A Herdeira de Hécate
Carry on my wayward sonThere'll be peace when you are doneLay your weary head to restDon't you cry no more
Capítulo 27 - Carry On My Wayward Son (Kansas)
Na manhã de dois dias depois, eu não queria levantar de maneira alguma. Sério, parece que quando você está quase entrando numa missão suicida, você fica com uma vontade eterna de continuar na cama. Eu não havia nem aberto os olhos ainda, e já havia me lembrado de que eu estava cada vez mais perto da morte nos próximos trinta dias.
Droga de vida.
Girei novamente entre as cobertas, enrolando ao máximo para não levantar. Será que eu não poderia continuar aqui não?! Muito melhor continuar dormindo ou me lembrando do dia que passei com Nico ontem. Sério, não me faça levantar às cinco horas da manhã, não. Minhas coisas já estavam prontas, ao lado da porta, mas por mim continuaria ali.
Uma pena que não era por mim.
- Anda logo, ruivinha, a gente tem que ir! - reconheci a voz de Travis, enquanto ele batia na porta para me fazer levantar.
Resmunguei qualquer coisa incompreensível, mas não fiz qualquer outro movimento além de enfiar minha cara novamente no travesseiro na tentativa de voltar a dormir. Tentativa fracassada, diga-se de passagem, porque minutos depois minha porta quase foi arrombada. Algum ser acéfalo que não preza pela própria vida começou a bater na porta. Levantei a coberta até acima da cabeça, tentando inutilmente manter aquele som fora da minha bolha de sono e sedentarismo.
A batida parou e eu estava prestes a dar graças aos deuses quando senti minhas cobertas serem arrancadas de cima de mim. Abri um olho, me encolhendo em mim mesma para espantar o frio repentino, e vi Nico sentado na ponta da cama, rindo. Ah, claro, pra quê quase arrancar a porta das dobradiças se você pode simplesmente aparecer no meio do quarto pelas sombras?! Fechei os olhos com força, balbuciando uma praga qualquer pra cima dele, e virei pro outro lado.
- Não mesmo, você não vai ficar dormindo na sua primeira missão! - Nico disse, passando o braço ao redor da minha cintura e me virando para ele.
Senti uma energia atravessando todo o meu corpo a partir de onde me tocou, me acordando completamente.
- Missão suicida, diga-se de passagem. - eu resmunguei com a voz ainda rouca de sono.
Nico parou e me encarou, provavelmente sentindo o meu medo exalando de cada poro.
- Eu não vou deixar nada acontecer com você, Anjo, prometo. - ele disse, tirando uma mecha ruiva e colocando atrás da minha orelha.
- Eu sei disso. - falei, levantando minha mão e colocando sobre a dele, que havia permanecido em meu rosto. - Mas eu não tenho medo por mim, Nico.
- Vai dar tudo certo. - ele disse, mas eu podia ver a angústia em seus olhos. Será que era relacionado ao verso que ele não me falara? - Eu prometo.
Ele se inclinou para me beijar, mas então lembrei que eu acabara de acordar e rapidamente coloquei a mão sobre meus lábios, fazendo-o beijar meus dedos. Nico se afastou um pouco e me olhou confuso.
- Acabei de acordar e você não vai querer me beijar com bafo matinal. - eu disse, com os dedos ainda sobre a boca, fazendo o som sair mais abafado.
Nico riu, afastando minha mão da minha boca. - Não me importo. - e se aproximou.
- Mas eu me importo! - eu disse, virando o rosto e sentindo seus lábios beijando minha bochecha.
Nico bufou. - Tudo bem, então vá logo escovar os dentes antes que eu dê meu jeito de te agarrar.
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A Herdeira de Hécate
Fiksi Remaja"O destino é algo incerto. É algo maior que nos controla - a tudo e a todos. O destino nos leva a fazer escolhas. Escolhas difíceis, muitas vezes, cuja tensão nos pressiona a cada segundo e cujas as consequências podem nos assombrar pelo resto da vi...