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   A campainha toca insistentemente, chego a pensar que é Brie, que deve ter esquecido a bendita chave pela quinquagésima vez na semana, mas quando abro a porta, sem pensar e sem conferir quem é, o ar escapa de meus pulmões e sinto até o início de uma dor de barriga. Meu Deus, o que ele está fazendo aqui? 

- Oi, marrentinha. - ele diz ao levantar a cabeça e dar um sorriso de lado. É um movimento perfeito demais para a situação para não ser ensaiado. 

- Oi... - consigo dizer após o choque inicial, com o cenho franzido. 

     Analiso sua pose confiante, seu sorriso cativante, sua mandíbula bem delineada, as tatuagens que percorrem o braço e mão... De fato, talvez eu entenda um pouco do porquê minha versão bêbada o escolheu para perder a virgindade. Ele é o "garanhão" da universidade, como diria minha mãe, mas mesmo assim nunca o observei mais do que o necessário, achava-o apenas bonito, nada mais me despertava o interesse. 

       Sinceramente, fico surpresa por ele estar batendo na minha porta, achei que fosse uma escolha segura, dado que não queria nada apenas que uma noite. Ele, pelo menos, parecia o cara certo para isso, mas acho que me enganei e comecei a ter essa noção quando me procurou no dia seguinte para perguntar se tinha sido minha primeira vez. 

      Ainda me lembro da expressão de choque dele, o que, sinceramente, foi imperdível, assim como sua única pergunta após a descoberta: 

- Por que eu? - ele murmurara. 

- Bem, pergunta para minha versão bêbada, ela é a única que pode te responder. - eu respondera de modo a não dar mais margem para o assunto. Ao menos foi o que achei. 

     E agora, aqui está ele, sem o choque e a vulnerabilidade do imprevisível, com a pose de garanhão. 

- O que você quer? - digo me encostando no batente da porta, ainda tentando raciocinar o motivo para ele estar aqui. Ele ri anasalado e desvia o olhar. 

- Pensei que fosse óbvio... - ele me olha novamente com uma intensidade presente no olhar.

- Aparentemente, o que é óbvio para você não é para mim. - digo com a resposta na ponta da língua, blindando por dentro todos os meus instintos que, por algum motivo, respondem a ele.

     Ele ri e se aproxima mais da porta. Aproxima-se mais de mim, até que estejamos a poucos centímetros de distância. Minha respiração começa a ficar acelerada, mas procuro controlá-la. 

- Eu vim te ver, marrentinha. - ele diz encarando os meus olhos e usando um tom aveludado na voz. Eu o encaro e decido que é uma péssima ideia, porque essa proximidade... 

- De onde você tirou esse apelido? - apelo para o meu lado racional, que comemora por eu não ceder aos meus hormônios que, claramente, estão gritando sob minha pele. Tento não me mostrar afetada e espero que esteja conseguindo. 

- Achei que combinava com você. - ele fala, apoiando uma mão no portal da porta, o que diminui o espaço entre nós. E, de novo, aquela bendita voz aveludada e um pouco grave.

      Eu luto para recuperar a sanidade, para mostrá-lo que não me venceu. Respiro fundo e finjo tédio quando me desvencilho dele e coloco a porta entre a gente. 

- A gente nem se conhece para você me apelidar e você precisa ser mais criativo. - digo já fechando a porta. - Agora que você já me viu, tchau. Tenha uma boa noite. 

      Alguns centímetros e meu problema estava resolvido. Alguns centímetros e eu não teria que entrar em conflito comigo mesma entre meu lado racional e instintivo. 

- Eu diria que a gente se conhece muito bem, marrentinha... - ele diz colocando um pé entre o portal e a porta, o que impede que eu a feche. - E eu posso ser bem criativo, mas vou ser direto: só me ouve. Se você não aceitar, eu vou embora. 

       Uma parte de mim, sinceramente, quer chutar seu pé e fechar a porta na cara dele, como era minha intenção inicial. Mas a outra parte... A outra parte quer ouvir o que ele tem para dizer. Melhor, quer ver o que ele tem vontade de fazer. E é essa parte que vence, afinal. Eu abro a porta e deixo que ele entre e fale o que tem para dizer. 

- Pode falar... - falo com um suspiro cansado, dando a entender que fui vencida pelo cansaço. Para o inferno que eu vou deixá-lo ver que a presença dele me afeta, mesmo que minimamente. 

- Eu quero uma noite com você. - ele é direto, o que me arranca um riso de incredulidade, principalmente, porque ele diz como se não fosse nada, como se estivesse pedindo um carregador emprestado.

        Eu o encaro boquiaberta por alguns instantes. Veja bem, não é que não quero, mas a forma como ele colocou as coisas agora... Então me lembro que ele está aguardando uma resposta, pois ele aproxima de mim vagarosamente, um passo de cada vez com aquele sorriso lascivo e olhar intenso. 

      Nesse exato momento, sinto que meu corpo vai entrar em combustão e tenho que me controlar para não abrir as janelas do apartamento em pleno inverno. Ele percebe porque seu sorriso lascivo só aumenta. 

- Você não está com saudades, marrentinha? Saudades das minhas mãos no seu corpo, da minha boca te beijando... - sinto meu interior fisgar. - Lambendo... - tento respirar profundamente, no mesmo ritmo lento da sua voz maliciosa. - Mordendo... - eu o encaro como se estivesse em transe, é como se ele fosse um encantador de serpentes e eu o animal. - Chupando... - solto um arfar involuntário e ele ri com divertimento já próximo de mim, mas sem me tocar. 

      Estamos tão próximos que nossas respirações se misturam, o hálito quente dele com o meu, assim como sinto o calor do seu corpo emanando para o meu. Seus olhos me encaram, me devoram, enquanto observo sua boca bem desenhada ainda com aquele sorriso lascivo. Um momento depois, ele aproxima mais o rosto do meu, só que segue para o meu pescoço, onde inspira meu perfume suavemente. 

- Eu to morrendo de saudades do seu gemidinho manhoso... - ele ao pé da minha orelha. - Dos seus mamilos excitados... - eu reviro os olhos, não suportando a tortura psicológica que ele está fazendo. - Da sua bucetinha molhada e inchadinha... - ele sorri com os olhos inebriados me encarando, como se o que dissesse também tivesse efeito sobre si. 

       Então ele roça a ponta do nariz no meu, depois esbarra levemente o lábios nos meus, e quando tento beijá-lo, impulsionando minha boca para a dele, se afasta poucos centímetros com um sorriso de lado no rosto e olhos brilhando em triunfo. 

- Não, marrentinha... - ele me repreende como uma menina desobediente, se aproximando novamente em seguida para roçar novamente seu nariz no meu. - Eu estou esperando minha resposta... - ele fala manso, umidecendo os lábios após.

        Eu gemo em protesto, pela tortura que ele está fazendo e por ainda não ter me tocado com as mãos. Jungkook sabe que quero, então por que isso tudo? Por que não me beija logo e me leva para o quarto?

- Marrentinha... - ele fala com um tom de voz manhoso. - Diz para mim o que você quer... Isso pode acabar, mas eu preciso que você diga... - encaro seu lábio inferior que está sendo mordido com indício daquele sorriso. 

- Jungkook... - começo. - Sim, eu quero... Por favor... - digo manhosa. Ele sorri vitorioso, o segundo triunfo da noite. 

- Boa, menina. - ele murmura com um sorriso safado nos lábios antes de me puxar para si pelo quadril e tomar minha boca na sua.  

Uma noite. //// JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora