Capítulo • 30

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C    H   A   S   E


Meu peito suava por debaixo da regata branca enquanto eu continuava parado ali em frente ao ringue, um pouco escondido. Dava pequenos pulos de um lado para o outro e pendia a cabeça para cada lado do ombro, na intenção de aquecer meu corpo. Com a raiva que eu me encontrava era capaz de derrubar qualquer um a minha frente.

A porra da minha ansiedade estava a mil e meu coração quase pulava pela minha boca.
Meu vulgo era gritado como de um rei "O Matador! O Matador!"
Quando ouço Doug falar meu nome no microfone, corro para o tatame.

Meu adversário tinha o mesmo porte físico que o meu, alto, braços largos e forte.
Eu só queria terminar aquilo o mais rápido possível para chegar em casa e me acabar em uma garrafa de Whisky.

Depois de ficar movendo meu corpo de um lado para o outro por alguns minutos eu acerto o primeiro soco em seu peito, o que fez com que meu adversário revidasse, e também acertasse. Minha mente parecia estar concentrada em qualquer outra coisa, menos na porra da luta. O golpeei pela segunda vez, em uma das laterais do seu braço. E da mesma forma ele revidou, acertando bem no meio do meu rosto. Senti o ardor e vi um líquido vermelho pingar no meu tênis. Em poucos minutos de luta e o cara já havia me feito sangrar, aquilo nunca tinha me acontecido – pelo menos não naquela quantidade de sangue. Ao passar do tempo, o cara foi acertando basicamente todos os socos em mim, enquanto que os meus pareciam não fazerem ele sentir o mínimo de dor. E a cada golpe eu me enxergava cada vez mais desestabilizado.

Até que depois de mais algumas tentativas, eu consegui fazê-lo sangrar pela primeira vez, com um murro no nariz. Porém, o cara não me pareceu muito feliz – obviamente. Aproveitando o momento em que eu sorria, desprevenido, ele me atinge no olho esquerdo ocasionando minha queda no chão do tatame. Meu ouvido zumbiu e minha cabeça doeu. Quando tentei abrir meus olhos e levantar, vi tudo girando, e o outro lutador cair por cima de mim dando socos em qualquer parte do meu corpo. Naquele instante pareceu não restar absolutamente mais força nenhuma em mim.

Quando brecho pelos olhos vejo outro homem tirá-lo de cima de mim e empurra-lo para longe.

Quando acordei já estava no camarim, com Sebastian e Doug olhando-me apreensivos de pé na minha frente.

— Graças a Deus — falou Doug.

— Pode ir agora Rosalie, obrigado pela ajuda — disse Sebastian.

Rosalie, nossa Ring Girl pôs minha mão em cima do Red Bull gelado que estava posicionado no meu olho esquerdo, deu-me um sorriso e se levantou para a saída do camarim.

— Que merda aconteceu contigo hoje hein? — perguntou Sebastian.

Nem mesmo eu sabia o que tinha me acontecido, somente sabia que minhas forças haviam sido evaporadas de uma hora para outra.

— Não sei — hesitei — Parece que não consegui me concentrar muito bem nos golpes — gemi de dor.

— O cara nem era tão grande assim, já vi você derrotar piores Chase. Se eu não tivesse entrado no meio de vocês, nem sei o que poderia ter te acontecido.

— Valeu por isso.

— Sua primeira luta perdida, como se sente? — riu.

— Quebrado.

— Agora você desfez aquela fama do cara invencível — Sebastian passou os dedos pelo seu cabelo, respirando de uma forma nervosa. — Acho que você anda precisando passar um tempo descansando em casa.

— Não posso, preciso da grana — pressionei aquela lata de Red Bull mais forte no olho.

— Você não tem que se matar por dinheiro, é sua saúde em jogo — ele se aproximou — Eu te vi totalmente aéreo hoje desde o momento que você chegou, não sei o que anda acontecendo na sua vida pessoal mas, resolva antes de voltar.

NOCIVOOnde histórias criam vida. Descubra agora