Capitulo 13

872 54 16
                                    

                       IRMÃO

Ter muitos irmãos nunca me foi um grande sonho.De certo que eu gostaria de ter um ou dois irmãos.

  Mamãe não teve essa sorte.Ela me disse que gostaria de ter outros filhos,mas ela não pode.
Durante o periodo de gestação em que ela estava grávida de mim,surgiu complicações.A grávidez era de risco,o médico lhe disse que poderiamos morrer as duas durante o parto.Mas,pra piorar a situação,nos seus nove meses,assaltantes invadiram nossa casa,papai tentou negociar mas acabou se dando mal,um dos bandidos deu um tiro certeiro no seu coração e ele veio a óbto,minha mãe foi muito forte pra suportar isso sozinha, quan-do meu pai foi atingido ela tentou ajuda-lo,e acabou recebendo um tiro no peito direito.A vizinha,que acabou escutando o barulho,chamou a policía.Minha mãe foi levada as pressas pro hospital.Ela quase morreu nesse dia.Como seqüela desse dia e as complicações que surgiram,ela mesma decidiu que não se casaria.Não teria mais nenhum filho além de mim.Ela disse que gostaria,mas nenhum homem conseguiria substituir meu pai.

   Só que tinha uma parte da história,que minha mãe ainda não me contou,uma que aconteceu antes dela engravidar de mim.E que eu nunca imaginaria que tivesse acontecido.

                  .....OoO.....

Era um dia de quarta-feira,estava no meu quarto conversando com Gar pelo celular.Não deu pra conversar muito na escola.
--Pode ser.
Mandei a mensagem.Estavamos combinando de sair todos para o parque hoje a noite.

                     --Legal,vou avisar pro
                   resto da galera.

--Ok.
     
                          --A gente se vê hoje
                   as sete,eu passo pra te
                 buscar,minha mãe tá me chamando  pra almoçar,te vejo a noite.Tchal.

--Tchal.

Mandei de volta.
Toc-Toc
--Entra.
Minha mãe passou pela porta.
--Oi.
--Oi.
Respondi de volta.
--Tava falando com Garfield?.
Perguntou sentando na cama.
Me sentei de pernas cruzadas.
--Tava.A gente tava combinando de sair a noite com o pessoal.Posso ir?.
--Claro.
Disse meio distraída.
--Tá tudo bem mãe?.
Perguntei me sentando ao seu lado.
--Eu queria te contar uma coisa.
Disse com o rosto sério.
--O que é?.
--Rachel...você sabe que eu engravidei de você com dezenove anos né?.
Acenei com a cabeça.
--Eu vou te contar uma coisa,e quero que você me escute até o final,sem questionar.
Eu já tive outro filho antes de você.
--OQUÊ?.
Levantou a mão me interronpendo.
--Eu tinha quase dezoito anos.Eu era muito nova,você sabe que seu avô nunca aceitou meu namoro com seu pai.Um dia,eu descobri que estava grávida do seu pai,seu avô ficou com muita raiva,mas não fez nada,eu desconfiei de inicio mas resolvi acreditar que ele tinha aceitado,quando eu já estava com as dores de parto,meu pai me levou pra uma casa afastada da cidade,minha mãe fez o parto.-minha mãe dizia chorando-eles pegaram meu bêbe,e o levaram pra longe de mim,diziam que era pro meu bem,eu nunca mais o vi.
Colocou a mão no rosto chorando.
--Então eu fugi de casa com seu pai,e um ano depois engravidei de você.
A abracei.
Ela precisava desse conforto,por quê minha mãe teve que sofrer tanto?.
--Calma,shii.
Tentei acalma-la.
--Por quê não me contou isso antes?.
Perguntei quando ela se acalmou.
--Você era muito nova,talvez não entenderia.
Tentou sorri um pouco.
--A senhora buscou em algum orfanato,pesquisou os casais que adotaram filhos naquela época?.
Ou-
--Sim filha.Eu fiz de tudo,procurei em cada canto da cidade,só tinha um orfanato em que ele poderia estar,porém ele incendiou,as crianças que sobreviveram foram mandadas pro isterior.
--A senhora chegou a saber se era menino ou menina?.
Perguntei com os olhos marejados,como alguém podia fazer uma monstruosidade dessas?,tirar um filho da mãe.
--Era um menino.Eu nem tive a chance de colocar um nome.
Falou mais calma.Deixei que uma lágrima caisse.
--Não chora minha filha.
Disse limpando meu rosto.
--Como eles poderam fazer uma coisa dessas?.
Perguntei abraçada a ela.

