A Herdeira de Hécate
In the middle of the night
When the angels scream
I don't want to live a lie, that I believe
Time to do or die
Capítulo 7 - Do or Die (30 Seconds to Mars)
Os dois meses que se seguiram foram uma reforma de vida. Tanto minha, quanto de meu pai. Passamos a interagir mais, nos conhecendo mais. Eu e Nico passávamos todo o tempo livre que sobrava da escola e do meu trabalho, juntos. Sem os beijos. Eu não me importaria de beijá-lo novamente, mas ele parecia não querer tocar no assunto dos beijos que trocamos no meu apartamento. Se ele não queria falar sobre isso, eu que não falaria. Não correria nunca o risco de perdê-lo. A amizade dele agora se tornara algo essencial para minha existência.
Mas, durante esses dois meses que se seguiram, algo mudou dentro de mim. Quando eu estava com Nico, agora eu sentia tudo mais intensamente. Se eu sentia antes meu estômago embrulhando quando eu o via, agora eu sentia uma enxurrada de fogos de artifício. E só a ideia de vê-lo com outra garota já me enojava e revoltava. Quando eu tive confiança suficiente em meu pai, depois que ele parou de beber, acabei contando a ele sobre Nico. No início, ele teve uma reação comum a todos os pais - e eu gostei, pois mostrou que ele tinha mesmo mudado. Ele começou a xingar e dizer que nenhum muleque iria se aproximar de mim.
Mas quando eu disse que era o mesmo menino lindo e educado que tinha me salvado do suicídio na Ponte do Brooklyn, ele resolveu parar se soltar fogo pelos olhos e me escutar. Então eu contei a história toda - menos, claro, que os beijos tinham sido no meu quarto - e papai me disse algo que eu já estava desconfiada. Mas eu preferia que continuasse somente na desconfiança mesmo, porque ao mesmo tempo que é mágico, dói.
Eu estava apaixonada por meu melhor amigo.
- O que aconteceu? Você está muito distraída, Anjo. - disse Nico, despertando-me dos meus pensamentos.
Era meio de semana, e eu tinha acabado meu turno não tinha nem quinze minutos, mas continuei na sorveteria, para aproveitar o clima mais quente e beber um sorvete. Com Nico, claro. Abri um sorriso sonhador, lembrando-me que tínhamos acabado de tomar um sorvete no dia em que nos beijamos. Nico não pareceu se lembrar, pois ficou me olhando intrigado. E saber que ele não se lembrava do nosso beijo fez meu coração se apertar em meu peito. Essa rejeição me doía mais do que a da minha mãe me abandonando quando era bebê.
Posso dizer também que me acostumei com meu novo apelido de Anjo.
- Não é nada. - eu respondi rapidamente. - Estava apenas pensando.
- Em quê? - ele perguntou, sorrindo torto.
Em você.
Mordi o lábio inferior para não falar nenhuma merda. Mas esse meu movimento não passou despercebido por Nico, que ficou olhando para meus lábios. Desviei o olhar para entrada, para evitar um constrangimento ou qualquer pensamento que depois iria me deixar depressiva. Mas então algo lá fora me chamou a atenção.
Uma mulher, aparentemente bonita.
Se não fosse por suas pernas de serpentes.
Aquele tipo de coisa vivia me seguindo. Eu fugia, claro, mas sempre me encontravam. Até que alguma coisa - ainda mais estranha do que esses bichos que querem me matar - fazia com que eles sumiam. Era sempre quando eu já estava cansada de correr, ou irritada por isso sempre acontecer. Às vezes vinha uma frase estranha em outra língua na minha mente e eu acabava falando-a em voz alta. Daí o bicho explodia do nada. Eu nunca soube exatamente o que era isso que eu fazia, mas sabia que era eu.
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A Herdeira de Hécate
Novela Juvenil"O destino é algo incerto. É algo maior que nos controla - a tudo e a todos. O destino nos leva a fazer escolhas. Escolhas difíceis, muitas vezes, cuja tensão nos pressiona a cada segundo e cujas as consequências podem nos assombrar pelo resto da vi...