Ambos se viraram para a porta quando o sininho bateu, boquiabertos com a dupla que chegava. San e.. Yunho?

— Você só fica babando como um idiota. Feche a boca, Mingi. – Gargalhou o Jung, enquanto caminhava até a beira do balcão para cumprimentar San, este que lhe roubou um selar demorado e sorridente.

— Ei. – Disse o moreno baixinho, os olhos presos no homem a sua frente com tanta intensidade que Wooyoung desviou o olhar com um sorriso.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, só quis vir te ver. Quer dormir na minha casa hoje à noite? – Continuou no mesmo tom, recebendo um aceno em concordância em resposta. – Ótimo. Vou fazer o jantar pra nós dois.

— Ótimo! Eu te ligo mais tarde, então. Tenho que avisar meus pais, ou eles vão matar você. – Ambos riram, e San concordou brevemente. Não queria morrer, percebeu. Não queria mesmo.

— Vou já comprar algumas coisas. – O polegar de Wooyoung acariciava levemente uma das flores em seu antebraço. Ele estava usando camiseta. Camiseta! – Volte ao trabalho, vou estar esperando a sua ligação.

Com isso e mais um longo selar que o deixou até aéreo, Wooyoung voltou para o balcão, os olhos presos na figura de San deixando o estabelecimento. Pensou em falar com Mingi ou Yunho, mas seria impossível. Eles estavam a uma curta distância, do outro lado do balcão. Mingi permanecia com o rosto da cor do cabelo enquanto Yunho dizia algo em seu ouvido, uma das mãos pousada em sua cintura. Wooyoung não quis saber o que ele dizia.

Depois disso, o dia passou rápido. Embora o Jung não quisesse, o ruivo contou mesmo assim, o que resultou num loiro completamente vermelho e escandalizado, rindo enquanto dava diversos tapas fracos no braço de Mingi.

— A gente se vê amanhã de manhã. – Despediu o ruivo, antes de entrar no carro de Yunho, depois que eles fecharam a cafeteria. Wooyoung sorriu, mesmo um pouco preocupado. Não queria que Mingi acabasse magoado com alguma coisa.

Seguiu seu caminho em silêncio, o único som sendo o da música em seus fones de ouvido enquanto caminhava até em casa, trocando ocasionais mensagens com Hongjoong e os outros. Se Wooyoung estivesse prestando atenção ao redor, veria a figura parada de braços cruzados na esquina seguinte, com uma expressão nada amigável. Veria que o homem era familiar e veria principalmente que o caminho que ele seguiu logo depois era muito conhecido para si; mas não estava, porque seus amigos nesse momento o enchiam de perguntas indiscretas e indecentes no grupo que compartilhavam sobre a noite com San e o lotava de figurinhas e emojis que representavam suas emoções a cada coisa que o loiro falava.

Jung Wooyoung amava seus amigos escandalosos.

woosan; 「casa 77 」Onde histórias criam vida. Descubra agora