Capítulo 15.

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Sim, isso não é uma miragem. Eu voltei meros mortais.

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-- Toni? -- Cheryl chamou ao se aproximar da mesa, vendo as orbes castanhas se erguerem e lhe fitarem. -- Pode vir aqui um minuto?

-- Ainda não terminei de comer. -- Toni falou e Cheryl suspirou, caminhando até ela e se sentando de frente para a maior.

-- Obrigada. -- Cheryl disse baixinho, se arremessando nos braços de Toni sem dar tempo da outra falar nada. -- Eu amei. -- Ela completou, sentindo finalmente os braços da menor se envolverem ao seu redor, abraçando-a de volta.

-- De nada. -- Ela replicou, sentindo Cheryl se afastar alguns poucos centímetros e plantar um calmo beijo em seu rosto.

-- Como conseguiu? -- Cheryl perguntou, removendo os braços do pescoço de Toni, por outro lado, a mais velha permaneceu com seus braços ao redor de Cheryl. -- E não seja grosseira em sua resposta. -- Se aprontou em dizer ao ver que Toni iria abrir a boca para dizer algo.

-- Hey! -- Toni repreendeu, mas sua repreensão foi seguida de um enorme sorriso que enfeitou seus lábios. -- Pare de saber como eu vou agir.

-- Não dá. Você é previsível. -- Cheryl disse rindo baixinho e Toni franziu os olhos.

-- Não vou te contar como consegui então. -- Toni disse e Cheryl abriu a boca surpresa.

-- Não! T.T, olha... Eu retiro tudo o que eu disse. Você não é nada previsível, eu sequer sei que você só está fazendo isso para eu voltar atrás no que disse. -- Cheryl disse e Toni riu, suspirando.

-- Tudo bem. Pedi para uma amiga pegar para mim. -- Toni respondeu e Cheryl desviou o olhar para Veronica, que havia tossido alto.

-- De nada. -- A morena falou e Cheryl sorriu.

-- Obrigada por isso. -- Cheryl disse e Veronica se espreguiçou.

-- Eu preciso dizer "de nada" de novo? -- Cheryl riu graciosamente antes de ousar deitar a cabeça no ombro de Toni.

-- Coma! Você quase não comeu nada. -- Cheryl impôs e Toni negou.

-- Não estou com fome. -- A mais velha replicou e Cheryl sentiu Toni começar a acariciar suas costas. Aquilo era novo, Toni não fazia carinhos.

-- Mas precisa comer. -- Cheryl insistiu e Toni voltou a negar.

-- Comi a fruta. Posso esperar o almoço agora.

-- Certo. -- Cheryl disse, vendo Veronica olhar confusa para Toni.

-- Só gostaria de agradecer ao sol por aquecer a pedra de gelo. -- Veronica disse do nada, se levantando. -- Vou sair daqui porque sei quando atrapalho.

-- Você não está atrapalhando. -- Cheryl disse, se aconchegando mais nos braços de Toni.

-- Tchau. -- Veronica falou, se afastando e Maggie riu.

-- Nem pense em sair, Maggie. Não estão atrapalhando. -- Cheryl disse ao ver o olhar de Scar de quem também saíria. Ambas apenas assentiram e então a ruiva ergueu seu rosto, fitando Toni com um sorriso divertido nos lábios.

-- O que foi? -- Toni indagou.

-- Você realmente não acredita que eu só trabalhe na enfermaria? -- Ela indagou e Toni suspirou. -- Que bilhete foi aquele? -- Ela perguntou rindo.

-- Eu sei que só trabalha, só quis te lembrar que esse lugar não é para você. Ela trabalha em um presídio e lida com pessoas perigosas todo o tempo. Você tem que, uh... -- Ela se inclinou para sussurrar, afinal as amigas de Cheryl não sabiam que elas não estavam realmente juntas. -- Encontrar alguém que não seja daqui para ocupar esse coração. -- Cheryl franziu o cenho e a fitou.

-- Por quê? -- Indagou confusa.

-- Você merece mais do que isso. -- Toni disse, olhando para baixo e Cheryl levou uma mão até seu queixo, o erguendo.

-- E se eu não quiser mais do que isso? -- Cheryl indagou, encarando-a com intensidade e Toni suspirou.

