Mudanças

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Elara

Depois da minha conversa com Barrow, volto para o conforto de meus aposentos. A menina elétrica vê sua família e em troca eu perpetuo o sangue Merandus. Força e poder, sempre. Fico a pensar qual o poder que predominará em meu neto, a "chama ardente" de Maven ou seja lá o que for o poder de Mare. Tenho um fio de esperança que ele nasça um murmurador, mesmo sendo biologicamente impossível. Mas ultimamente nossos conceitos de possível e impossível estão sendo questionados.

Vou em direção ao meu banheiro, passando em frente do luxuoso espelho que se inicia no rodapé em frente a minha cama e termina no teto. Paro para me olhar por um segundo. Minha pele pálida, branca como neve, rosto fino, as maçãs do rosto delicadas como os de uma fada. Meus marcantes olhos azuis que colocam medo em muita gente e eu me orgulho disso. Longos cílios e cabelos sedosos e cheios de brilho em um lindo tom de loiro. Um anjo, disse um terrorista vermelho que torturei a fim de tirar alguma informação da sua boca suja.

Mas há algo de diferente em mim, algo que não consigo identificar o que seja. Meus quadris parecem mais largos, os braços e seios mais cheios e há um leve inchaço na minha barriga. Logo terei que visitar um curandeiro para tratar isso. Eu não menstruo desde que virei rainha. Não tenho tempo para essas coisas, por isso sempre visito os curandeiros para modificar meu ciclo. Mas ainda assim tem algo de diferente hoje, me lembro de ter ficado assim apenas quando estava grávida de Maven. Grávida de Maven. Meus olhos quase saem das órbitas quando entendo pelo o que estou passando.

Leves batidas na porta me tiram dos meus devaneios. Ainda em choque vou até ela, faço uma pausa antes de abri-la para me recompor. Quando sinto que estou um pouco melhor a abro.

- Mãe, mandou me chamar?

- Maven, querido, entre. - tento ficar calma, não pensar no assunto.

- Está tudo bem mãe? Está um pouco pálida. - ele para e ri de sua piada. - Mais pálida, quero dizer.

- Estou ótima, não se preocupe. Gostaria de conversar algo sério com você. - faço uma pausa esperando que ela reaja àquilo mas ele só espera. - Conversei com Mare Barrow hoje. Ela, assim como imaginei, fará de tudo para se manter viva neste castelo. Com o plano de Cal de transformá-la em arma, pensei em protege-la.

- Proteger? Por que faria isso? E como faria isso - ele parecia confuso.

- A única forma de proteger Mare é se casando com ela. Meu filho sei o quanto gosta dela e não suportaria te ver triste se algo acontecesse a ela. - é uma proposta irrecusável.

- Casar? O príncipe de Norta se casando com uma vermelha? - seus olhos parecem tão assustados, já consigo ver que vou ter um certo trabalho para eliminar esse medo.

- Filho é a melhor e única opção. Vai dar tudo certo. - puxo Maven para um abraço apertado. O beijo da cobra.

Maven todos nós temos que fazer sacrifícios algum dia. Pelo nosso reino, pela nossa sobrevivência. É só eu e você aqui, não podemos contar com seu pai nem com seu irmão. Eles não amam você lembra? Sempre será a sombra deles e essa é a única chance de você se destacar e ter o mínimo de voz na Casa. Portanto, você irá se casar com a menina elétrica e não irá questionar nada sobre isso. Você entendeu meu filho?

Sinto Maven concordar em meus ombros. Não gostava de manipular meu filho dessa forma mas é pelo poder. Tudo é pelo poder.

- E o que eu faço enquanto isso mãe? - sua voz está cansada. Todo esse poder esgota ele.

- Se aproxime dela, tente criar o mínimo laço com Mare, não precisa ama-la com suas forças mais profundas, apenas a suporte.

- E o casamento?

- Deixa que eu cuido disso.

Ele concorda e se retira do quarto. Volto para o espelho e me observo profundamente mais uma vez. Minhas cores!

MaVen -- Amor ou Poder? Onde histórias criam vida. Descubra agora