Maven
- Não é possível! - rosno, surpreso com a notícia. Um pequeno objeto voa em chamas pelo gabinete de paredes altas e decoradas nas cores dos Calore. Janelas grandes emolduradas com prata e pequenos diamantes e cortinas vermelhas, paredes em um dourado vivo, provavelmente com ouro misturado a fórmula da tinta. O piso com frias pedras pretas completam as cores da minha Casa.
- Maven, mantenha a calma, você exaltado dessa forma não muda nada. - argumenta minha mãe, calmamente.
- Por ele ou por ela? - pergunto, sabendo que minha mãe entenderia do que eu me refiro.
- Por Cal, é sempre bom saber o que se passa na mente do herdeiro do trono.
A imagem de Cal e Mare se beijando agora estava gravada na minha mente, uma cicatriz profunda e dolorida. Elara sempre dizia que a dor e o medo são sentimentos possíveis de moldar, transformá-los em algo maior, mais poderoso, geralmente em ódio e foi isso que se tornou dentro de mim. Se Cal quisesse mesmo lutar por Mare, assim o faria.
Saio do gabinete em direção ao quarto do meu irmão, pisando fundo enquanto andava, ignorando as referências que ganhava dos guardas. Não me importava com tudo aquilo, só queria encontrar Cal. Maldito, sempre fica com tudo o que é meu e não vai levar Mare, não sem lutar por isso.
Virando o corredor, ando até o final e bato na porta. Espero por alguns segundos mas não recebo nenhuma resposta, então entro no quarto e o encontro quase nu, saindo do seu banho. Ele me encara com surpresa e segura a toalha que está enrolada em sua cintura mais forte.
- Maven, o que está fazendo aqui?
- Beijou Mare irmão? - tento manter a expressão calma.
- Do que está falando Maven? - ele parece nervoso com a pergunta.
- Beijou ou não, Cal?
- Lógico que não meu irmão, da onde tirou isso? Eu e Mare somos apenas colegas de treinamento. - como pode ser tão cínico?
- Então por qual razão minha mãe foi até meu gabinete hoje e me contou isso? - sinto o ácido queimando pela minha língua.
Ele me encara, sem saber o que dizer, mas já percebendo que perdeu. Cal pode ter todos os defeitos que for, mas foi criado para reconhecer quando uma batalha é ganha ou não e essa com certeza não é uma vitória. Com um suspiro ele caminha até a porta, da uma espiada no corredor e a fecha depressa. Vai até a sua cama com passos calculados, sempre respirando fundo.
- Maven, olha, eu fui conversar com Mare e acabamos nos beijando mas não foi nada demais, não significou nada para mim. - ele me olha calmamente.
- Não significou nada? Tem certeza? Cal não minta para mim, todos nós aqui sabemos que você não sente nada por Evangeline, mas Mare é diferente. - controlo a vontade de queima-lo vivo ali mesmo. - O que você sente por ela?
- Não sinto nada Maven e você deveria me agradecer por beija-la. Não é só você que tem planos Maven. - vejo um sorriso brincar nos cantos de sua boca.
- O que quer dizer com isso?
- Pense meu irmão, pense. Mare possui um poder que nenhum de nós nunca viu, um poder que pode ser moldado e ensinado, como todos nós. - ele faz uma pausa para ver se estou acompanhando sua linha de raciocínio.
- Assim, poderíamos ter Mare em nossas mãos, usá-la como uma arma na guerra. Lakeland nunca imaginaria que teríamos um poder tão destrutivo como esse. - concluo seu pensamento. Os olhos de Cal brilham.
- Bingo. - a linha perfeita de dentes brancos formam um sorriso enorme que Cal estampa em seu rosto.
- Mas por que então minha mãe não disse nada? - estou confuso agora.
- Maven, sua mãe tentou, mais uma vez, colocar você contra mim e teria acontecido se eu não tivesse explicado meu plano. Seu ciúmes te deixaria cego e ela ia usar isso como ferramenta.
Fico em silêncio imaginando se minha mãe seria capaz daquilo. Me lembrei de muitas outras coisas que minha mãe já fez, inclusive comigo, e cheguei a conclusão de que sim, ela é capaz. É capaz de qualquer coisa para garantir sua coroa, seu nome, seu prestígio.
- E qual o restante do plano? - pergunto, curioso.
- Aguarde e verá. - ele levanta da cama e vem até mim. Endireita a coluna e me olha nos olhos, o sorriso de orelha a orelha. - Só quero deixar bem claro que Mare não passa de uma arma, algo útil a ser usado em uma guerra, não no amor. Agora vocês dois sabem, é tudo um plano, confiem em mim e teremos a arma mais destrutiva que esse reino já viu.
Assinto e vou até a porta, pensando em tudo que Cal disse. Não passa de uma arma.
- Maven. - chama Cal.
Olho para trás para ver o que ele deseja.
- Não se apaixone por um instrumento, ela pode não estar mais aqui depois do treinamento.
Viro as costas e deixo meu irmão para trás.
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MaVen -- Amor ou Poder?
FanfictionNessa história vamos conhecer diferentes lados dos personagens que já estamos acostumados. Vamos ver as consequências de diversos conflitos, as mudanças e evoluções dos personagens, ação, romance e principalmente a real personalidade dos envolvidos...