XIII

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"simplesmente acontece... De você chorar, de você rir, sentir, amar... Simplesmente acontece... Ninguém sabe explicar. Mas há uma lenda, que nas palavras escritas do destino, sempre vira uma vírgula para atrapalhar. Não se esqueça de olhar as estrelas... Elas são a luz."

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Décimo quarto andar... E janelas sem proteção... Seria este o momento que havia esperado por tanto? Seria este o momento para largar tudo? Para deixar a única pessoa que me ama, sofrer por certo tempo, até poder prosseguir com uma vida sem uma aberração, uma falha, um erro como eu? Já não existo para tantas mesmo...

- E então? - perguntou Albert.

- E então... Que você tem cheiro de sabonete. - respondi - E você usa o que pra deixar suas penas macias?

- Um bom pato... Toma um bom banho de banheira. - respondeu - E um bom pato... Tem uma boa genética.

- Exibido... Tá mais pra condicionador.

- Não me respondeu, sobre o que vai fazer a partir de agora.

- Chorar - respondi - Chorar até morrer de desidratação.

- Acho que isso não é saudável... - disse Albert - Porque não arruma suas coisas? Eu ajudo.

- Obvio que não é saudável, eu estaria "morrida". E como ajudaria se não tem mãos!?

- Apoio moral? Lista ambulante?

Balancei a cabeça ironicamente, e comecei a arrumar minhas coisas, pois pelo jeito, não havia uma forma de burlar isso.

Eu passei tanto tempo no escuro, que não percebi que o cinza ainda não estava bom, me acostumei a sempre estar de cabeça baixa, que não percebi que podia ter uma liberdade de expressão maior. Sempre vivi nas profundezas dos tons mais escuros, e pensava que era normal, quando cheguei nos tons cinzas, achei que era o paraíso, e me acomodei, e pra mim não havia motivos para mudar. Por essas e outras ações, que me perco no mundo, fazendo outras pessoas, além de mim, sofrerem.

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Ironicamente, ou não, meu "pai" estava feliz, ao ponto até de parar de brigar com sua irmã, Celi, e minha "mãe" estava como sempre, se perdendo no azul mar de seus sentimentos, uma hora ia pra la, outra pra cá, era um meio de tentar afastar a realidade... Ela nunca fez algo que realmente me ajudaria... Algo pra me proteger.

- Pronta pequenina?

- Não... Falta algumas coisas.

- Quer ajuda? - perguntou Celi.

- Não... São só algumas coisas.

Coisas como diário, livros, Albert, material escolar, e... Thomas ficaria faltando.

Subi as escadas, e coloquei os itens que faltavam dentro da mochila, exceto Albert obvio, que ficou reclamando dentro de uma caixa de transporte. Andei no corredor até o quarto de Thomas, que por inconveniência, estava trancado, bati e pedi para entrar, mas Thomas não respondeu.

- Thomas? - chamei - Queria pedir desculpas... Sei que não cumpri várias promessas... Por isso vou me limitar a somente um até mais... Pois isso com certeza não é um adeus.

Passei por debaixo da porta, um envelope, com uma foto nossa e uma carta de despedida, com nossa língua secreta, que trocava todas as consoantes por símbolos, e de alguma forma, aquela carta parecia algo mais do que só um "volto em breve".

- Podemos ir? - perguntou Celi.

Não respondi, não estava com humor para isso, afinal, estaria deixando tudo para trás. Não me despedi de meus "pais", e eles nem se sequer tentaram se despedir, sem falar que provavelmente nem vão sentir minha falta, afinal, nunca fiz realmente parte dessa família.

No Fim Do Arco-írisOnde histórias criam vida. Descubra agora