Capítulo 17

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Narrador POV

"Hora de voltar ao Brasil." Há quanto tempo estavam ali? Uma semana? Pareciam meses. Meses de muitas discussões e sentimentos confusos, que obviamente haviam sido ignorados. Até aquele momento. E então algo apareceu. Voltar para casa.

- Melhor irmos fazer as malas. - Sina foi a primeira a se pronunciar após segundos eternos de silêncio. Noah a olhava intensamente. Sua mente rebobinava o que aconteceria se Natasha não os tivesse atrapalhado. - Noah ?

O olhar compreensivo de Sina deixava claro que ela estava presa nos mesmos pensamentos.

- Melhor irmos. - O rapaz concordou finalmente, pronto para dar as costas.

- Urrea? Sobre o que iria acontecer...

- Nós vamos conversar sobre isso, Deinert. Uma conversa franca, como a que tivemos a pouco. Tudo bem?

A loira concordou balançando a cabeça e seguindo o fotógrafo. Como havia sido mais cedo, Noah assumira o volante, a jornalista sequer discutiu.

Natasha, mais uma vez, tratara de tudo quanto a volta. As passagens já estavam sobre a cama de cada um quando chegaram em seus respectivos quartos. O horário do vôo estava marcado para as seis da manhã, não tinham muito tempo, a madrugada chegara sem que percebessem. Sina nem mesmo conseguiu dormir, passou as horas remoendo o que acontecera. Lembrou-se então de Joel , lhe mandou uma mensagem perguntando como ele estava depois de tudo, e dizendo que já voltaria para o Brasil.

***

Os funcionários da Brightness se encontraram, calados, no lobby do Le Royal Monceau para fazer o check out. Ainda em silêncio dirigiram-se para a saída, o carro os esperava ao lado de fora, seria devolvido a um funcionário da empresa de aluguéis assim que chegassem ao aeroporto.

- Quer dirigir uma última vez? - Noah lhe estendeu as chaves, após acomodar toda a bagagem no porta malas. Ele carregava um sorriso tranquilo, e Sina ficou surpresa ao notar que realmente estavam levando a sério a conversa que ainda nem havia acontecido.

- Não. A semana inteira foi o suficiente, é sua vez de aproveitar. - A loira devolveu o sorriso e não esperou uma resposta do fotógrafo, entrou no carro descansando a cabeça no encosto do banco, não dormir as poucas horas que tivera foi uma péssima escolha, estava morta.

- Sina?

- Oi? - Respondeu sem olhar pra o lado do motorista, que Noah já ocupava.

- Tudo bem?

- Só estou cansada.

- Deveria mesmo. Esteve em um incêndio há poucas horas. Quase não teve tempo para dormir. Eu... Desculpa. Por não ter dado espaço para isso.

- Estamos numa realidade paralela? - Riu ainda de olhos fechados. - Nós dois tendo uma conversa civilizada, sem discussão, sem xingamentos, você pedindo desculpas por alguma coisa.

Noah não respondeu. Olhou para a mulher ao seu lado, serena. Deixou o comentário de Sina no ar, e deu partida até o aeroporto.

Teve que acordar a jornalista quando chegaram, Sina estava mesmo cansada. Noah não deixou de se preocupar, ela esteve inconsciente por conta do acidente no estúdio de Joel , e não havia procurado um médico, e pelo que entendeu, não dormira mas poucas horas que teve.

Ela despertou sentindo a mão quente lhe afagar os cabelos, e prendeu a respiração com a proximidade de Noah .

- Chegamos, você apagou.

- É. - Sina afastou a mão de Noah , que franziu a testa com a frieza repentina da colega de trabalho.

O silêncio entre eles voltou, e permaneceria pelo menos nas próximas doze horas, já que dessa vez não viajariam lado a lado. Estavam a duas poltronas de distância. Sina tentou ver o lado bom da situação, poderia dormir a viagem inteira. E foi o que fez. Já Noah , passou boa parte do tempo pensando em tudo que acontecera nos solos franceses. Estava decidido a não negar o algo que sentia por Sina, falaria para ela assim que tivessem a tal conversa. Não estava confortável no entanto, Sina o irritava, o ódio era real, ou foi.

LUSTWhere stories live. Discover now