31 de outubro de 2001
Seul, Coreia do SulFinalmente tinha chegado a melhor dia do ano, o Halloween.
As crianças do meu bairro sempre se empolgavam e saiam pelas casas pedindo doces ou travessura, igual nos filmes que eu assistia na televisão. E esse ano não seria diferente. E, por isso eu não conseguia ficar quieto, pulava pela casa sem parar enquanto meus pais terminavam de ajustar minha fantasia.
— Jimin, pare de andar só de cuecas pela casa! — minha mãe exclamou balançando a cabeça negativamente contendo um sorriso, enquanto terminava de passar minha blusa amarela xadrez.
— Estou esperando minha fantasia, mamãe.
Soltei um grito agudo quando senti meu corpo pro alto, era meu pai quem tinha me pegado no colo e posto sob seus ombros. Ele vestia um chapéu de cowboy, ou melhor tentava vestir já que ele bem menor para sua cabeça.
Ah! Por falar nisso, esse ano no halloween eu seria o Xerife Woody, o cowboy mais legal de todos. Eu lembro que quando eu completei 4 aninhos e fui assistir Toy Story 2 no cinema com meus pais, e desde então eu sempre quis ser o Woody. E esse ano eu finalmente poderia realizar esse sonho e, o mais legal de tudo: eu ainda poderia andar sozinho pela vizinhança e chegar em casa às 21hrs.
Uau.
Eu esperei por esse momento desde que comecei a ir em festinhas de Halloween e também a andar pela vizinhança com meus pais, mas eu só podia fazer quando provasse ser responsável e crescidinho. Então, desde meu aniversário eu ajudo com as tarefas de casa mais vezes, faço todas minhas atividades da escola antes dos meus pais chegarem do trabalho e coloco minhas meias no cesto quando elas começam a ficar fedorentas.
E, agora que já sou um rapazinho — minha mãe mesmo quem disse — eu já posso andar pelas casas do nosso bairro e pegar os doces, contando que eu separe alguns de caramelo pro papai como combinado.
— Meu filho, venha aqui para começar a se arrumar — lembrou meu pai, me colocando de volta ao chão e segurando minhas pequenas mãos gorduchas junto das suas e indo até meu quarto.
Meu pai abriu meu guarda-roupas cheinho de adesivos coloridos, alguns eram de dinossauro e outros, meus favoritos, eram de gatinhos. De lá ele tirou minhas calças jeans azuis, meu cinto com uma fivela bem grande, meu par de botas de Cowboy e meu lencinho vermelho.
Papai me ajudou a vestir um por um, deixando só o lencinho para quando minha blusa e colete de vaquinha estivessem prontos.
— Cuidado pode ter uma cobra na sua bota — papai brincou, rindo enquanto me ajudava a calçar as botas.
Gargalhei tapando minha boca com minhas mãos cheinhas, entendendo a piada. Meu pai sabia de todas as falas de Toy Story assim como eu, depois de tantas vezes que ele assistiu comigo. Meu pai às vezes parecia ter a mesma idade que eu, sempre brincava e fazia palhaçadas junto comigo. Mesmo tendo seus 35 anos, ele era igual ao Peter Pan e nunca parecia querer crescer.
— Prontinho rapazes — Mamãe veio ao nosso alcance, me ajudando a vestir a blusa e o colete, e por fim pegando o chapéu que estava na cabeça do papai e colocando em mim. — Está o xerife mais lindo de todos.
Estufei o peito orgulhoso, correndo até o espelho do lado de minha caixinha de brinquedos para poder ver melhor minha roupa. Eu estava igualzinho ao Woody. Sorri, podendo ver minhas novas janelinhas formadas por ter perdido os dentinhos de leite recentemente, mas senti que tinha alguma coisa faltando.
Foi então que meu pai me entregou o distintivo em formato de estrelinha, o colocando em meu peito esquerdo. Passei meu perfume depois, seguindo até a varanda de casa com meus pais. Eles me deram mais alguns avisos e pedidos de cuidados enquanto ficariam ali fora me acompanhando com o olhar e conversando com outros pais que moravam por aqui. Dei um beijo na bochecha dos dois, pegando minha cesta em formato de abóbora e, finalmente, andando saltitante pelas ruas.
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Eclipse • jjk + pjm
FanfictionHá quem acredite que algumas pessoas assemelham-se ao Sol e à Lua, tendo a vida repleta de divergências e desencontros. O universo criou, portanto, o Eclipse para que a chama de esperança de um dia tê-los de volta aos seus braços nunca seja apagada...