not a novel, just my confused heart

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24 de fevereiro de 2013
Seul, Coreia do Sul

J J K

Domingo sempre foi um dos dias da semana mais odiados pela população no geral, talvez perdendo apenas para a segunda-feira. Eu sempre o odiei mais, não só pelo temor de ser constantemente lembrado a cada hora que chegava de que teria de acordar cedo para ir à escola mas também porque toda a aura que envolvia esse dia era ruim, nossa disposição parece reduzir e nosso sono aumentar.

Mas, pela primeira vez em toda minha vida eu desejei que o domingo chegasse logo.

Não me entendam mal. Eu amo Jimin, ele é o melhor amigo que qualquer pessoa poderia sonhar em ter. E nossas festas do pijama eram sempre incríveis, mas depois do que aconteceu com a gente na piscina eu não consegui mais o encarar nos olhos sem ficar constrangido.

A noite de sexta-feira depois que tomamos nossos banhos foi a pior. Eu rolei por todo aquele colchão e simplesmente não conseguia pregar os olhos porque sabia que Jimin estava também deitado a poucos metros de mim. Deitado e dormindo enquanto usava apenas sua calça moletom de pijama.

Minha garganta ficava seca e eu levantei várias vezes para ir beber água, cogitei até parar no cômodo ao lado da cozinha e dormir ali mesmo na sala.

E quando finalmente consegui dormir, eu acabei sonhando com Jimin.

Não foi nenhum daqueles sonhos esquisitos em que os ambientes e as pessoas envolvidas alteram várias vezes. Nem mesmo sonhos onde tentamos fugir e acabamos caindo de algum penhasco. Muito menos foi parecido com o estranho sonho que tive uma vez onde eu cheguei na escola usando meu pijama do patolino.

Na verdade se eu não soubesse que estava dormindo poderia facilmente confundir com um dia comum em minha vida. Estávamos andando por um parque cheio de árvores e pessoas fazendo piquenique, escolhemos nos sentar numa área mais afastada. Jimin vestia uma jardineira por cima de sua blusa de frio listrada e ele não poderia estar mais adorável. Suas bochechas estavam rosadas, assim como ficaram na piscina, se assemelhando com as mangas que comíamos.

Eu nunca gostei muito de manga, mas algo naquele sonho me fez sentir como se fosse a melhor fruta de todas. Eu a saboreei enquanto ainda olhava para Jimin admirando a paisagem. Ficamos ali no parque por horas e acabamos nos deitando sob a toalha enquanto contávamos as estrelas que tinham no céu.

As pessoas quando tinham esse tipo de sonho costumam ser mais românticos, com carícias e até mesmo coisas mais avançadas. E enquanto isso lá estava eu, Jeon Jungkook, sonhando com seu melhor amigo comendo mangas rosa e observando estrelas.

Algo em mim ainda desejava que fosse apenas uma admiração. Afinal, não há de errado em um homem achar outro bonito. Eu tinha plena certeza de que nada disso era incorreto mas no fundo eu sabia que se tratava de mais do que isso.

Sábado passou mais tranquilamente e por mais que eu quisesse sair correndo para casa ao lado e me trancar em meu quarto enquanto chorava pelas incertezas da minha vida, eu me mantive perto de Jimin e não esbocei diferença alguma do habitual enquanto tomávamos nossos chocolates quentes e nos entretínhamos com alguns jogos de tabuleiro.

Meus pais chegaram na manhã do dia seguinte e apesar de parecerem cansados agradeceram ao Tio Seo-Joon e resolveram passar o dia todo comigo. Comemos o café da manhã na cama deles, assim como eles faziam antigamente e eu, ainda pequeno, invadia o quarto e tentava subir na cama para comer um pouco também.

— Hum, que tal fazermos hoje o ''dia dos Jeon''? — sugeriu meu pai, entre algumas mordidas em sua torrada.

O dia dos Jeon era quase uma tradição entre mim e meus pais na qual ficávamos um dia inteiro fazendo alguma atividade diferenciada longe de qualquer interferência como celular, ligações e por aí vai. Todos os meses tentávamos fazer isso, mas eu entendia que as vezes o trabalho árduo dos dois prejudicava em manter esse ritmo.

Eclipse • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora