A morte é amiga

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"OLHA MEU CHARME, MINHA TÚNICA, MEU TERNO, EU SOU O ANJO DO INFERNO QUE CHEGOU PRA LHE BUSCAR.
EU VIM DE LONGE, VIM DE UMA METAMORFOSE"
         Rockixe- Raul Seixas

Bruna olha para aquele ser que lhe encara com os olhos sem vida.
Um arrepio percorre sua espinha, mas ela sorri para disfarçar.

-Então não tenho escolha,certo?

- Certo!

Ela suspira e olha para o corpo caído ao seu lado.
Tudo fica em silêncio por alguns minutos e então ela levanta.

- Então o jeito é acabar logo com isso... Pensando bem... Posso ficar até alguém levar o corpo?

- Por que você quer isso?

- Aah... Sei ... não quero ninguém violando o corpo.

Aquele ser fixa os olhos no corpo caído no chão e depois olha novamente para Bruna.

-Ok... Podemos ficar, mas somente até o dia amanhecer.

Bruna suspira.

- Ok, que assim seja.

Ela senta ao lado do corpo e se pergunta quanto tempo vai demorar até alguém aparecer.
Duas horas se passam quando enfim alguém aparece e vê  o corpo no chão.
É um homem que aparenta ter entre 25/ 30 anos.

Ele checa o pulso do corpo para ver se esta viva e quando percebe que não, ele segura um dos seios dela enquanto sorri de uma forma macabra.
Bruna se desespera e olha para a criatura que obser tudo com calma e em silêncio.

Bruna grita.

- Faça alguma coisa...

- Não posso fazer nada.

Ela se irrita e tenta bater no homem, mas nada acontece e ele continua tentando tirar a roupa do corpo caído no chão.

Então ela anda até uma lata de lixo e chuta enquanto tenta não ver a cena, a lata de lixo vira, chamando a atenção do homem.

Ele fica de pé e pergunta quem está ali, mas ao invés de alguém responder, a outra lata de lixo vira.
Ele corre para longe e poucos minutos depois a ambulância chega, logo depois a polícia e o IML.

Bruna suspira, chegou a hora de dizer adeus definitivamente.
Ela olha para o corpo dentro do saco e uma lágrima cai. Ela não quer acreditar que morreu de forma tão precoce e violenta.

Enquanto diz adeus para seu corpo, ela sente uma mão gélida no seu ombro.
Ela sabe que está na hora de partir.
Ela vira e vê a morte lhe estendendo a mão.

Ela sorri.
A morte é tão diferente  do que havia imaginado, não uma foice, ela não veste apenas uma túnica preta.
Sim, ela veste uma túnica preta, mas por baixo ha um terno preto e de corte perfeito.

Também não é um esqueleto, apesar de ser magro e um pouco  pálido.
Mas a maior diferença é a beleza.
A morte é linda.
Ou melhor, lindo.

Seus cabelos são curtos e bem aparados seus lábios tem um sorriso tímido, mas que transmite paz e sua barba é muito bem aparada.
Se não fosse por seus olhos negros, mas sem vida, ele seria comparado aos anjos celestiais, por tamanha beleza.

Bruna observa aquele ser e sorri, segurando em sua mão.
Ela olha mais uma vez para seu corpo atirado no chão e então some na escuridão da noite, de mãos dadas com a morte.

- Para onde vamos?

Ele sorri.

- Você verá.

- É longe?

Ele parece pensar um pouco.

- Talvez...

Bruna fica em silêncio e então para.

- Eu vou ter que te chamar de morte, mesmo?

Ele sorri novamente, dessa vez parece se divertir.

- Escolha um nome se assim te fazer bem

Ela pensa um pouco e então sorri.

- Pode ser Ricardo?

- Claro.

Eles voltam a caminhar e Bruna faz mais uma descoberta; a morte é amiga!

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