Capitulo 48 - Kids In The Dark

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A Herdeira de Hécate

Here we are at the end of the roadA road that's quietly caving inCome too far to pretend that we don'tWe don't miss where we started

Capitulo 48 – Kids In The Dark (All Time Low)

Senti o assento duro da cabine do trem amortecendo minha queda. Fiquei momentaneamente sem ar e lutei para respirar novamente. Recuperei-me e fui até a janela, conseguindo ver a nuvem de poeira dourada sumindo ao longe. Conseguimos derrotar a Anfisbena.

- Cristal, Nico, temos que ir rápido! – Paige entrou apressadamente em nossa cabine enquanto Nico se levantava do chão.

- Por quê? O que houve? – ele perguntou, franzindo o cenho.

- Guardas mortais. – disse Travis, entrando logo em seguida e fechando a porta. – Precisamos dar um jeito de sair daqui.

Minha mente começou a acelerar, trabalhando em algum plano de última hora. Não que fosse funcionar muito, claro, geralmente meus planos de improviso eram uma droga.

- Tive uma ideia. – Nico pareceu ter raciocinado mais rápido do que eu. – Peguem suas coisas.

Peguei minha mochila e a pendurei em meus ombros, vendo os outros fazendo o mesmo. Vozes gritavam do lado de fora da cabine. Não tínhamos muito tempo.

- Vamos viajar pelas sombras. Como são quatro pessoas, pode ser um pouco mais desconfortável. – ele avisou, pegando minha mão e de Paige, pedindo para que Travis completasse o círculo.

Como estava escuro tanto fora quanto dentro do trem, foi mais fácil de ele conseguir. Conseguimos entrar nas sombras no segundo em que os guardas arrombavam a porta da cabine. No entanto, não havia sido nada agradável. A sensação de desmembramento e de estar entrando num mundo gelado apenas triplicou pelo fato de ter mais pessoas que o comum. A vontade de desistir de tudo estava presente, mas isso era questão de costume. Quando eu me senti sufocada ao extremo ali dentro, senti-me caindo de costas no chão de cascalho ao lado dos trilhos já percorridos pelo trem que estávamos.

- Ah. – arfei, sentindo todo o ar escapando do meu pulmão quando tentei me levantar. Minhas costas doíam.

- Cris, está tudo bem? – Travis perguntou ao meu lado.

Eu neguei com a cabeça e estiquei a mão, esperando que ele entendesse. Travis segurou minha mão e me ajudou a levantar. Estiquei-me, sentindo minhas costas latejarem. Acho que eu não teria uma boa noite de sono.

- O que devemos fazer agora? – perguntou Paige, levantando-se sem qualquer ajuda e passando as mãos na bunda de sua calca para limpá-los.

Como se fosse automático, os três se viraram para me olhar, deixando-me desconfortável.

- Eu não sei, gente. – murmurei. – Talvez devêssemos acampar por hoje e decidir amanhã.

- É uma boa ideia. – concordou Nico. – Vamos. – ele disse, seguindo pela floresta que ficava ao lado dos trilhos de trem.

- Vamos mais adentro até perto da estrada de asfalto. Talvez seja mais fácil para amanhã conseguirmos sair daqui. – sugeri.

Eles assentiram, concordando, e adentramos cada vez mais a floresta. Eu permanecia perdida em meus pensamentos, alheia a quase tudo que não fosse meus pés seguindo o caminho dos meus amigos. Com o silêncio à minha volta, minha mente ficava mais aberta a pensamentos que pensei já ter esquecido. A profecia me perturbava. Era clara, mas o fato de Nico ter me escondido parte dela me deixava inquieta. E se justamente essa parte escondida for a que diz que eu coloco tudo a perder?

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