Capítulo • 24

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Ponho os fones de ouvido no máximo antes de adentrar os corredores da faculdade.

Eu havia faltado por dois dias seguidos depois do acontecido no estacionamento com Samuel. E com toda certeza não estava nem um pouco pronta para estar aqui agora.

Ignorei as diversas mensagens e ligações feitas por Chase. E menti sobre o motivo do meu sumiço a Cora e Elijah – inventando estar com uma gripe alérgica que tinha me pegado de jeito.

Parada em frente a meu armário, enxergo Brooke conversar com mais duas meninas não muito distante. Seria impossível não nota-la, seus cabelos louros tinham um maravilhoso cheiro de girassóis no campo. Brilhantes e bem penteados.

Em casa, eu tinha pensado bem se contaria sobre o que houve comigo para mais alguém. Cora seria minha primeira opção, é claro.
Contudo, não me senti confortável com a ideia de partilhar isso com ela. Pelo menos não agora.
Eu não estava pronta.

E foi daí que me veio uma pessoa em mente: Brooke, a ex-namorada de Chase. Aquela que me odiava pelo simples fato de eu ter dormido com o pai do filho que ela havia perdido – passando pelo mesmo que eu, e coincidentemente, com o mesmo cara.
Brooke sim, poderia me ajudar. De alguma forma, me falando o jeito mais fácil de superar aquilo de uma maneira rápida. E talvez, isso pudesse servir até mesmo para mostrá-la que ela não estava só.
Nesses momentos o melhor que tem a se fazer é procurar alguém que te entenda bem, e ela era esse alguém neste exato momento.

Espero as suas amigas saírem para que assim, eu possa me aproximar dela.

— Brooke? — eu a chamei.

Ela então vira-se para me olhar.

Seus olhos verdes continham um misto de dúvida e desprezo quando notou que se tratava de mim.

Mas eu continuo firme com a minha ideia, sem correr.

— Acho que agora posso dizer que temos algo em comum — eu ri, mas foi totalmente sem graça. — É triste, por assim dizer.

— Eu? Igual a você? — Brooke gargalha.

— Eu sei sobre o bebê que você perdeu...

Antes que eu pudesse continuar, a garota me deu um puxão pelo braço levando-me para o canto da parede.

Um tanto irritada, ela diz perto do meu ouvido:
— Como você sabe disso?

— Chase me contou — a respondi.

— Aquele desgraçado... — Brooke chegou a apertar ainda mais o meu braço.

Ótimo, agora eu ficaria com uma marca roxa bem ali.

— Não se preocupe, eu não contei a mais ninguém e nem pretendia.

— E qual o motivo dessa conversa, então? — disse impaciente.

— Se você soltar meu braço, posso começar — Brooke engoliu seco, mas concordou, soltando-me. E assim, eu pude começar a relatar; — Passei pela mesma coisa que você Brooke. A dois dias atrás. O mesmo cara que fez aquilo com você tentou... abusar de mim.

Meus olhos chegaram a ficar marejados só de tocar naquele assunto.

Brooke encarou-me por alguns minutos, parecia não ter mais o que dizer. Ela começou gaguejando algumas sílabas antes de conseguir formar uma frase.

— Eu... sinto muito. Mas você não deveria estar me contando isso, porque não posso fazer absolutamente nada por você.

Como é?

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