Capítulo 8 - Sorriso é só disfarce

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"Te perder de vista assim é ruim demais

E é por isso que atravesso o teu futuro

E faço das lembranças um lugar seguro"

(Quem de nós dois – Ana Carolina)

As aulas pareceram se arrastar naquela segunda-feira, Regina sentia como se um peso estivesse em suas costas, não gostava de chatear as pessoas e havia decidido pedir desculpas mais uma vez à amiga na hora da saída, porém Sabrina foi embora correndo.

Se sentiu abandonada e, pela primeira vez desde o início daquela viagem, quis chorar de tristeza.

Precisava estar com alguém com quem pudesse conversar normalmente, sem pisar em ovos, alguém que a aconselhasse e com quem ela simplesmente gostasse de estar junto.

Entretanto ele não estava por perto e não estaria ainda por muitos anos.

Mesmo assim ao invés de seguir para casa, tomou um ônibus diferente, que a levou ao sobrado dos pais de Tiago. Exceto pela alteração na cor da pintura de algumas residências e pela existência de uma escola infantil, a rua parecia a mesma de sempre. Passou devagar em frente à casa que parecia vazia, apesar de ela saber que a mãe e as irmãs do futuro marido estavam em casa. Gostaria de tocar a campainha e se apresentar, abraçá-las, comer um pedaço de qualquer um dos doces que a futura sogra fazia tão habilmente...

Porém, quem é que atende uma jovem desconhecida na porta de casa e a convida a entrar? Talvez se as abordasse numa outra situação, se soubesse os lugares que frequentavam... Só que rotinas detalhadas de vinte anos atrás não são o tipo de coisa que se conversa com sogras e cunhadas.

Ela só queria uma foto, um cheiro, qualquer coisa que a lembrasse do futuro, pois começava a crer que estava até se esquecendo do rosto de Clarinha e teve medo do que poderia estar acontecendo.

Caminhou até o final da rua e voltou novamente. Nada. Então seguiu mais uma vez para o ponto de ônibus e dali para casa.

No trajeto ficou se recordando de uma noite específica...

No trajeto ficou se recordando de uma noite específica

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Era outubro de 2009.

Ingrid e Regina haviam se encontrado na saída da estação de metrô e de lá caminharam pela larga calçada:

— Está indo pro bar ou pra entrevista de emprego? — Ingrid, vestindo calças jeans e uma blusinha preta, sorria para a prima que estava com calças sociais cinza e uma camisa de listras finas azuis e brancas.

— Rá, rá, rá. É o meu jeito e você sabe.

— Olha lá, a Angélica já tá na porta do bar.

O último feitiço de Cassandra [Vencedor wattys 2021]Onde histórias criam vida. Descubra agora