Uma noite. //// Jjk

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   Eu me remexo na cama mais uma vez e reparo que agora o quarto está iluminado, diferente das outras trezentas vezes que resolvi deitar encarando o teto ou a janela. Tentei e tentei dormir, mas toda vez que fechava os olhos algum pensamento que ressaltava a minha idiotice surgia e eu me debatia na cama de raiva e vergonha.

  Meu Deus, como fui idiota! Como deixei as coisas chegarem nisso? Logo eu que sempre ignorei caras como Jungkook! Isso só pode ser karma, não é possível! Porque, como é possível uma pessoa surgir na sua vida e fazer você cometer tantas burradas em tão pouco tempo? Ainda mais alguém do qual a existência não significava nada para mim! É ridículo!

  Sinceramente, eu não sei o que é pior, se é a raiva que estou sentindo de mim mesma e dele, ou se é o fato de estar alimentando esse mesmo sentimento na tentativa de ignorar outro que tem crescido dolorosamente. Uma dorzinha chata que machuca ao me fazer pensar "você foi usada, parabéns." e que da qual estou insistindo em transformar em "você se deixou ser usada, sua otária.".

  Porra, Jungkook, o que você fez comigo? Melhor, o que eu deixei você fazer comigo?

  Respiro fundo e tento apagar tudo que aconteceu até agora para conseguir um pouco de clareza, mas sei que não vai surtir muito efeito, não só por esses sentimentos, mas pelo cansaço de um noite não dormida. Apesar de ser uma tentativa frustrada, ainda tento e procuro me focar nas tarefas que tenho para resolver da faculdade, porém sou interrompida por Brie invadindo o quarto.

- Bom dia, Frodo. - ela diz sonolenta ao se deitar na cama ao meu lado, porém se senta ao olhar para minha cara e ver como estou acabada. - Está tudo bem? - ela franze o cenho. - Está passando mal?

- Não. Só não consegui dormir direito. - minto tentando olhar para qualquer lugar que não ela, porque sei que se nossos olhares se encontrarem vou ser pega na mentira.

- Sei... - fala desconfiada, tentando capturar meu olhar. - Parece que é mais que isso... - diz se levantando e me seguindo, enquanto fujo de seu olho clínico, procurando caçar algumas roupas para dar a desculpa de que vou tomar banho.

- Não é nada, Sam, sério. Só estou cansada. - suspiro ao dizer e me dirijo para o banheiro do quarto, porém sou seguida novamente.

  É incrível como nossa amizade chegou nesse grau de intimidade em que ela nem hesita em me seguir até o banheiro, mesmo sabendo que estou prestes a ficar nua a qualquer momento.

- Mentira! Você só dá essas suspiradas quando está chateada com alguma coisa. - acusa-me ao abaixar a tampa do vaso e se sentar.

- Eu não estou chateada! - deixo escapar em um rompante, claramente chateada e ela arqueia uma sobrancelha.

   Merda, me entreguei.

- Eu não estou chateada, só cansada. - tento soar equilibrada dessa vez, para dixavar o meu breve descontrole e ganho uma encarada analítica sua por alguns segundos.

  Até acho que vai insistir, porque sei que ela sabe que estou mentindo, mas não o faz. Apenas solta um estalo com a língua acompanhado de um suspiro, seu sinal de aceitação inconformada, e levanta para sair do banheiro, porém dizendo antes:

- Quando você quiser conversar sobre isso, sabe que estarei pronta para ouvir... Enfim, - completa ao sair. - vem comer depois, vou fazer suas torradas.

   Como eu quero vomitar tudo agora, contar dos detalhes do que aconteceu e do que estou sentindo para, quem sabe, ela me dizer o que fazer com tudo isso! Como eu quero um cafuné seu e sua condescendência no meu momento de lodo emocional, mesmo que seja para me encher de sermão depois!