Capítulo 3

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Narrador POV

- Você poderia me dar licença um minuto, Natasha? - Sina pediu para a chefe que parecia não lhe ouvir. - Nat! - Chamou outra vez.

- Hã? Oi? - Ajeitou os óculos e tratou de fechar a boca que permanecia aberta desde que Noah saíra. A espécie de encanto que aquele fotógrafo de quinta categoria possuía a loira desconhecia, mas com certeza gostaria de quebrar todos os dentes daquele sorriso presunçoso. - O que você disse, Sina?

- Perguntei se você me daria licença um minuto. - Repetiu deixando com que um sorriso simpático lhe tomasse os lábios quando na verdade seu corpo rugia em fúria.

- Claro, preciso mesmo resolver algumas coisas. - Abaixou o olhar e ajeitou uma pilha de papéis sobre sua mesa. A futura mesa de Sina, se dependesse de sua vontade.

- Obrigada. - Sina agradeceu se levantando rapidamente. Ajeitou o vestido acinturado e caminhou firme atrás de Noah. Aquilo não ficaria assim ou não se chamava Sina Deinert. - Josh, você viu o Urrea? - Perguntou ao colunista esportivo. Sua mesa improvisada ficava no centro da empresa, qualquer um que passasse por ali seria flagrado pelos olhos atentos do jornalista e ex-atleta.

- Na copiadora, iria imprimir o cronograma das sessões da semana. - O loiro respondeu sem ao menos levantar o olhar. Sina sempre o achara estranho, Josh com toda certeza era.

- Hã, obrigada. - Disse baixo, apostava que o colunista tinha ouvido. A copiadora não fica longe dali, dobrou três corredores e deparou-se com a pequena sala. O barulho das máquinas em funcionamento atrapalhava a concentração de alguns jornalistas, portanto, em regra geral, deveria permanecer fechada. Sina encostou-se no batente e puxou todo o ar para os pulmões, precisaria de todo o equilíbrio para não partir para cima de Noah.

- Deinert! - O fotógrafo exasperou quando abriu a porta da salinha dando de cara com a loira que o encarava furiosa. Ele deixou que um sorriso debochado lhe tomasse os lábios quando imaginou o motivo da raiva do pequeno furacão loiro. - Estamos nos encontrando muito hoje, não acha? - Cruzou os braços sobre o peito, inflando os músculos definidos que se apertavam na camisa preta que usava.

- Infelizmente, trabalhamos no mesmo lugar. - Noah assustou-se quando Sina o empurrou para dentro da salinha fechando a porta atrás de si. Não conseguiu evitar com que os olhos se arregalassem, ou Sina era uma ninfomaníaca e o agarraria ou usaria daquele lugar isolado para o matar de vez. Sina com toda certeza apostava na segunda opção.

- Por falar em trabalho, e-eu tenho que ir. - Tentou sair da sala, mas os pequenos braços decididos da loira o impediram.

- Você não vai sair daqui. - Sina disse firme quebrando mais a distância entre seus corpos. - Não enquanto você não me explicar que palhaçada foi aquela na sala da Natasha! - Encarou os olhos verdes de Noah.

- Ela me ofereceu o cargo e eu aceitei. - Deu de ombros prepotente.

- Você sabia que esse era o MEU cargo, Urrea. - Enfatizou o pronome possessivo.

- Seu? - Noah riu com deboche. - Eu não teria toda essa certeza. - Aproximou-se mais de Sina num tom desafiador.

- Você não tem capacidade para ocupar um cargo desse, Noah . - Olhou-o de cima abaixo. - É só um fotógrafo. - Finalizou com desdém provocando a ira do moreno que estourou ao puxar Sina pela cintura e colocá-la sentada sobre uma das máquinas. Encaixou-se entre suas pernas e puxou a nuca da garota para que seus rostos ficassem colados.

- Você sempre me subestima não é, Deinert? - Noah fitou intensamente as pupilas trêmulas da loira. - Você vai engolir cada palavra que disse, vai me aplaudir remoendo o próprio fracasso quando eu lhe tirar esse cargo. - Sina estava imóvel. Absorvia cada frase de Noah enquanto seu corpo tremia involuntário sobre seu toque que apertou ainda mais em sua cintura. Suas respirações misturavam-se. - Vai engasgar na própria prepotência quando implorar por mim.

