- O Prelúdio da Esperança

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Os humanos estavam a evoluir rapidamente e não eram os mesmos de séculos atrás, é claro, porém, parece que a ganância, inveja, crueldade e, sobretudo, a desunião eram inerentes àquela raça, ou, talvez, fosse bem próximo a isso. Verdadeiramente seres pequenos, que nunca aprendem com a história. Não obstante, possivelmente eles pudessem se unir em algum momento, afinal de contas, logo a Grande Calamidade viria, e eles seriam os menos preparados; é, no entanto, uma pena que os humanos esperem um fim de uma forma distinta, como um meteoro caindo sobre o planeta, ou o descontrole das máquinas.

Àquela altura, era surpreendente que tivessem desenvolvido armas de destruição em massa, o que na verdade ia muito além do que primeiramente se pensava em relação à evolução deles, decerto; mas, bem, nem isso seria o suficiente para parar o que estava por vir, não mesmo.

A uma cidade pequena e sob uma fraca chuva, logo no irromper da aurora, um estranho caminhava vagarosamente, parecia não ter pressa alguma para chegar em sua residência, talvez.

O céu estava sombrio, enquanto que, uma vez ou outra, raios riscavam lindamente as nuvens, trovões podiam ser ouvidos, pressagiando uma forte tempestade vinda do leste.

Na calçada, pessoas podiam ser vistas caminhando apressadamente ao trabalho, e, possivelmente, estivessem esperando que a fraca chuva se tornasse mais forte, e não estavam errados, ela realmente parecia ficar mais forte. Do outro lado da rua, uma família estava açodada em colocar as malas no carro quando, de súbito, um jovem garoto correu ao meio da rua, como se quisesse sentir melhor a chuva sobre a cabeça, mas sua mãe o advertiu, é claro, e ele, tristonho, retornou para próximo dela.

O estranho chegou ao que parecia ser sua casa, que era bem elegante, aliás, porém, não podia ser comparada a de pessoas de alta renda, mas, bom, isso podia simplesmente não significar nada a ele, pois sua casa detinha móveis muito confortáveis, e as coisas pareciam perfeitamente arrumadas quando ele entrou.

Uma escuridão se estendia pela casa; e tudo estava tão quieto, que nada, senão o som da chuva, podia ser notado por seus ouvidos. De sua bota negra, a qual parecia desproporcional ao tamanho de seu corpo, desceu água, o que sujou parte da entrada de sua casa, mas pareceu não se importar quanto a isso, poderia vir limpar depois.

De repente, logo após fechar a porta, foi tomado por uma sensação de que havia olhos fixados às suas costas, e estranhou, morava sozinho, afinal. Não obstante, sabia que algo assim poderia ocorrer, embora fosse ter ciência com antecedência.

Voltou sua atenção ao que havia atrás e ali, na sala de estar que dava para a sua esquerda, logo na penumbra, havia um sujeito, e este parecia estar à espera dele, mas seu rosto estava escondido nas sombras. Logo, surgiu da penumbra, com um ou dois passos à frente, ficando à luz de alguns feixes que atravessavam brechas nas janelas, de modo que agora seu rosto podia ser perfeitamente notado.

Era mais jovem que o claro anfitrião da casa, ao mesmo tempo em que, sob as sobrancelhas grossas, possuía olhos castanho-claros; e sua barba era espessa, enquanto seu cabelo ruivo estava em um bonito penteado entrelaçado. E quase tão baixo em estatura quanto àquele à sua frente. Trajava roupas feitas de couro, junto a um cinturão adornado por um material reluzente, e tudo aquilo não lhe dava uma impressão de que pertencia aos dias atuais, fazendo-o mais parecer um feroz guerreiro de outrora.

Deu mais um passo à frente e realizou uma profunda mesura, com a mão sobre o peito, e logo falou:

- É grande a felicidade de ver a ti uma vez mais, Sr. Dvallin - disse o homem, e sua voz soou respeitosa.

O Guerreiro do Amanhã: Jornada nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora