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sexta feira, 17 de agosto (ainda)

p e t e r

Já havia um certo tempo que eu já estava na quadra da escola. Tempo o suficiente pra aquilo me trazer tédio. Eu antes me achava meio estranho por não conseguir gostar ou me interessar por qualquer tipo de esporte, mas hoje eu acabo nem me importando tanto com isso.

Eu senti meu braço arrepiar. Era meu sentido. Alguma coisa estava acontecendo. Minha dúvida foi tirada quando Maya me mostrou. Era um acidente, era um lugar longe daqui. Mas eu tenho certeza que em qualquer momento eu vou precisar ir até lá. Eu não consigo entender porque tanto azar em uma só pessoa. E por que essa pessoa precisa ser eu?

Eu precisava ir, e não, eu não queria deixar Maya sozinha, e nem a Riley, eu sei que elas se viram aqui, mas mesmo assim, não gostava de desmarcar coisas. E eu uma das piores coisas da minha segunda identidade era, mentir.

Eu preciso mentir a maior parte do tempo para sair de casa sem a May perceber. Preciso mentir para não me encontrar com o Ned. E agora, eu vou precisar mentir pra Maya, e pra Riley. Eu sabia que uma hora isso teria que acontecer, mas não sabia que seria tão cedo assim.

Senti meu bolso vibrar e não me surpreendi quando eu vi a mensagem da Natasha. Ela estava estressada. Não é anormal ver a Natasha estressada, ainda mais agora, o estresse que ela tinha se multiplicou por cem. Mas ela ainda é a minha pessoa favorita naquele estágio.

-Eu preciso ir —Me levantei

-Peter, o que tá acontecendo? —Maya se posicionou na minha frente

-É a minha prima, eu tinha esquecido que ela chegava de viagem hoje e eu tenho que ir ver ela

-Tá, mas você vai antes do jogo acabar?

-Ela vai embora amanhã de manhã, eu nunca vejo ela, sabe...

-Tudo bem, você vai sozinho?

Poxa Maya, chega de perguntas, eu preciso ir.

-Sim, não se preocupa, qualquer coisa eu chamo um táxi, me desculpa por deixar vocês duas aqui sozinhas Maya

-Relaxa pode ir —Ela se sentou

Eu sai dali o mais rápido possível. Tropecei em pelo menos 7 pessoas antes de conseguir sair da quadra. Desci as escadas e fui até os corredores do colégio. Abri meu armário, errei a tentativa pelo menos umas 3 vezes, e peguei minha mochila com minha roupa.

Corri, corri o mais rápido que pude até o primeiro beco escuro que eu pudesse encontrar. Eu sei que soa estranho ver um garoto de 15 anos se trocando no meio da rua num beco escuro, eu sei, mas eu não tinha muitas opções agora. Coloquei minhas roupas na mochila de novo, e levei a bolsa junto comigo. Porque imagina o que minha tia iria pensar se eu perdi minhas roupas num evento de escola. E ela anda me enchendo com papo de virgindade. Eu queria me poupar daquilo pelo menos por agora.

E agora, estava um cara com uma roupa de homem-aranha correndo com uma mochila preta nas costas. Então, até eu encontrar o primeiro prédio na minha frente. Soltei as teias o mais rápido que eu podia, e o mais longe que eu pudesse. Porque se eu não chegasse lá em menos de 10 minutos eu ia ter que escutar as broncas do Tony por 10 horas seguidas.

O caminho era complicado, as ruas eram completamente estreitas e se eu tiver sorte eu vou esbarrar em todas as paredes que aparecessem na minha frente. E isso aconteceu, quando mais eu soltava a teia, mais a minha mira ia errado e eu batia meu rosto na parede.

Já tinha andado 5 quarteirões inteiros com queda e tudo. Consegui escutar o barulho da confusão. Eu não sei se iria conseguir lidar com aquilo se era isso que eles estavam esperando.

impossible, parkerhart. Onde histórias criam vida. Descubra agora