LUST

Capítulo 15

Narrador POV

- Isso, Cherry! Você está maravilhosa. - Joel não calava, a cada segundo um elogio novo. Sina não estava reclamando, era bom ouvi-lo, ser desejada, adorada a cada pose que fazia. - Põe o cabelo pra frente.

A loira obedeceu, sorriu para as lentes de Joel e em seguida olhou para o lado oposto fazendo carão. Nunca imaginou que gostaria tanto de fotografar, estava sendo maravilhoso! Teria que agradecer a Joel por tal ideia, e sabia muito bem como.

- Esse sorriso está fantástico! No que está pensando, Sininho? - E poderia estar diferente? A entrevista que conseguira de Hidalgo na noite anterior fora magnífica. Muito mais que a colunista esperava. Conseguiria facilmente preencher duas páginas completas da revista com dados que iam desde o início da vida simples da mulher até se tornar o ícone da moda mundial. Nem o álcool que lhe tomara o organismo fora capaz de atrapalhar o momento crucial e com toda certeza, o divisor de águas da carreira de Sina.

Joel descansou os cliques e aproximou-se da jovem que ainda lhe sorria maliciosamente.

- Passou pela minha cabeça que terei de lhe agradecer por isso. Alguma preferência?

- Hmm, faça o que quiser comigo.

- Boa escolha. - Piscou para o fotógrafo e lhe deu as costas.

- Onde vai?

- Trocar de roupa, já fizemos muitas fotos com essa.

- Perfeito. - Concordou enquanto Sina já se trancava no banheiro do estúdio - Você poderia trocar de roupa aqui, sabia? Não me incomodaria. - O francês gritou próximo a porta e recebeu uma risada gostosa como resposta.

O banheiro do estúdio de Joel era pequeno, mas o suficiente para acomodar uma arara recheada de peças maravilhosas. Sina prendeu o cabelo em um coque alto e desfiado, logo após se despir. Agora encarava as roupas que tinha a sua disposição, um vestidinho branco lhe chamou atenção e estava prestes a vesti-lo quando ouviu Joel lhe gritar.

- Sina! A gente precisa sair agora! - A voz do francês estava apavorada.

- Estou terminando de me vestir, Joel . O que houve? - Tentou não entrar em pânico com o tom usado pelo homem.

- Eu não sei o que houve, mas há fumaça por toda parte aqui. - Imediatamente a jovem percebeu o cheiro forte invadir suas narinas. Correu para a porta forçando a fechadura e não obtendo sucesso. Era só o que lhe faltava!

- Joel ? - O chamou com a voz já embargada - A porta não abre.

- O que? Como assim Sina? Você precisa sair agora!

- Eu não consigo!

Joel forçou o corpo contra a madeira, mas a única coisa que conseguiu foi uma dor forte no braço.

- Sininho, eu vou procurar ajuda! Coloque as roupas da arara no vão da porta para que a fumaça não entre e fique o mais distante da porta que você puder. Entendeu?

- O que? Não! Joel , não sai daqui!

Do outro lado o fotógrafo deu um soco na porta antes de olhar para trás e ver as chamas começarem a engolir cada centímetro do seu pequeno estúdio.

- Eu preciso buscar ajuda. Faça o que eu disse, longe da porta.

- Não! Joel ! - Mas ele já não estava mais ali. E Sina involuntariamente deixou cair uma lágrima ao ouvir o som de objetos acertarem o chão, e a fumaça invadir ainda mais o local.

                                                                                    *****

- Ainda não acredito que você me fará encontrar aquele francesinho de meia tigela. - Noah reclamara pela décima vez nos últimos 5 minutos.

- É rápido, Noah . - Diarra perdera as contas de quantas vezes dissera isso para o brasileiro. - Só vou pegar o cachê do desfile com Joel .

- E por que tem que ser na casa dele? Esse cara não tem um escritório, sei lá? - Dobrara mais uma esquina adentrando o bairro que o francês morava segundo o GPS. Dirigia o carro de Diarra já que Sina fora persistente em não lhe ceder o automóvel que Natasha alugara. Agora mal se falavam. Trocaram poucas palavras, apenas o necessário desde o "incidente" no banheiro de Sabina Hidalgo.

- O studio de Joel fica num espaço na casa dele. E ele está numa sessão de fotos agora. - Explicou detalhadamente para que o rapaz não a enchesse de novos questionamentos. Noah era ótimo, mas quando o assunto era Joel se tornava insuportável. Não conseguia entender a implicância que tinha pelo francês.

- E ele não podia depositar esse dinheiro na sua conta?

- O depósito cairia em dois dias e precisava do dinheiro logo. Mais alguma pergunta? - Revirou os olhos impaciente.

- Eu não vou entrar. - Deu-se por vencido quando adentrara a rua em que o fotógrafo morava. - Ei, aquele não é o carro de Sina? - Questionou tentando esconder a irritação ao vê-lo ali. Onde mais ela estaria se não nos braços do francês? Não fora para isso que ela o dispensara? Para ficar com...

- Joel ! - Diarra pulou do carro assim que Noah estacionara interrompendo seus pensamentos. O tom alarmado da modelo foi explicado quando o amigo de Heyoon focalizou um homem correndo na direção contrária da casa. O rosto do francês estava coberto por uma fuligem preta que fizera o coração de Noah se apertar.

- O que aconteceu?! - Perguntou assim que alcançara o homem que caíra de joelhos aos seus pés. A respiração ofegante e o cheiro de fumaça denunciavam que algo estava errado. Levantou os olhos para a casa a sua frente e não pôde acreditar no que vira. As janelas era tomadas por nuvens de fumaça negra que saía por todos os lados. Por um segundo sua respiração parara e sua audição tampara. Só podia ouvir o bombardear do coração que pulsava em suas veias um nome: Sina. - Onde ela está? ONDE ESTÁ SINA? - Sacudira Joel pelos ombros.

- L-Lá dentro, ficou presa no banheiro do estúdio. - Puxava o ar para que tentasse formular frases concretas. - Eu tentei tirá-la, mas a porta emperrou. Corri em busca de ajuda e... - Noah não esperara sequer Joel terminar o que dizia, girou os calcanhares correr em direção da casa do francês.

- Está louco, Noah ? Onde pensa que vai? - A ruiva gritara ao ver a casa cedendo ao fogo que tomava grandes proporções.

- Pegue seu carro e leve ele para o hospital.

- E você? - Rebateu.

- Eu vou salvar Sina. - Determinou e tudo que pode ouvir em resposta fora os gritos de Diarra quando ele investiu contra a porta da casa adentrando o mar de fogo.