QUENTE COMO O INFERNO •PJM & JJK•

'SOMEONE YOU LOVED'

Narradora:

Acredita que possa existir fantasmas, sombras, almas? Ou até, vida no além?

Pra Millenna isso era fantasia. Mal sabia que sua vida iria virar ao contrário depois daquela voz.

_Q-Quem está aí?

Santinha tremia, seu rosto nunca esteve tão pálido. No fundo, sabia quem era.

_Sou eu...

A voz era vinda como uma brisa, mas era doce som do Tinhosos. Era extremamente divertido assustar a morena trêmula.

_L-Lúcifer... É v-você?

A voz chorosa, assustada. Ela sentia toques nas suas costas. Como duas mãos quentinhas tocando aquela área descoberta.

_Quem mais poderia voltar do mundo dos mortos pra te ver? Sabes que hora são?

Ela nega com a cabeça, estremecendo ao ouvir as palavras aos sussurros em seu ouvido direito.

_São três e quarenta e sete da madrugada, Santinha. Sabe o que isso significa?
_N-Não.
_Que a três anos, estava me jogando da ponte. Por sua causa.

Agora as lágrimas caíam, não conseguia suportar aquela voz atordoante. Que profundamente lhe fazia falta.

_Para, Jimin. Por favor. Imploro.
_Implorar? Implorei pra que acreditasse em mim e obedecestes? Não. Agora estou morto. Cruel, não acha?

Lúcifer assumia sua antiga forma humana, segura as mãos de Santinha que nunca estiveram tão frias. As mãos quentinhas a esquentavam, formando um choque térmico à ambos.

_Morri por ti. Uma criança também morreu.
_Criança? Quem é ela? E o que tenho haver com sua morte?
_Seu filho. Seu filho morreu. Desapareceu do céu. Agora é apenas uma lembrança boa pra todos. Era a criança mais perfeita que o mundo já viu. A fez morrer. Pra se casar com um farsante. Mas saiba que estou vivo em seu coração, e por mais que morra, viverei eternamente lá dentro.
_Cale-se, Lúcifer.
_Prefiro te calar. É mais divertido.

Ele aproxima sua reencarnação do corpo gélido dela e logo sela aqueles lábios ardentes que nunca perderam o poder. Millenna não conseguia se mexer. Mas seus sistema nervoso nunca esteve tão ativo. Ela havia saboreado o fruto levemente amargo e vermelho do pecado e acabou condenando seu amado. Como Eva fez a Adão no início dos tempos. Aquela fruta era tão viciante quanto um whisky. Aquilo era um pecado que mal imaginava que a condenaria ao Lago Cocite se ainda houvesse Inferno. Traição. Realmente não era culpa dela. Só a mesma podia vê-lo. Como um segredo que só Santinha sabia a verdade, que seria chamada de louca se contasse a alguém.
Lúcifer aproveitava sua audácia para enlouquecê-la como vingança do que sofreu, e ao mesmo tempo, aquilo o alegrava. Trazia uma felicidade que não tinha a eternidades. Prazer.
Santinha finalmente consegue esboçar algo e empurra o Tinhoso de seu colo. Ao invés dele se irritar, gargalha. Gosta de ver esse constrangimento, essa sensação que o errado realmente era o certo.

_Entenda... Eu o amo, Lúcifer. A ele devo tudo, esqueça dessa loucura. Peço por favor. Mas esqueça-me.
_Sabias que sou vidente?

Ela apenas estremecia e tentava parecer intacta mentalmente.

_Ele vai te magoar.

Ele some aos poucos a deixando só, quando apenas sua voz é ouvida, Millenna caí de joelhos.

_Agora tenho um emprego interessante, nos veremos em breve.

Agora as lágrimas acumulam e o medo aumenta no peito daquela imaculada.

_Lúcifer, eu lhe amo! Por favor, acredite em mim!

Mas ainda o único som, é das ondas.

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Algum tempo depois:

Os olhos do Tinhoso eram cinzas quando depois de muito tempo, retornou. Santinha o fitou achando ser mais um sonho, mas percebeu que ele estava lá.

_Veio me torturar?
_Cumprir o emprego a que colocaram.
_O quê? Que emprego?
_Sou o espírito da morte.