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- O que vocês estão fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa? - fecho a porta e tento não soar muito ansiosa, quando na verdade quero enxotá-los porta a fora. 

       Eu amo muito minha família, mas hoje não. Definitivamente, não.

- Ora, essa! Somos seus pais, não temos que ter motivo. - minha mãe retruca,  enquanto organiza na estante os livros de Brie espalhados pela mesinha da sala. - Meu Deus, Annabel, como você e Brie conseguem ser tão desorganizadas? - reclama.

Na verdade, sua mãe ligou para Brie, já que alguém não atende o celular - ele enfatiza o "alguém" que eu sei que sou eu. - e achou ela meio borocochô, então quis vir aqui para ver como estão as coisas. 

- O que significa dizer que veio aqui “bisbilhotar”. - meu irmão denuncia usando uma das palavras que nossa avó sempre diz quando fala da nossa mãe, enquanto está esparramado no sofá jogando alguma coisa barulhenta no celular. 

- Garoto, me respeita. - ela olha séria para o aborrescente, mas é deliberadamente ignorada, enquanto meu pai ri das picuinhas de mãe e filho. 

    Em outro momento eu teria rido junto e tomado o celular da mão do meu irmão só por implicância, mas agora meu humor está tão ruim que não consigo nem disfarçar e meu pai nota (e quando ele não nota, né?), dando um daqueles olhares telepáticos de "O que houve, Bel?" que ignoro, enquanto me ponho a ligar para Jungkook na tentativa de explicar os planos do capiroto. Mas, antes que eu o faça, a companhia toca mais uma vez essa noite, e dessa vez eu sei que é quem deveria ser. 

      Ótimo. Hoje o capiroto está entediado. 

     Nesse cenário caótico, Jungkook continua tocando a bendita companhia e tenho que ser mais rápida em atender a porta, pensando em um jeito de explicar a situação para ele, antes que meus pais apareçam com sorrisos hospitaleiros acompanhados da pergunta "quem é você?". 

    Abro a porta em uma correria comedida e fecho antes que possam ver o que ocorre no corredor, pois, assim que apareço na sua frente, Jungkook me puxa pela cintura e tenta me beijar, porém diante da loucura do que está acontecendo e com medo do desastre iminente, me desvencilho dele e recebo um olhar confuso em resposta. 

- O que houve? 

- Não vai dar para a gente sair hoje, coelhinho, - ao ouvir o apelido, seu olhar se ameniza, mas ainda permanece sem entender o que está acontecendo. - meus pais estão aqui, acabaram de chegar. Eu não sabia que viriam, foi completamente aleatório. - explico afobada e vejo nascer um sorriso compreensivo no seu rosto. Amém, ele entendeu. - Meu Deus, me desculpa por isso. 

- Está tudo bem, a gente pode marcar outro dia. Sem problemas. - ele dá uma piscadela para mim ao completar: - Eu não vou fugir de você, marrentinha. 

    Sabe aquela coisa de me derreter? Pois é, ele fez de novo, porque diante de todo o potencial caos que pode acontecer só com uma abertura de porta, Jungkook me faz sorrir que nem uma idiota e esquecer de tudo a ponto de deixar o desastre acontecer. 
 
    A porta é aberta e é minha mãe quem aparece primeiro, porque ela é a bisbilhoteira-mor, e depois meu pai aparece, o bisbilhoteiro não assumido. Os dois surgem com os sorrisos hospitaleiros que já previa e começam: 

- Olá! - minha mãe é quem fala. - Bel, você não disse que estava esperando visita! - consigo sentir a tensão na sua voz, sei que vai me interrogar depois, e enquanto isso, Jungkook, coitado, está lívido, afinal também foi pego de surpresa.

   Meu pai se adianta em dá-lo um aperto de mão e o rapaz se atrapalha todo. Meu Deus, eu preciso salvar ele desses dois. 

- Pois é, ele veio só para… - intervenho rapidamente, tentando pensar em alguma coisa, olhando ao redor à procura de uma desculpa e encontro: Jungkook segura uma sacola. - me entregar isso! - digo já pegando a sacola e empurrando meus pais relutantes para dentro de casa. 

Uma noite. //// JjkOnde histórias criam vida. Descubra agora