   Agora eu entendia porque ela nunca me apresentou meus avós.

                 .....OoO.....

A noite já se aproximava,eu estava vestida com um short cintura alta branco,uma blusa preta soltinha e uma sapatilha bege.
O meu anímo tinha ido por água a baixo depois da conversa com minha mãe.Eu não consigo imaginar o quão dificil deve ter sido pra ela,se eu conseguir chegar a ser metade do que minha mãe é.Batalhar sozinha pra cuidar de mim,sem um marido,com a dor revente da perda de um filho.É dificíl.

   Estava na sala esperando o Gar,minha mãe estava na mesa olhando umas papeladas de onde ela trabalha.
Me encostei no batente da porta.Minha mãe perdeu sua juventude inteira pra cuidar de mim,as vezes eu me pergunto se valeu a pena.
--Oh!filha, eu não te vi,está aí a muito tempo?.
Perguntou tirando os olhos do papel.
--Não.
Me sentei na cadeira a sua frente.
--Posso te fazer uma pergunta?.
Falei olhando pra ela.
--Claro.
--A senhora já se arrependeu em algum momento de ter engravidado de mim?.
Perguntei olhando minhas mãos.

--Claro que não filha,de onde tirou essa ideia?.
--É que,a senhora tinha uma vida toda pela frente,podia,sei lá,aproveita-la melhor.
--Querida-pegou minhas mãos por cima da mesa-eu aproveitei minha vida melhor que ninguém ao seu lado.E isso eu não troco por nada.
Me olhou com carinho.
--Eu nunca agradeci a senhora por tudo que fez por mim,obrigada mãe.
Falei tentando transmitir o amor que sentia por ela.
--Eu te amo minha filha.
--Também amo você mãe.-apertei sua mão-nossa,acho que namorar o Gar tá me deixando emotiva.
--Haha.Ele te faz bem,dá pra perceber.
--Como?.
Arqueei uma sobrancelha.
--Mesmo que não perceba,você sempre sorri quando fala dele,ou então fica com o olhar perdido de quem tá apaixonado.Seus olhos adquiriram um brilho que eu só vi uma vez.
Minhas bochechas coraram com seu comentário.
--Quero que você seja muito feliz com ele filha.
--Eu sou mãe.
Disse a olhando nos olhos.Eu tenho uma sorte grando por tê-la como mãe.
--Deixa que eu atendo.
Falou quando a campainha tocou.Segui atrás dela.
--Boa noite senhora Roth.
Vi Garfield a cumprimentar na porta.
--Boa noite Garfield.E eu já disse,sem senhora Roth,pode me chamar de Angela.Vem, entra,minha filha está lá dentro.
Disse dando espaço pra ele entrar.
--Oi.
--Oi.
O cumprimentei de volta.
--Você tá linda.
--Você também não tá nada mal.
Falei analisando seu visual.Ele vestia uma calça jeans preta,uma camisa manga polo vermelho  e um vans branco.
Eu tenho um namorado tão gato.
Mordi o lábio inferior.
--Sua mãe ainda tá aqui,não faça essa cara como se eu fosse um pedaço de carne.
Sussurou para que só eu escutasse.Corei com sua fala.
--Vamos?.
Acenei com a cabeça.
--Até mais tarde mãe.
A cumprimentei.
--Até querida.Tomem cuidado.
Disse da porta.
--Vamos tomar.
Gar respondeu abrindo a porta do carro pra mim.

                     🇺🇸🇰🇷🇺🇸

DEIXE SEU COMENTÁRIO

It started with a betOnde histórias criam vida. Descubra agora