-- Você quer mesmo a médica, não é? -- Toni perguntou em seu ouvido com ar de derrota e Cheryl negou com a cabeça, voltando a fitá-la.

-- Não estou me referindo à ela. -- Cheryl informou e Toni se levantou, jamais deixando de olhá-la.

-- Você não deveria se envolver com ninguém daqui. -- Toni disse e Cheryl se levantou junto. -- Você merece mais.

-- Como sabe o que eu mereço ou não? Você sequer me conhece. -- Cheryl disse veemente e Toni passou uma mão pelo próprio rosto, respirando fundo antes de rir baixinho e levar uma mão até o rosto de Cheryl, acariciando-o.

-- Destemedida como sempre. -- Toni disse sorrindo nostálgica e Cheryl estranhou a atitude. -- Os anos passam, mas você não muda.

-- Anos? Você me conhece de antes? -- Cheryl indagou e Toni negou com a cabeça.

-- Não ouça as bobagens que eu digo. Só acordei com sono. -- Toni disse, deixando um beijo em sua bochecha antes de começar a caminhar para longe.

-- Espere! -- Cheryl chamou, seguindo-a. -- Toni! -- Tentou novamente, sem êxito. -- Eu não acredito em você. -- Cheryl disse no meio do corredor de suas celas, fazendo Toni frear no mesmo momento e se virar para ela.

-- Não acredita em quê? -- Toni indagou e Cheryl a alcançou, parando em sua frente. Sua respiração agitada pela aceleração de seus passos.

-- Que esteja sonolenta. -- Cheryl disse quase arfando e Toni riu.

-- Tudo bem. -- Toni disse dando de ombros e Cheryl segurou seu pulso, não deixando a menor continuar seu caminho.

-- Não acredito que você tenha dito "anos" por estar sonolenta. -- Confessou. -- Não acredito que tenha trocado os frascos por não ter notado e tampouco acredito que seja essa durona que todo mundo aqui dentro crê que é.

-- Ah é? -- Toni perguntou e Cheryl assentiu, sentindo seu coração acelerado, ela só não sabia identificar se era por ter acelerado o passo minutos atrás ou por estar falando aquilo para Toni.

-- Sabe o que mais eu acho? -- Cheryl indagou dando mais um passo a frente, vendo Toni negar com a cabeça e prender a respiração. -- Que você gosta de mim. Que essas brincadeiras sobre me beijar são porque você realmente quer isso. -- Umedeceu os lábios e tomou ar.

-- E no que mais acredita? -- Toni perguntou, encarando-a como se lêsse sua alma através daquele olhar.

-- Também acredito que o que você diz ser dó de mim é, em realidade, preocupação real.

-- Não me importo com você e não quero te beijar, Cheryl, não alucine. -- Toni disse fazendo uma careta e Cheryl a encostou lentamente na parede entre duas celas quaisquer.

-- Então me prova. -- Cheryl sussurrou, plantando um beijo no canto dos lábios de Toni antes de roçar seus lábios nos dela.

-- Cheryl, pare!

-- Não! -- Cheryl negou veemente, fitando os lábios rosados a centímetros dos seus enquanto sentia seu corpo inteiro quase tremular. -- Me prova que você não está louca para me beijar, para sentir o gosto dos meus lábios contra os seus.

-- Está retratando um desejo seu? Porque eu não quero isso. -- Toni disse com a voz ligeiramente falhada e Cheryl colocou as mãos na cintura da garota.

-- Sim, é um desejo meu. -- Cheryl confessou, roçando seus lábios nos de Toni. -- E se não for seu também então me afaste...

Os olhos castanhos queimavam Cheryl e ambas sentiam o ar lhes faltar, corações acelerados e o perfume de Cheryl exalando das duas.

-- Não posso fazer isso... -- Toni disse baixinho. -- Não consigo te afastar. -- Confessou, sentindo seu peito doer devido à velocidade de seus batimentos.

-- Então me beija... -- Cheryl murmurou e no instante seguinte os lábios de Toni pousaram sobre os seus com pressa e intensidade, porém, jamais perdendo a delicadeza e realizando, finalmente, o desejo de duas simples presidiárias.

Presa Por Acaso [Choni Version] (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora