XII

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As vezes imagino uma bolha, onde nela eu resido dentro, essa bolha me protegeria e eu não me machucaria, e nem ninguém poderia fazer o mesmo. Poderia ficar em meu modo zen sem que alguém me julgasse, poderia ser livre pra falar o que quiser, e poder fazer minhas próprias escolhas... Mas essa é uma realidade longe de se alcançar.

- Thomas. - falei - Acho que seu pai é uma cobra.

- Que? Porque?

- Uma hora ele te bate, e no dia seguinte ele está uma seda. - respondi - E dizendo "Thomy vamos jogar  beisebol, você é o melhor não desista".

- Imitou direitinho. - Thomas riu.

Bateram na porta apressadamente.

- Desçam os dois.

- Falando no demônio... - disse Thomas.

- Engraçadinho. - disse eu - Vai indo que já desço.

Thomas saiu do quarto e fechou a porta, como de costume, ouvia seus passos lentamente se distanciando. Havia algo que me incomodava fazia um tempo, mas sempre que tomava coragem, algo me impedia de perguntar.

- Existe algum motivo plausível, pra que Thomas não possa saber de você?

- Sim. - respondeu Albert - É um até que simples. Ele não pode saber por que se não ele teria uma ataque do coração, e outra coisa que não posso te contar agora, pois se trata de um segredo.

- Ah... - resmunguei - segredos...

- Não foi você quem disse, que segredos quando contados não são mais segredos?

- Como?...

- Sei de muitas coisas, inclusive o que vai acontecer nos próximos cinco minutos. - Disse Albert - Aliás você deveria ir andando.

- Claro. - respondi - Sim.

Me levantei, e fui em direção a sala. Descendo as escadas me deparo com uma pessoa conhecida, e muito querida por mim, sinceramente a melhor pessoa existente, obvio depois de Thomas.

- Tia Celi!

Sempre chique e extravagante, tia Celi usava seu terninho branco, seu cabelo castanho, preso em um coque com detalhes em dourado. Parecia um anjo que veio me salvar na exata hora.

- Mas quanto tempo! - exclamou Celi - Você esticou, não?

Meu pai não mantinha laços com sua família, então raramente via-mos tia Celi.

- Me conte tudo! - Disse Celi - Quais as novidades? Já existe um boy na sua vida?

- Acho que "boy" só na barriga mesmo. - falei sarcástica.

- O que faz aqui Cecília? - indagou meu pai.

- Mas Dudu isso é jeito de tratar uma visita? - Falou Celi com ar de deboche - Mas te conto! Pois eu estava de passagem e quis rever meus sobrinhos favoritos, já que o pai desnaturado deles sumiu do mapa!

- Somos seus únicos sobrinhos tia Celi. - falou Thomas.

- Certamente, por isso são meus favoritos. - falou tocando na ponta do nariz de Thomas.

Tia Celi não estava ali por coincidência, meu pai nos afastou dela por conta de acontecimentos passado, ligados a mim. Quando cheguei, eu era totalmente diferente, Thomas literalmente me ensinou a falar, e a como diferenciar o sarcasmo em uma conversa, aliás... Thomas é um ótimo professor. Tia Celi é advogada, e descobriu certas coisas que meu pai fazia, durante o processo de adoção, que não à deixaram muito feliz, como disse antes, eu mal sabia falar, e como não os conhecia ficava tímida a maior parte do tempo, por conta disso, ele me repreendia por coisas sem sentido, ou me castigava por coisas que não sabia fazer, e eu só podia comer determinadas coisas fora do horário se eu pedisse com palavras, o que era estremamente raro. Thomas era muito ingênuo na época, não sabia direito o que acontecia, e pra mim, aquilo era melhor do que eu passava antes, então não reclamava. E pensando assim, passou em minha cabeça, que as vezes ele só fingia se sentir preocupado comigo para não chatear Thomas... Ele realmente é uma cobra, uma cobra peçonhenta.

No Fim Do Arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora