Capítulo 46 - Afire Love

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A Herdeira de Hécate

Put your open lips on mine and slowly let them shut

For they're designed to be together ohWith your body next to mine our hearts will beat as oneAnd we set alight, we're afire love

Capítulo 46 - Afire Love (Ed Sheeran)

Nico e Travis se opuseram quase completamente à ideia. Não que eles estivessem errados. Geralmente quando ideias assim vinham de Paige quase nunca acabavam em algo necessariamente bom. Eu mesma teria me recusado a participar de algo assim se eu estivesse em plena consciência. Mas o fato de eu ainda não me sentir preparada para tudo o que estava vivendo indicava que eu não estava sã. Talvez fosse isso. Talvez eu me sentisse tão presa na sensação de ser uma futura perdedora que terá o peso do mundo nas costas que mal pensei quando aceitei ir naquela balada e ainda ajudei Paige a convencer Travis e Nico a nos acompanharem.

E agora estávamos aqui, entrando numa balada lotada, com uma loira saltitante, um emo e um trapaceiro emburrados e uma ruiva entediada. E eu sabia que Paige havia mexido com a Névoa para que pudéssemos entrar.

- Tínhamos mesmo que estar aqui? – perguntou Travis, gritando por cima do volume alto.

- Tínhamos! – respondeu Paige no mesmo tom de voz. – Agora vamos logo nos divertir, Stoll! – e pegou-o pela mão, puxando-o por entre as pessoas que tinha ali, sumindo de nossas vistas.

Fiquei olhando em volta, vendo todas aquelas pessoas animadas dançando, se mexendo e se agarrando. Os efeitos quase me cegavam e o calor era grande, mas ver todo aquele movimento me fez ter vontade de sair correndo. Eu não pertencia àquele tipo de lugar. Eu não gostava daquilo e não adiantaria eu me forçar. Quando eu já estava prestes a dar as costas para sair daquele lugar, senti uma mão segurando a minha. Quando vi Nico ao meu lado, segurando minha mão enquanto olhava ao redor, percebi que ao menos não estava sozinha. Ele estaria ali comigo. Mas percebi que ele também não se sentia confortável naquele ambiente. Éramos filhos de deuses sombrios, excluídos e isolados. Não éramos baladeiros como os filhos de Apolo ou Dionísio. Por isso apertei meus dedos nos seus, tentando passar o conforto que nós dois precisávamos.

Nico olhou para nossas mãos entrelaçadas e sorriu para mim, parecendo relaxar. Aproximou seu corpo de mim e sussurrou por cima do som eletrônico da boate em meu ouvido.

- Quer beber alguma coisa? – perguntou.

Olhei em volta, percebendo que não poderia fugir dali. Então assenti, para depois ele me puxar em direção ao bar que tinha não muito longe dali. Eu segurava fortemente sua mão para sumir naquela multidão que me empurrava a cada passo. Quando chegamos inteiros ao balcão, me sentei no banco que tinha ali e Nico se sentou ao meu lado.

- O que quer? – ele perguntou.

Pensei em todas as opções de álcool que Travis e Connor me obrigaram a conhecer e decidi que algo mais leve no momento seria o ideal.

- Acho que coca com vodka. – respondi.

Nico repassou o pedido ao barman, pedindo uma coca com vodka para ele também. Fiquei observando minhas unhas, um pouco nervosa com aquela música alta me deixando com dor de cabeça e todas aquelas pessoas em volta. Inicialmente eu até quis realmente vir, somente para parecer uma garota normal, mas eu acabara esquecendo que eu nunca seria. Semideuses jamais serão normais.

De repente, senti uma mão na minha coxa. Quase dei um pulo do banco enquanto levantava meu olhar, mas vi que era apenas Nico, que estava em pé agora logo à minha frente. Franzi o cenho, procurando seus olhos, mas ele não olhava para mim. Olhava diretamente para alguém que parecia estar ao lado da pista de dança. Não segui seu olhar, mas analisei suas indicações corporais. Seu corpo estava tenso e seu cenho também franzido. Se eu fosse realmente boa em biologia ou em decifrar a mente humana, eu diria que ele estava tomando cuidado de suas posses e seu território. Ele estava com ciúmes?

A Herdeira de HécateOnde histórias criam vida. Descubra agora