A coisa é que eu sempre tive esse interruptor dentro de mim, que em qualquer pequena possibilidade de felicidade, esperança ou qualquer coisa boa que tenha um vislumbre, não passa disso, pois tudo se apaga, o interruptor é acionado e tudo cai em escuridão, sendo ela a mostrar a verdade de que tanto tenho medo. Não sou digno a nada, nem a ninguém.
Foi pensar assim que me fez buscar por um bom tempo o que me faltava em seringas e cachimbos, querer o entorpecimento e alguns segundos ou minutos (se eu tivesse sorte) de esquecimento desse maldito interruptor, pois era o momento que o mundo apenas existia e não significava.
Viver assim foi bom por um tempo, mas depois o paraíso virou inferno. Eu confundi euforia com felicidade, entorpecimento com paz e destruição com solução. No final, eu que tinha entrado nisso achando que ia me encontrar, só estava ainda mais perdido, sem estrada ou destino para seguir. E sabe-se lá o que mais poderia ter acontecido se não fosse pela intercessão de Hobi, que o levou a ficar desacordado no hospital por alguns dias. Jamais vou me perdoar pelo que aconteceu, jamais vou perdoar o sangue dele nas minhas mãos e o seu olhar perdido enquanto levava soco após soco. Se não fosse por Brie, talvez ele não estivesse vivo agora, talvez não tivesse sobrevivido ao monstro que sou.
Ela tem razão de me odiar e me querer longe de Hoseok e, agora, da melhor amiga. Tudo o que vê é aquele cara transtornado, sujo de sangue, esmurrando o namorado, porque é isso que sou. É isso que sempre vou ser, mesmo que todas as reuniões e discursos motivacionais de reabilitação digam o contrário. E é, por conta disso, que eu deveria me afastar da marrentinha e não envolvê-la nessa merda que é minha vida, como fiz com o meu melhor amigo. Eu também deveria me afastar dele, ou melhor, tentar de novo mantê-lo longe, mas Hoseok diz que me caça no inferno e eu não duvido, porque nossa amizade persiste até hoje por sua causa.
Queria ter a resiliência de não me aproximar dela, de não procurá-la... Tanto porque ela não me quer e ainda mais porque eu não quero envolvê-la na minha vida de merda. E diria que até obtive sucesso nesse tempo que passou, porém não consigo mais, já que tudo de alguma forma me lembra-a.
Mesmo que eu tente, sou assaltado por lembranças das noites que passamos juntos, e mais forte que isso, é o silêncio aos meus pensamentos agitados e conturbados que essas memórias (e, mais ainda, sua presença) me trazem. É louco pensar que algo assim existe e que não estou drogado, porque até então só os entorpecentes chegaram perto de me causar tal sensação...
E aqui estou, desesperado por ela, como na noite em que bati na sua porta e tive que fingir ser indiferente ao que estava sentindo para não assustá-la com o doido ansioso, abstinente e a pouco tempo limpo que sou. Eu não deveria ter ido, assim como não deveria tê-la chamado para vir aqui me ver. Caralho, que merda que você está fazendo, Jungkook...
- Você é um cretino por me fazer sentir tanta raiva e tesão ao mesmo tempo! - ela sussurra ofegante entre nossos beijos, enquanto a carrego com as pernas enlaçadas na minha cintura para a hidromassagem.
Está certa, eu sou um cretino por deixar as coisas se desenrolarem dessa forma. Eu deveria acabar com isso agora, mas aqui, com ela nos meus braços, a última coisa que quero é me afastar de suas puxadas de cabelo, arranhões e xingamentos. Quero ficar e deixar que desconte toda a sua raiva em mim.
- Desculpa, marrentinha, mas eu me apaixono ainda mais quando você fica brava... - confesso o meu fraco por seu toque bruto e maneira de me xingar, porque, no fundo, eu sei que os mereço.
De repente ela para e me encara, com o rosto bem próximo do meu. É difícil interpretar sua expressão séria, eu até tento capturar seus lábios nos meus novamentes, mas ela se afasta e se levanta do meu colo em seguida, o que me deixa completamente confuso no começo e depois agoniado.
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Uma noite. //// Jjk
FanfictionEra para ser apenas uma noite. Era para nunca mais acontecer novamente. Era para perder a virgindade e não vê-lo mais. Pelo menos, esse era o plano. Agora ele está parado na porta, pedindo por mais essa noite. Em andamento.