O fotógrafo finalizou soltando a loira antes de bater firme a porta da copiadora ao sair. Noah simplesmente fora embora deixando no ambiente a tensão e Sina que trabalhava o máximo de seus pulmões para que a respiração não denunciasse o tremor que sentia ao se lembrar da firmeza estonteante com que Noah lhe tomara nos braços.

***

- Você está estranha. - Heyoon falava pela quarta vez enquanto observava a amiga empilhar e desempilhar algumas edições da revista.

- Não é você que diz que eu sou estranha? - Sina retrucou sem perder a concentração nas revistas. Manter a visão e o tato ocupados naquele material evitava que ela pensasse novamente em Noah . A forma furiosa como ele havia prensado seus corpos realmente mexera com a sanidade da loira.

- Tá mais que o normal. - Constatou. - O que aconteceu na sala de Natasha?! - Heyoon chegara no ponto em que Sina não queria argumentar. O sangue lhe fervia as veias ao lembrar da forma suja como Noah entrara na disputa pelo cargo. Comer a chefe era digno de alguém repulsivo como o fotógrafo e Natasha aceitar aquilo era como um nepotismo sexual.

- Eu já disse que não foi nad... - As batidas na porta e a voz de Maria invadiram a sala interrompendo Sina.

- Com licença, meninas. - Pediu simpática. - Sina, a stra. Natasha convocou você para uma reunião na sala dela.

- Qual horário? - A loira já alcançou sua agenda eletrônica para marcar.

- Agora. - Maria sorriu sem graça.

- Oh, claro. - Sina apressou-se em deixar a sala para ir até a de Natasha. Estava confiante de que a chefe teria reconsiderado e percebido que Noah não estava a altura para preencher tal cargo. Sina era a mais apropriada e qualificada também. - Com licença. - A loira anunciou ao bater três vezes na porta da sala de reuniões.

- Claro, Srta. Deinert. - Permitiu Natasha. - Junte-se a nós.

- Nós? - Sina questionou ao fechar a porta atrás de si.

- Olá mais uma vez, Deinert. - Ainda de costas ouviu a voz grave de Noah ressonar pelo cômodo. Um arrepio percorreu-lhe a espinha e a loira forçou os membros a se voltarem para encarar os olhos sádicos do fotógrafo.

- Urrea. - Cumprimentou formalmente o rapaz que sentava-se confortável na cadeira ao lado a que Natasha indicara para Sina se sentar.

- Bom, chamei vocês aqui porque estamos em um empasse. - Cruzou as mãos sobre a mesa. - Como é de conhecimento de todos, dentro de um mês estou indo para Milão e fiquei encarregada de deixar um sucessor para meu cargo de editora-chefe. - Fez uma pausa enquanto os olhares atentos de Noah e Sina pesavam sobre si. - Acredito que dentre todos, vocês são os mais capacitados para ocupá-lo. Mas, infelizmente, o cargo é para apenas um. - Declarou firme enquanto girava a caneta entre os dedos. - Então decidi testá-los. - Sorriu abertamente.

- Testar-nos? - Sina foi a primeira a se pronunciar.

- Sim, um teste e o vencedor fica com cargo. - Explicou.

- E como seria?! - Fora a vez de Noah.

- Dentro de 7 dias será a semana da moda em Paris e terá um desfile exclusivo da Ana Hidalgo. - Explicou mostrando um flyer da campanha. - Depois de 12 anos ela voltou a lançar uma coleção e uma entrevista exclusiva seria o meio de fazer nossa revista se firmar de vez como a líder no país. - Os olhos da mulher brilhavam.

- Mas a Ana Hidalgo não dá entrevistas... - Noah rebateu.

- Nunca! - Sina completou.

- Estou ciente. - Sorriu abertamente. - Por isso é um desafio a ser realizado por quem merece ser nomeado de editor-chefe. - A notícia os pegara de surpresa.

- Preparem-se, vocês vão pra Paris!

LUSTWhere stories live. Discover now