Capítulo 16

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Narrador POV

- SINA! - Noah gritava pela quinta vez em vão. O desespero em tirar a colunista dali não o permitira perguntar a Joel onde ficava o estúdio do francês. Procurava as cegas pelos cômodos tomados pelo fogo. - Mas que droga. - Praguejou quando encontrou outro quarto vazio.

Só faltava checar o segundo andar, onde as chamas eram ainda mais intensas. Retirou a camisa banhada de suor amarrando-a contra o nariz para evitar que a fumaça tóxica lhe invadisse os pulmões. Não era o meio mais correto, mas era o único que a situação lhe permitia.

Teve que se segurar como pôde quando um degrau de madeira da escada cedeu sob seus pés. Forçara os braços contra o corrimão e impulsionou o corpo para chegar ao topo. As paredes cada vez mais negras cobertas pela fuligem indicavam o local de onde pudera ser o foco do incêndio. Se a causa fosse algum curto circuito na iluminação do estúdio de Joel , era ali que Sina estaria. Quando investiu contra a porta uma explosão o lançara contra a parede oposta. O choque das costas do fotógrafo contra a parede causara-lhe uma dor latente nas costelas o que não o impediu de levantar-se trôpego e tomar fôlego para adentrar o cômodo.

- SINA! - Gritou novamente ao constatar que ali era realmente o estúdio de Joel .

- N- Noah ? - A colunista que repousava a cabeça contra os joelhos, a levantou assim que ouviu a voz grossa do rapaz ressoar por perto. A voz mal lhe saía pelos lábios e o ar que adentrava em seus pulmões pareciam lhe roubar ainda mais o oxigênio. Se arriscava dizer que sentia as moléculas de monóxido de carbono unirem-se a suas hemoglobinas impedindo as trocas gasosas em seu organismo. O ar era escasso. Rarefeito. Sufocante.

- Sina! Cadê você?! - O fotógrafo pôs-se atento assim que ouvira a voz baixa da loira em resposta.

- A-aqui! No banheiro. - Tentou levantar-se mas fora acometida por uma fraqueza que impediram suas juntas de se locomoverem.

- Hei, eu vou te tirar daí. - Bateu contra a porta de madeira do banheiro. - Afaste-se da porta. - Avisou antes de tomar distância para atingir, com o solado do sapato, o meio da superfície de madeira que cedeu ao impacto. - Sina!

- V-você veio me salvar? - A colunista questionou assim que o fotógrafo agachara a sua frente segurando seu rosto entre as mãos. Forçava a visão turva para focar no rosto de Noah que era um borrão preto coberto pela fuligem. Não conseguia acreditar que ele estava ali. Logo ele. Mesmo depois dela cortar a única ligação que tinham, ele estava ali por ela. Salvando-a.

- Não deixaria um incêndio matar você. - Tirou uma mexa que caía sobre o rosto suado de Sina. A outra mão que segura firme a cintura da moça sujava ainda mais o vestido branco de fuligem. - Essa função é minha, diaba. - Riu debochado ao piscar para a loira que conseguiu esboçar um sorriso. - Vem, vamos sair daqui.

- Finalmente. Achei que esperaria virarmos churrasco. - Rebateu na medida que suas forças a permitiam falar. O que na real situação, não era lá grande coisa.

- Até que você daria um belo bacon. - Deu de ombros.

- Cala a boca, Urrea. - Respirou fundo tentando trazer oxigênio para os pulmões antes de continuar. - Imbec... - Noah não pôde ouvir o restante do xingamento pois a loira debruçara desacordada sobre seu peitoral. A julgar pelo tempo que Sina estivera exposta ao fogo, a fumaça tóxica lhe penetrara o organismo numa maior intensidade.

- Deinert! - Sacudiu levemente a colunista e não obtivera resposta. - Cacete! - Praguejou tomando Sina nos braços saindo do cubículo em que estavam.

As chamas agora tomavam cada pedaço da casa que cedia a medida que o fogo a consumia. As paredes e colunas despencavam à frente do fotógrafo que desviava como podia, ora investindo contra destroços em seu caminho, ora atravessando labaredas de fogo que se estendiam do piso ao teto do sobrado de Joel .

LUSTWhere stories live. Discover now