XI

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Ele ficou surpreso com a minha resposta, mas fazer o que, nem sempre sua vida vai ser uma perfeição, seus pais podem não ser seis pais, seu irmão pode não ser seu irmão.

- Eles me adotaram faz quatro anos. - falei - E só me adotaram porque foi Thomas que me escolheu, se não tivesse sido ele, com certeza teriam escolhido um garoto.

- Então isso é um motivo, pra que sua relação com eles seja ruim?

- Esse foi um dos motivos da discussão. - falei - Ele falava repetidas vezes, que eu não era filha dele, que se pudesse voltar no tempo nunca teria me adotado. E eu só estava lá, imóvel absorvendo tudo que ele falava, sem contrariar, o único que me defendia era Thomas, dizendo que não era verdade.

Apesar de ser...

- Depois do incidente, seus pais te tratam diferente?

- No começo? - falei - Sim. Tratavam, mas agora tudo voltou ao normal.

- Você fingiu tudo aquilo? - perguntou - Só pra receber atenção?

- Que tipo de pessoa você acha que eu sou? - respondi - Já não imploro por atenção a muito tempo.

- Claro. - falou - Mas você ainda não sabe explicar o motivo do seu pânico.

- Certas coisas na sua vida são inexplicáveis, mas servem pra você continuar pensando em uma solução e não parar de tentar, não parar de lutar. - respondi - Aliás nosso tempo acabou faz dois minutos.

Ele olhou no relógio, confirmando o horário, e diria que pra desviar seu olhar surpreso com a minha resposta. Obviamente não sabia o que responder, e não sabia o real motivo do meu pânico. Mas parte da minha resposta foi sincera, já que toda vez que penso naquilo, imagino aquilo como um aviso pra eu parar de pensar em bobeiras, e continuar a nadar.

- Bom. Nosso tempo acabou. - falou - Então te vejo da próxima vez?

- Espero que um asteróide caia na minha cabeça até lá. - falei saindo pela porta.

Não olhei pra trás, mas tenho a leve sensação de que ele anotou aquilo no bloco de notas dele...

Thomas estava sentado na sala de espera jogando no celular, e meu pai... Não o via, provavelmente estava esperando no carro, mas pouco me importa. Me sentei junto a Thomas, tirando sua atenção do jogo.

- Como foi? - perguntou.

- O mesmo de sempre. - falei - Prefiro conversar com as paredes.

- Estava chorando?

- Não... - respondi - porque a pergunta?

- Por nada... - Thomas respondeu se levantando - Ele tá esperando no carro, e não está com paciência.

- Imaginei.

Thomas é, e sempre foi, meu melhor amigo, sempre me escutou e sempre me defendeu, mas pagava um preço muito alto com isso. Queria retribuir o que Thomas fazia por mim, mas nunca tive o que ele tem... Coragem.

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" Na vida a vencedores e perdedores, presas e predadores. Uma cadeia alimentar inteira, uma pirâmide da desigualdade. Aqueles mais fortes, ficam acima dos mais fracos, se alimentam deles, ou os usam como escada pra subir mais, não se importam se estão machucando, não se importam se estão roubando, não importam se estão matando... A única coisa que importa, é se Eles, estão bem."

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Thomas, estava claramente, desconfortável com alguma coisa, mas não ousaria perguntar o motivo com meu pai junto dentro do carro.

No Fim Do Arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora